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24.01.2017

Postado por Caroline Araujo

O futebol além das quatro linhas – Palmeiras e Chapecoense realizam amistoso

Palmeiras x Chapecoense. No dia 27 de novembro de 2016 as duas equipes se encontraram no Allianz Parque, em São Paulo. Naquela tarde de domingo, o alviverde paulista derrotou o Verdão do Oeste e se consagrou Campeão Brasileiro de 2016, em uma festa que era aguardada há 22 anos. Ainda lembro que os jogadores de Chapecó saíram do gramado tímidos, apreciando a festa daqueles que acabaram de lhe tirar a vitória da rodada, mas não tristes, pois, na mente de cada um, uma festa verde se repetiria em instantes… e dessa vez Chapecoense, que disputaria dentro de três dias o título da Sul Americana, na Colômbia. Caio Júnior, o técnico da Chape, relatou em entrevista que se sentiu um pouco campeão ao ver a festa palmeirense e que aquele jogo serviu de incentivo para o título que se aproximava! Porém, o título não chegou como todos gostariam. O sonho do time catarinense de decolar pelo continente caiu, junto com o avião que transportava a delegação da Chapecoense e jornalistas, na Colômbia, matando 71 pessoas.

Nelson Almeida/AFP

Nelson Almeida/AFP

21 de janeiro de 2017, Arena Condá. Em campo, novamente, Palmeiras e Chapecoense. O jogo agora marcava o retorno do Verdão do Oeste aos gramados. Um retorno difícil, dolorido, emocionante e que marcava o fim de uma dura trajetória para reconstruir o time e voltar ao futebol. Em campo, mas não como titulares, estavam Neto, Alan Ruschel e Follmann, os únicos jogadores da equipe que sobreviveram ao acidente quando embarcaram rumo à Sul Americana.

Estadão

Estadão

Talvez, pela primeira vez em um jogo de futebol, o ponto alto da partida foi antes da bola rolar. Neto, Alan Ruschel e Follmann, ainda em recuperação após ao acidente, entraram em campo representando as vítimas do acidente e receberam a premiação pelo tão sonhado título da Sul-Americana…. Em meio às lágrimas e com a força de todos aqueles jogadores que não voltaram ao Brasil, Follmann ergueu o troféu. Após familiares dos jogadores falecidos receberam medalhas pelo título, a bola rolou…. Rolou e novamente parou aos 26 minutos do segundo tempo, quando completaram 71 minutos de jogo. Era chegada a hora de realizar mais uma homenagem às 71 pessoas que perderam a vida no voo, o minuto 71! O sistema de som do estádio ecoou o cântico “Vamos, vamos, Chape!”, acompanhado pelas vozes de cada torcedor da arquibancada, dos jogadores e membros da comissão técnica. Nesse momento, o Futebol era bem mais que futebol… era solidariedade, saudade, reciprocidade e a certeza de que, muitas vezes, campeões não são os que ganham o jogo no placar.

Nelson Almeida

Nelson Almeida

E por falar em placar, naquele jogo, ele não importava, mas como quem queria mostrar que ali, vencedores eram cada um, desde o torcedor mais jovem até o indiozinho Condá, e o placar ficou empatado em 2×2. No primeiro tempo, Raphael Veiga foi o responsável por marcar o gol do Verdão e coube à Grolli empatar pela Chape e deixar tudo igual. O primeiro gol da Chapecoense após o acidente… o chute inicial para o recomeço! No segundo tempo Amaral marcou o segundo gol da Chapecoense e Vitinho empatou para o Palmeiras.

Futura Press

Futura Press

Vamos, vamos, Chape, há um caminho de glórias a ser trilhado! Obrigada, Palmeiras, por mostrar que o futebol vai além das quatro linhas… se a palavra campeão fosse representado por uma cor, naquele sábado, ela certamente seria verde.

Reuters

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