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04.05.2017

Postado por Raisa Rocha

Grêmio, Grêmio, aonde estás?

Deportes Iquique 2×1 Grêmio – Copa Libertadores da América 2017

Muitas coisas antecederam essa partida no Chile, no deserto de Calama. Por primeiro, a oportunidade de o Grêmio carimbar presença nas oitavas de final. Depois, as apostas sobre qual seria a dupla de volantes. Alguns ainda acreditavam que Fernandinho poderia começar o jogo, eu não. De certezas, Ramiro e Barrios. O meia, pelo segundo jogo consecutivo estaria mais próximo do ataque pela direita. O centroavante, seria novamente titular após anotar quatro gols em dois jogos, dando sequência na construção deste novo ataque tricolor. E, por fim, olhares atentos em Luan, que precisa driblar as cobranças enquanto tenta se encaixar em nova função; não mais como falso 9 e ainda com as responsabilidades da armação.

Não me surpreendeu, mas também não concordei com a escolha de Renato por Jaílson e Michel, contrariando os muitos que querem Arthur no time. Os dois jogaram juntos diversas vezes no ano sem nunca chegar ao nível desejado e ontem não contrariaram a regra.

Com tempo para treinar, o que nós gremistas queríamos era a volta do bom futebol e de um Grêmio estável na partida. Pelo lado do Iquique era esperada maior resistência em casa do que apresentou na Arena, naquela noite do “nana neném”. Os chilenos preservaram alguns titulares e se dizia que a prioridade estaria no Campeonato Chileno, já que o terceiro lugar na fase de grupos dá vaga para a Sul-Americana. Não foi bem assim.

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Ora, vejam só, dois gols em escanteio em uma semana! Adivinha? Lucas Barrios! Em jogada (que pareceu) ensaiada, com Kannemann escorando pro paraguaio empurrar. Eram 19 de jogo, tudo seria muito fácil, muito lindo, mas Ramiro preferiu levantar o pé dentro da área pra pênalti contra Grohe. Não houve falta e sim imprudência do pequeno gigante. Tanto faz, o apitou cantou e o empate veio menos de 5 minutos depois.

O confronto seguiu enrolado no meio, o tricolor com a bola e sem conseguir criar coisa alguma. Nem Ramiro nem Pedro Rocha faziam bom jogo. A falta da compactação no meio de campo somada aos jogadores limitados e/ou em má fase dificulta a transição e não colabora pra que Luan jogue algo do que sabe. Vem se repetindo a tônica dos erros de passes, tanto pela não aproximação quanto pela falta de maior qualidade pra reter e trabalhar a bola. No início da partida até tentamos, mas quem mais teve a posse foi o Iquique.

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Intervalo e de volta os desejos de ver Arthur em campo pra azeitar a transição e entregar a bola mais redonda pro Luan distribuir. Na movimentação o tricolor também segue longe daquilo que parece ser o seu 100%. Não sei se estão se poupado por receio inconsciente de novas lesões, fato é que os mesmos atletas não conseguem imprimir a mesma intensidade de 2016 (as comparações não têm fim…) e até de momentos dessa temporada.

Voltamos iguais pros 45 minutos finais: na escalação, no buraco no meio e na postura frouxa. Aos 3 minutos os chilenos viraram em cobrança de falta do canhoto Diego Torres. Não teria gol porque a falta não existiu e também se Jaílson tivesse pulado na barreira, mas algo parece ter colado os pés do guri na grama. O sósia do Will Smith, o pior em campo, saiu antes dos 10’ pra entrada do pior do banco, Fernandinho. O atacante é sempre aposta do Renato, que estava parecendo um pinguinzinho com sua camisa branca de bichinhos e pescoço enrolado numa linda manta tricolor.

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Não gosto desse “novo Grêmio” que dá bola pro adversário e não propõe o jogo. O elenco pode muito mais do que essa postura pequena e melindrada. Acabou o toque de bola e isso me preocupa e entristece, muito.

Eram 15’ de jogo e nada acontecia. O Grêmio morto, na batida de Luan, Pedro Rocha, Ramiro e Léo Moura. Foi preciso Geromel sair como louco pela ponta direita, como fora em Belo Horizonte, pra cruzar rasteiro na entrada da área de onde vinha Luan, que isolou. Quase aos 20’ veio Arthur na do apagado Pedro Rocha. O guri melhorou um pouco o tricolor por dar o mínimo de qualidade, atitude e consciência ao meio. Fernandinho também “acrescentou”, já que tentava a jogada individual, mesmo que sem sucesso.

Ramiro ainda foi expulso e aos 47’ quase veio o terceiro. Na pauta das transmissões, destaque pra má arbitragem, que “participou” em ambos os gols, criando o pênalti e a falta e foi parcial nos cartões – muitos para o Grêmio e raros para o Iquique, em lances muito iguais. Mas não justifica. É certo que o time chileno não é esta draga toda, mas o Grêmio esteve muito longe de um bom jogo. Nem coletivamente, nem individualmente. Nem na bola, menos ainda na vontade.

De bom o Barrios, com mais um gol e outra vez ligado, participativo. Aos poucos parece que o time vai se adaptando melhor à figura do cara centralizando e melhorando seus cruzamentos e jogada aérea, muito pelo feeling de cabeceador do paraguaio, sempre bem posicionado e de muita vitória física sobre os zagueiros.

AFP

AFP

Perder é do jogo e é sempre ruim, mas neste caso embolou o grupo e traz emoção e ansiedade pra uma fase de grupos que parecia resolvida. Pior que o resultado é o futebol do Grêmio, que vem decaindo a cada jogo. Mais do que nunca precisamos do Renato treinador, a sorte que acompanhava as substituições vai rareando. Na entrevista ele esteve rude, indignado com a arbitragem, mas é do seu trabalho na dinâmica dos jogadores em campo que precisamos, logo.

 

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