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26.02.2017

Postado por Raisa Rocha

“Estamos devendo”

Cruzeiro 0x2 Grêmio – Campeonato Gaúcho 2017

Em entrevista que durou uns 20 minutos Renato não se mostrou feliz. E não estamos, realmente. “Estamos devendo”, afirmou o treinador. Sem bom humor e sem querer mostrar o DVD, cravou que “é preciso gostar de fazer gol, de jogar futebol, durante todos os 90 minutos”.

Não fosse Grohe, disparado o melhor do primeiro tempo, não fosse o talento de Miller Bolaños, não fosse a expulsão de Lucão no início do segundo tempo, certamente o carnaval gremista seria de dores de cabeça. E não só pela quantidade de álcool no sangue…

Há algo de errado na contenção do meio de campo, algo maior que a ausência de Walace (que é uma baita complicação) somada hoje a de Maicon, suspenso. Além do desentrosamento, o time do Grêmio não valoriza mais a posse de bola, portanto, o controle do jogo. E essa nova mania de acelerar o último toque, o que determina inúmeros passes errados, desculpe-me Renato, mas isso é coisa de treinamento.

As linhas e a compactação se desfizeram e está cada um por si. A cada jogo se repete uma zaga aberta que toma bola nas costas a todo momento, sempre com o marcador atrasado no um contra um. Se Geromel e Kannemann sentiram o peso de uma dupla de volantes sem liga, os laterais colaboraram ainda menos. Marcelo Oliveira deixou o buraco de sempre e apoiou com a mesma ineficiência conhecida. Do outro lado, Léo Moura fez sua primeira má partida com a camisa tricolor e não marcou ninguém, errou no apoio e foi o responsável direto do pênalti assinalado, que não existiu.

Ah, Odorico Roman deu entrevista vexatória. Chorou pelo pênalti e largou um tal de “a banca paga e recebe, mas com o Grêmio não”, esquecendo que na última partida fizemos gol com a mão. Assim é a vida Odorico, assim é o futebol. Mas não, o dirigente preferiu ser a vítima, cegar a torcida e criar atritos desnecessários. Ainda teve tempo para afirmar que se encaminham duas contratações para a próxima semana, que seja! Mas alô, Romildo, o que precisamos é de um diretor de futebol de verdade, não de uma indicação com língua afiada.

Grohe, repito, foi um dos caras do jogo. Apesar de sinalizar problemas na organização da equipe, fico feliz quando isso acontece já que sempre há cornetas pro muralha e hoje ele mostrou sua qualidade mais uma vez. É na pequena área que Grohe é gigante, no mano a mano, no bote e no posicionamento. Na área do perigo, a do pênalti, ele manda.

Me indigna ver o Grêmio trabalhando as jogadas em prol de um cruzamento pra área. Porra! Quantas bolas cruzadas para na-da! O jogo no chão acabou, é isso? De bom até o momento, algo que veio com Renato já no ano passado, os chutes de fora da área. A maioria deles muito ruins, mas tem um homem que acerta…

…chega de lágrimas! Se algo está dando certo este ano, este algo é MILLER, THE KILLER, BOLAÑOS. A cada jogo melhor, mais ligado, mais ativo, mais à vontade, mais confiante. O equatoriano destruiu, comandou novamente. Ele não é Douglas, mas tem raciocínio rápido e sabe encontrar um companheiro em campo, acelerar o lance, encontrar espaços. Não é o último homem, é aquele entre as linhas que transita pra buscar o jogo, ajuda na criação e também entra em velocidade em condições de definir. E como chuta a gol esse rapaz!

Mateus Bruxel/Ag. RBS

Mateus Bruxel/Ag. RBS

Com um a mais o segundo tempo inteiro o Grêmio finalmente dominou. Tocou a bola, tentou e perdeu gols como sempre. O Cruzeiro seguia batendo, como fez por toda a tarde. Numa dessas, aliás, o Michel saiu de campo direto pro gelo. Cadê a benzedeira?

Ah, nem Michel, nem Arthur, nem Jaílson merecem destaque.

Enfim… se o coletivo padece, as individualidades têm sido o diferencial do Grêmio neste início de ano. Lincoln fez o melhor jogo de sua vida e parece que começamos a clarear aonde o guri pode jogar mais. Saiu a ideia de que deve ser um Douglinhas e botaram ele pra se mexer. Fez função semelhante à de Luan carregando a bola, esperando o time se posicionar com ela no pé enquanto abre o jogo e se aproxima dos ponteiros e laterais. Ainda pifou Ramiro, o Ramito, pra meter mais um golaço.

Uma pergunta: Porque ninguém se atreve a chamar o Ramiro de atacante?

Seguindo…

A coisa não tá boa. A sorte adversa que superlota o departamento médico é um fator relevante, mas dentro de campo não vejo indícios das semanas cheias de treinamentos. Outra se aproxima, jogo agora só sábado. Quer dizer, quarta tem Primeira Liga, mas com time reserva. Geralmente eu discordo dessas decisões, porém, no atual momento é realmente melhor proteger os titulares.

Agora tudo é GREnal. Luan deve voltar. Barrios talvez estreie (dependemos da agilidade da Federação na liberação do jogador). Que Miller acabe com eles!

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

 

Fotos de Lucas Uebel/Gêmio FBPA

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