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14.08.2017

Postado por Raisa Rocha

Não se pode ter tudo…

Botafogo 1×0 Grêmio – R20 Campeonato Brasileiro 2017

Nos meses de agosto e setembro o Grêmio irá intercalar entre jogo de Copa e jogo de Brasileiro. Um sim, outro não. Até o período de “datas fifa”, com uma Primeira Liga de brinde.

Uol Esporte

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Daí a afirmação de Renato, em entrevista, de que agora o Brasileirão será pra gurizada. Não concordo plenamente, mas não tem como ser diferente e me resta torcer. Além de dar cancha pra base, também será tempo para dar ritmo aos jogadores que retornam.

Jogos sem o time titular são belo exercício para a criatividade, além da paciência. Sabendo que o resultado mais depende da sorte do que do time em campo, o cérebro brinca tentando encontrar quem pode surpreender, quem pode evoluir e quem pode cavar uma vaga no almejado Grêmio das Copas.

E neste domingo se iniciou a bateria de Grêmio e Botafogo, Botafogo e Grêmio. Além das batalhas pelas quartas da Libertadores, que começam em um mês, há quem diga que os dois ainda podem decidir a tão especial Copa do Brasil. Mas antes disso, Cruzeiro e Flamengo também participam do roteiro… bem, voltemos ao presente.

jorge rodrigues eleven lancepress1

Porra, eram nem 20 segundos de jogo e o Marcelo Oliveira errava de bobeira o primeiro passe. O Botafogo marcava e mordia de perto e o tricolor levou mais de 5 minutos para, timidamente, atravessar o meio de campo. E durou pouco, só até a bola cair nos pés de Jaílson, que enforcou a saída, Kaio não conseguiu dominar e em segundos o Botafogo já entrava na área e abria o placar.

O Fogão era muito melhor, mais compacto, sobrava na força física, na marcação da saída de bola e com facilidade e velocidade trocava os passes para chegar ao ataque. Quase que aos 11′ fez o 2×0.

Se os dois times vieram “alternativos”, o Botafogo trouxe uma equipe mais competitiva e melhor encaixada. Pra começar, Gatito Fernández na meta, titularíssimo e pegador de pênaltis, como veríamos em seguida na chance que Marcelo Oliveira perdeu, ao final do primeiro tempo. Além, vieram também com Guilherme, décimo segundo jogador de Jair Ventura e nosso conhecido pentacampeão da Copa do Brasil. A estrela solitária vencia o meio de campo pela presença do titular Bruno Silva e de Matheus Fernandes, primeira opção da função.

Do lado tricolor, Everton dessa vez veio pela esquerda, aonde mais funciona. Foi ele o jogador que mais chamou a responsabilidade na noite, mesmo que sem tanto sucesso. A posição central de ataque foi reservada à Batista, que nem pareceu estar em campo. Eram 21 minutos quando pela primeira vez chegamos ao ataque e o caminho das pedras parecia passar pelos pés de Fernandinho e Everton, das pontas pra dentro e pelas bolas aéreas batidas pelo canhoto Lincoln.

vitor silva SSpress botafogo1

O tricolor foi se soltando e fechamos o primeiro tempo empurrando eles, com posse e volume de jogo no ataque. Faltava o arremate, o passe final, faltava confiança aos guris. Uma pena que a penalidade bem marcada tenha sido perdida, o empate seria justo pelo equilíbrio que o tricolor deu.

Leonardo faz seu segundo jogo de bosta na lateral direita, amarelando e errando o básico, como passes curtos e domínios de bola. Sobre a via esquerda, se Marcelo Oliveira no auge físico e técnico já é limitado, que dirá quando está aquém dessa condição… Sua garra e identificação com o tricolor são conhecidas e reconhecidas, mas não bastam. No segundo tempo ele foi mais à frente, melhorou e o Grêmio também, mas espero que o carteiraço que Maicon vem dando não se repita com o lateral. Ah, ele errou o pênalti, mas nem tanto pela qualidade de sua batida, dou mais méritos ao arqueiro do time carioca.

Sobre Lincoln, sou um pouco cética. Acho que o erro cometido pelo clube e embasado por Felipão, lá em 2015, foi grave e beira o irremediável. Subiram o guri com 16 anos pro profissional e é nítido que muitas etapas foram suprimidas. Agora, correndo atrás do prejuízo, ele vai aos poucos amadurecendo. Talvez só pela intervenção de Renato seja possível recuperá-lo e temos leves indícios de que possa estar ocorrendo. Ele fez bom jogo como referência no meio, atuou em triangulações e foi participativo. É hoje um jogador muito mais consciente do aspecto coletivo e deixou de lado a ânsia de mostrar todo o seu talento em busca de ser o “novo Ronaldinho Gaúcho” do Grêmio. Veremos…

Bruno Rodrigo mostra segurança e experiência e a dupla com Bressan não causou (quase) nenhuma parada respiratória. No segundo tempo o Grêmio foi pro empate e por diversas vezes deu contra-ataque, sorte a nossa que os atacantes deles não estavam inspirados (eee, Guilherme…) e que Paulo Vitor fez mais um bom jogo. O goleiro não teve culpa no gol e fez no mínimo duas grandes defesas, além das bolas de segurança. Se Grohe não se cuidar, pode realizar o desejo dos corneteiros, digo, de muitos gremistas, e perder a vaga.

vitor silva SSpress botafogo2

Na segunda metade o tricolor gaúcho tentou buscar o resultado jogando o seu futebol, com a bola no pé. Sem conseguir envolver o adversário, mas cavando boas faltas frontais e outras próximas à area. Boa a estratégia, irritando a torcida e os jogadores do Botafogo, exceto que foram todas desperdiçadas ou mal concluídas ao gol.

Tem sido triste e irritante ver a decadência do Jaílson. Para onde foi o maluco no pedaço? Cometeu os mesmos erros e descuidos dos guris que recém estreavam, não pode! Já Kaio, que não é nem Arthur nem uma Brastemp, é boa opção no banco e quem sabe no futuro possa ser mais um acerto da fantástica fábrica de volantes do Grêmio.

vitor silva SSpress botafogo4

Foi um joguinho mais ou menos. Mas muitos times titulares fazem jogos bastante piores ao que foi este aperitivo.

O tricolor não trás pontos a Porto Alegre porque entrou dormindo em campo, de resto, a partida foi equilibrada e um empate não seria má ideia. Mas não veio. Derrota nunca é bom. Também não nos serve manter a mesma distância do Corinthians, que teve o jogo da rodada adiado. Mas, a missão é de tirar proveito do que for possível. E o que deu pra sentir desse Botafogo é que é um time muito intenso, que sabe o que faz em campo, que gosta do ataque, é veloz na transição, sabe marcar e encurtar espaços. Como o Jair Ventura, é vigoroso, jovem e leve. O Botafogo de Futebol e Regatas vive um 2017 de auto estima elevada. Se atingir as quartas da Libertadores não é pra qualquer um, a façanha alvinegra é ainda mais bonita, visto que chegou aonde chegou após duas fases de mata-mata na dita “Pré-Libertadores”.

Agora, chega de Botafogo, pelo menos por enquanto. A temporada que quase causa labirintite, tamanha a velocidade com que o foco se altera, já chama de novo toda a atenção pra Copa do Brasil. Que venha o Cruzeiro, que também poupou fora de casa e também perdeu na rodada (no Morumbi, de 3×2 para o São Paulo).

 

Fotos de Vitor Silva/SS Press/Botafogo

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