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08.05.2017

Postado por Ana Clara Costa Amaral

A final que a galera (não) gosta – parte 2

Atlético Mineiro 2×1 Cruzeiro – Final do Campeonato Mineiro 2017

E quem pode gostar de uma final que se perde?

Mas era o jogo que queríamos, o clássico decidindo o estadual depois de dois anos. Com um time bem treinado e promissor pela primeira vez depois do bi nacional 2013/2014. Razão há pra estar contente, mas no fim das contas otimismo é pra quem pode – haters gonna hate hate hate…já dizia a poeta.

Vamos aos fatos.

O primeiro tempo foi o pior momento dos 180 minutos de final. Apesar dos 70% de posse de bola, não é injusto dizer que o time foi amassado pelo Atlético. Assim como no primeiro tempo no Mineirão só deu Cruzeiro, o Atlético foi soberano e não sofreu. E, tem aquele “detalhe”, fez um gol.

Em uma de muitas cochiladas, Thiago Neves perdeu a bola pra Leonardo Silva. Hudson, amarelado aos 3 minutos de jogo, teve que deixar de fazer a falta providencial em Robinho, que arrancava em direção ao gol. A mão nas costas do jogador chegou a coçar, mas o volante se conteve… E como custou caro aquele cartão bobo. Robinho abriu para Fred na direita, que voltou para Robinho finalizar a gol. Tabela previsível, de passes longos, com a infiltração do ex-velocista… contou em grande medida com a inocência da defesa, que estava em maior número desde o começo da jogada.

Washington Alves

Washington Alves

Com um Thiago Neves fora de sintonia e volantes sem força ofensiva, o Cruzeiro ficava previsível, inofensivo frente a uma equipe que se defendia com 11 jogadores e sabia o que fazer com a bola nos raros momentos em que a detinha. A tal síndrome da área vazia atacou de novo, mas dessa vez tampouco o cruzamento era decente, com Mayke e Diogo Barbosa sequer chegando à linha de fundo.

As bolas paradas foram um show de horror à parte. Esse talvez tenha sido o ponto mais crítico da atuação como um todo. A aplicação tática imposta pelo Atlético, o fato de jogar em desvantagem, tudo isso justifica várias dificuldades, mas o fato de termos batido bem apenas um escanteio durante os 90 minutos é preocupante. Cruzamentos indo direto a linha de fundo ou recuando graciosamente a bola ao goleiro adversário eram uma constante.

Intervalo perdendo de 1 a 0 foi lucro.

O time voltou com Ábila no lugar de Hudson, que não estava bem. É triste dizer porque o cara é um dos melhores do elenco, tenho certeza de que será uma peça fundamental pra uma boa campanha no Brasileirão, mas os grandes também erram e ontem ele entregou a paçoca. Rafinha, Arrascaeta e Sóbis acordaram com a mexida, a referência na área melhorou a atuação de todos individualmente.

Logo aos 7’ Rafinha achou Ábila na área, que matou no peito, girou e mandou pras redes num belo voleio. Golaço! O Atlético sentiu o empate. Chutões e entregadas que até então não tinham aparecido nos jogos das finais começaram a dar as caras. O Cruzeiro passou a ser mais incisivo e os ventos pareciam começar a soprar pro nosso lado, mas quis o destino que as duas ótimas oportunidades de virar o jogo, nos 20 minutos mais felizes e esperançosos da partida, caíssem nos pés do jogador menos inspirado em campo.

Edésio Ferreira/EM/DA P

Edésio Ferreira/EM/DA P

Aos 12’, depois de passe de Arrascaeta, TN30 ficou livre pra cabecear. Mandou pra fora de peixinho. Aos 18’, em mais uma jogada de Rafinha, Ábila fez o pivô para Neves, de frente para o crime, isolar a bola. Chances muito claras, perdas injustificáveis. O Cruzeiro era superior quando tomou o segundo gol.

Em contra-ataque puxado por Cazares, que acabara de entrar, Elias recebeu como um ponta e entrou como quis na área, dominou, pensou na feijoada de domingo e chutou. O risco do contra-ataque é o preço que quem precisa do resultado paga, mas, novamente, não foi preciso muita categoria pra fazer o gol. Henrique não cobriu a subida de Diogo Barbosa, Caicedo hesitou no posicionamento, Sóbis perdeu uma bola boba (com falta não assinalada de Marcos Rocha no início da jogada), é bem verdade… mas é o risco que se assume.

Alisson entrou no lugar de Sóbis e foi muito bem, como costuma fazer em clássicos. Com arrancadas dignas dos velhos tempos em que se machucava e jogava mais, ele protagonizou nossos melhores momentos dali pra frente. Mas não foi suficiente para traduzir o esforço em jogadas efetivamente perigosas.

Em uma última tentativa, Mano colocou o bom Raniel, autor de golaço de fora da área contra a Chape, no lugar de Arrascaeta. Colocar nossa única alternativa ofensiva que restava no banco era o mínimo que se esperava do técnico, mas não dá pra entender como Thiago Neves terminou o jogo em campo. Fica a lição para o resto da temporada, Raniel deveria ter entrado junto com Alisson, substituindo Sóbis e TN30 de uma vez, ao invés do camisa 10.

Ninguém foi brilhante, mas não dá pra dizer que saímos preocupados da final do Mineiro 2017. Dói perder um tabu gostoso que já estava ficando a la Adilson Batista, mas não tem terra arrasada. Do outro lado tinha um dos melhores times do país e a julgar pelos jogos e circunstâncias das finais, não estamos devendo nada. Entramos mais desfalcados que eles e com uma desvantagem regulamentar sofrida por bobagem – jogando com o time inteiramente reserva enquanto o rival apenas mesclava, perdemos a liderança apesar da vitória no confronto direto na fase classificatória.

Washington Alves

Washington Alves

Não é querer tampar o sol com a peneira, falhamos defensivamente e demoramos a encontrar a efetividade que esperamos do nosso ataque, mas é bom lembrar a verdadeira distância entre a campanha campeã e a nossa, antes que os derrotistas de sempre venham dizer que o ano está perdido. Com o reforço de um atacante e a manutenção da comissão técnica, estamos preparados para um ano disputado só na prateleira de cima, graças ao elenco equilibrado que vem sendo montado desde metade do ano passado.

Não caia no conto do vigário, nas zuações segundinas ou no messianismo de Zezé Perrella: o Cruzeiro é um multicampeão do presente e do passado, não precisa de salvação, mas de seriedade e apoio da nação celeste!

 

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