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10.08.2017

Postado por Patrícia Muniz

Pra não dizer que faltou raça

Atlético Mineiro 0x0 Jorge Wilstermann – Oitavas de Final da Copa Libertadores da América 2017

A massa atleticana mostra mais uma vez que seu lugar é no gigante da Pampulha. Com as seguidas derrotas em casa e um time desacreditado, o preço dos ingressos não poderia ser inflacionado e as cornetas deram lugar ao apoio incessante. Quem ocupou as arquibancadas do Mineirão ontem fez um verdadeiro espetáculo, mas a festa começou bem antes, logo na chegada do clube ao estádio, em que a tradicional rua de fogo recepcionou os jogadores. Um mar vermelho inebriante digno da loucura que é amar o Clube Atlético Mineiro.

Atlético x Jorge - Bruno Cantini3

Em sua quinta participação seguida na Libertadores, o Galo trouxe de volta um pouco da pluralidade de seus torcedores ao empregar um preço médio para o ingresso, bem abaixo da média dos demais jogos na competição. Não estávamos confiantes na vitória, mas não precisamos de títulos para torcer contra o vento e demonstrar amor ao Galo mais lindo do mundo. Afinal, quando a fase é boa, toda torcida é apaixonada, mas o diferencial é estar por perto em qualquer momento. A massa atleticana fez a sua parte, compareceu em bom número e torceu até o fim, mas também não escondeu a insatisfação após o apito final.

Em campo, não podemos dizer que faltou vontade de ganhar, tampouco que faltou dedicação e raça, pois lentidão e idade são limitações físicas que, se forçadas, podem e têm resultado em lesões. O que ficou evidente com o jogo de ontem, na verdade, foram as limitações técnicas do time do Galo. Diante do Jorge Wilstermann, o empate sem gols que resultou na nossa eliminação precoce mostrou que falta mesmo é habilidade para resolver a partida.

Atlético x Jorge - Bruno Cantini1

Como em outros jogos, repetíamos o dilema de ter intensa posse de bola, mas sem grandes chances de abrir o placar e muita dificuldade em penetrar a defesa do modesto Jorge. Impressionantemente, foram mais de 40 cruzamentos na área, porém pouquíssimos resultaram em finalizações. Isso é um comportamento que vem se repetindo e mostra a deficiência da equipe na criação de jogadas, o que nos faz recorrer tanto ao tal chuveirinho. Temos um time limitado e, para reverter isso, ainda é preciso treinamento consistente para a criação de jogadas ensaiadas e movimentações que desestabilizem a defesa adversária. Caso contrário, seguiremos assistindo a jogos de intensa pressão atleticana, porém sem efetividade nenhuma e ainda correndo o risco de contra-ataques.

Por mais raça que se desse em campo e nas arquibancadas, vontade não é suficiente para ganhar títulos. Um amontoado de bons jogadores em um elenco desequilibrado também não. Para uma temporada desgastante e com grande volume de jogos, precisamos de peças jovens de qualidade e com condicionamento para manter um bom ritmo ao longo dos campeonatos, tendo estabilidade.

Atlético x Jorge - Bruno Cantini2

Ao contrário do nosso presidente, não acredito que o placar amargo seja por falta da marcante característica atleticana de ir com tudo pra cima e pressionar o adversário. Contra o time boliviano, sobrou estilo Galo Doido e faltou planejamento e qualidade. Daniel Nepomuceno tenta se isentar da culpa pelo mau planejamento ao cobrar do novo técnico a característica que nos levou ao topo em outros anos. Ignora sua própria impaciência com os projetos que contratou e não percebe que times campeões não se constroem da noite para o dia.

Mesmo com os reforços trazidos, nosso sistema ofensivo segue em grande deficiência, revezando entre medalhões que já não conseguem impor grande velocidade ou simplesmente manter o ritmo de jogo e garotos ainda sem estabilidade para serem os titulares absolutos que precisamos. Defensivamente, a base atleticana rendeu bons frutos e tem nos salvado de estragos maiores, mesmo com um time lento à frente e que se expõe a muitos contra-ataques.

O time de melhor campanha na primeira fase se despede da Libertadores, mas seguiremos apoiando e cantando, pois quem sabe faz a hora e não espera ganhar para torcer.

Atlético x Jorge - Bruno Cantini4

 

Fotos de Bruno Cantini/Atlético Mineiro

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