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22.03.2017

Postado por Ana Clara Costa Amaral

Dentre os reservas, és o melhor

Joinville 0x0 Cruzeiro – Copa da Primeira Liga

PRIMEIRA LIGA

Geraldo Bubniak/Cruzeiro

Geraldo Bubniak/Cruzeiro

No jogo entre reservas e sub-20 nesta segunda-feira, apenas os mais fortes sobreviveram. Principalmente em frente à TV. Nem o técnico titular se dignou a comparecer. Para destrinchar os fatos e circunstâncias do mundo da bola que resultam no desprestígio da partida para o mundo dos simpatizantes, teríamos primeiro que discutir, afinal, qual o propósito da Copa da Primeira Liga e confrontá-lo com os rumos que a liga vem tomando na prática.

Uma cuidadosa crítica ao certame é necessária e virá no momento oportuno, hoje, digo apenas que se o Brasileiro premia o melhor elenco e a Copa do Brasil o time mais cascudo, a Primeira Liga coroará o melhor time reserva. Tratemos daquilo que interessa à brava cruzeirense, a quem basta uma camisa azul estrelada em campo para assistir Fabrício jogar 90 minutos.

UNIFORME

Será que a boa vontade com o torneio afetou até os roupeiros do Cruzeiro? Já profanaram o manto sagrado com essa camisa 3, que parece um pijama, ainda me trocam o calção pelo do uniforme 1, compondo um look very exclusive para o jogo.

Geraldo Bubniak/Cruzeiro

Geraldo Bubniak/Cruzeiro

ATUAÇÕES

Mano confirmou as expectativas e escalou um Cruzeiro reserva com Lucas França; Mayke, Dedé, Murilo, Fabrício; Lucas Romero, Hudson, Lucas Silva, Rafinha, Elber e Raniel.

Às cruzeirenses apaixonadas interessou, e muito, ver o retorno de Dedé, após mais de um ano em recuperação. Que cruzeirense não vive um caso de amor e ódio com o Mito, que já não fez alguma piadinha sobre o diploma em medicina tão merecidamente conquistado, mas que secretamente sabe que 2016 poderia ter sido outro com sua presença em campo?

Geraldo Bubniak/Cruzeiro

Geraldo Bubniak/Cruzeiro

Seguro, subindo a cada escanteio, louco pra fazer um gol na ‘estreia’ e chorão, Dedé correspondeu a todas as expectativas e é muito bom vê-lo em campo. Vida útil e longa ao Mito! Seu parceiro de zaga, o estreante Murilo Cerqueira, prata da casa, também fez a alegria do torcedor guerreiro. Não foi exatamente um bom teste para o posicionamento e recuperação do menino – o Joinville deu um chute a gol que mereça menção, mas deu pra ver qualidade no toque de bola, tranquilidade na saída e um estilo de jogo elegante. Para mim, um dos destaques do jogo.

Outro menino da base que começou jogando, Raniel, fez boa partida. Ele perdeu várias chances claras, mas quem fez apenas sua primeira partida, é muito jovem ainda e se apresentou a todo momento, sempre trazendo perigo ao gol adversário, foi ele. Mostrou habilidade e objetividade, apesar da pouca eficiência.

Rafinha vai aos poucos recuperando o bom futebol dos tempos de Coritiba para se firmar como alternativa segura à Arrascaeta. Marcos Vinícius, que entrou no segundo tempo, em algumas arrancadas nos lembrava os idos de outubro de 2015 quando, sob o comando do mesmo Mano Menezes, foi determinante para a guinada no Brasileiro. Realmente não estamos mal quando o assunto é meia-atacante.

Mas a noite também foi de desilusões. Se ainda nos perguntávamos o porquê de Mayke ficar no banco, o Joinville veio nos iluminar. Se é para se omitir e não avançar até a linha de fundo contra um time totalmente retrancado, o técnico tem razão em escalar Ezequiel, que ao menos é bom marcador e tem vigor.

Fabrício e Elber seguem cavando sua caveira. A de Fabrício sem maiores comoções, já era mesmo refugo do Palmeiras e era esperada a sua falta de compromisso com o jogo, característica de longa data. Mas é triste ver Élber seguir o roteiro de eterna promessa. Já rodou no Coritiba, no Sport, completou 100 jogos pelo Cruzeiro, sem nunca ter realmente convencido. O quase estreante Raniel, supostamente um centroavante nada badalado, apareceu mais e foi melhor.

Washington Alves/Light Press

Washington Alves/Light Press

Por fim, Lucas Silva vai ter que comer muito feijão se quiser brigar pela titularidade. Que ele joga muuuito a gente sabe. Mas além da falta de ritmo, a humildade mandou lembranças. Alguém precisa avisar que joga muito, passa muito bem… para um volante. Não vai marcar gol do meio de campo, não vai desarmar o adversário só pela digníssima presença, nem dar assistência a gol apenas pela ousadia do passe – ele tem que ser conveniente e bem executado também. Com essa cara de quem comeu tutu e não gostou, não me surpreenderá se os regulares Hudson ou Lucas Romero herdarem a vaga deixada por Henrique. Seria uma pena!

Em um jogo em que tudo era possível, diante das facilidades, o que deixou de ser feito deve ser levado a sério. As finalizações são um problema que já aparecem no time titular. Por outro lado, temos a esperança da revelação de um bom zagueiro, o retorno de um cara que faz a diferença e a descoberta de que temos atacante além do horizonte do eterno revezamento Sóbis-Ábila.

O Cruzeiro está classificado para as quartas-de-finais, previstas para agosto. Avança na condição de líder do Grupo C, cujas equipes utilizaram times reservas ou juniores em 5 das 6 partidas.

 

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