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09.06.2017

Postado por Colaboradoras

Coralinas: mulheres lutam contra o machismo no Arruda

coral

Torcedoras do Santa Cruz FC criaram o Movimento Coralinas em 2016 e, desde então, promovem ações visando o empoderamento feminino, o fim do machismo no Arruda, assim como ações para apoiar o Time do Povo.

O Movimento Coralinas é um coletivo formado por mulheres torcedoras do Santa Cruz Futebol Clube de Pernambuco. Nascido em agosto de 2016, tem como principal objetivo o empoderamento feminino no futebol, ocupando as arquibancadas do Arruda e lutando contra o machismo dentro e fora do campo. A ideia é tornar o Arruda um ambiente receptivo para as mulheres apaixonadas por futebol, mas que não frequentam os estádios por causa dos anos de repressão e machismo que dominaram o universo futebolístico. Além disso, as Coralinas se mobilizam com o intuito de cobrar da diretoria do Santa Cruz maior representatividade, como o reconhecimento e respeito ao futebol feminino, valorização do papel da mulher enquanto torcedora, campanhas educativas contra a violência de gênero e melhoria na estrutura, assim como a disponibilidade de produtos que abranjam este público, tanto quanto é fornecido para o masculino.

Não se trata de mais uma torcida organizada feminina, mas sim, e principalmente, um movimento político independente formado por mulheres que lutam por outras mulheres. “Nosso objetivo maior é tornar o Arruda um espaço democrático, atrativo para as mulheres, para que elas sejam bem recebidas e tratadas”, explica Rafaela Inácio, uma das diretoras do Movimento. “Atualmente, os estádios são ambientes tóxicos para o público feminino, que é comumente hostilizada com xingamentos, preconceitos, misoginia, sexismo, assédio, abuso, entre outras violências de gênero que muitas vezes passam despercebidas, como brincadeiras ou algo inocente. Mas a gente não deixa passar, criticamos, conversamos e tentamos mudar a realidade”, continua Maiara Melo, que também faz parte da diretoria.

Desde então, várias ações foram realizadas, como a criação das caixinhas colaborativas que foram colocadas nos banheiros femininos do Arruda. “Todo jogo, nós que fazemos o Movimento levamos absorventes, lenços humedecidos, papel higiênico… Também incentivamos outras mulheres a colaborarem, convidando a doar o que elas puderem”, explica Maria Eduarda Willcox, mais uma das dez diretoras que compõem o núcleo do grupo. O movimento também já conseguiu atrair torcedoras para as arquibancadas, amenizando o sentimento de insegurança ao irem acompanhadas de outras mulheres para o estádio. Entre outras iniciativas inéditas dentro e fora do Mundão, destaca-se a de arrecadação e doação de alimentos, água e roupas para as vítimas das fortes chuvas que atingiram a Mata Sul de Pernambuco.

Com o crescimento do Movimento, torcedoras apaixonadas pelo Santa Cruz se interessaram em participar mais efetivamente das ações e, atualmente, já somam mais de 20 envolvidas no planejamento e elaboração de ações em curto, médio e longo prazo. “Nós queremos que as pessoas entendam que o estádio também é nosso e vamos ocupá-lo. Queremos ver o Arruda lotado de torcedoras, empurrando o Santa Cruz com muita garra. Vamos resistir. E queremos mais mulheres com a gente”, ressalta Thammyres Dantas, uma das responsáveis pela criação do Movimento Coralinas.

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