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, Futebol Feminino

18.10.2017

Postado por Colaboradoras

CBF recebe jogadoras e cria comitê de futebol feminino, pela primeira vez na história

As meninas da canarinho estão dando show de bola e não deixaram o jogo morrer depois da polêmica saída de Emily Lima. Uma reunião com o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, ocorrida nesta terça-feira (17), foi um marco histórico dos quase 30 anos de existência da equipe. Pela primeira vez, as jogadoras foram recebidas e ouvidas formalmente pela presidência da confederação. O encontro ainda resultou na criação imediata de um comitê de futebol feminino.

Lucas Figueiredoi/CBF

Lucas Figueiredo/CBF

“Foi um momento bem importante, porque a gente inaugurou um diálogo com a CBF”, destacou a professora da Universidade Federal do RS (UFRGS) e especialista no tema, Silvana Goellner, que fez parte da organização do encontro junto de oito atletas/ex-atletas. Além dela, estiveram presentes na ocasião a ex-jogadora Juliana Cabral e, por videoconferência, Formiga, Cristiane, Marcia Tafarel e Sissi. A motivação dessa abertura de portas por parte dos ‘chefões’ foi uma carta assinada por elas, cobrando medidas efetivas da entidade sobre a inclusão de mulheres nas decisões do futebol feminino.

Um novo documento, com propostas mais elaboradas e um embasamento histórico foi apresentado na reunião, que ainda contou com o vice-presidente da CBF Antônio Carlos Nunes de Lima e outros nomes da diretoria. Em mais de duas horas de conversa, Goellner afirma que todas as propostas foram ouvidas e que del Nero concordou em “pensar sobre algumas delas”. Dos cinco pontos que ela destaca como mais importantes entre os sugeridos, dois já foram cumpridos:

1. Criação de um canal direto de comunicação entre a CBF. Destacamos que esse canal de comunicação se inaugura nesta reunião após 29 anos de existência da seleção;

2. Criação do Departamento do Futebol Feminino sob a gestão de uma mulher;

3. Implementação das ações recomendadas pelo Grupo de Desenvolvimento do Futebol Feminino 2016 que atuou junto ao Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro. Ressaltamos que o Comitê aprovou onze medidas divididas em quatro grandes temas: Desenvolvimento, Competições, Seleções e Marketing;

4. Inclusão de mulheres em todos os níveis de decisões conforme orientação da FIFA, incluindo funções técnicas, de administração e de governança;

5. Realização de um diagnóstico específico para cada dimensão-chave do futebol, incluindo aspectos técnicos, administrativos e de governança. Seria importante ter uma análise do investimento total no futebol feminino, a fim de criar um parâmetro por meio do qual se possa mensurar as melhorias.

silvana

Arquivo pessoal de Silvana Goellner

A criação do comitê também foi ressaltada pela professora como um avanço. Segundo Goellner, inicialmente, o grupo será formado pelas nove pessoas que assinaram a carta com as reivindicações e a elas serão integradas outras pessoas com “visão mais ampliada”. Ela explica que faz parte desse projeto porque esteve junto com as jogadoras desde a confecção do primeiro documento, já que é especialista na atuação esportiva feminina.

Todas as propostas foram baseadas nos 10 princípios-chave da Fifa para o desenvolvimento do futebol feminino e também do comitê de reformas da modalidade, do qual a professora também fez parte. Mostrando que a luta das gurias está mais viva do que nunca, a exigência da participação das mulheres foi bastante exposta, ainda de acordo com a professora. “A gente bateu muito na tecla de terem mulheres na CBF em vários setores, não só nos cargos técnicos, mas nos administrativos e na gestão, que são os próprios princípios da Fifa”.

Tudo azul no horizonte do futebol? Não. Mas temos que comemorar a vitória em cada batalha. Não é fácil para as jogadoras se unirem e peitarem a CBF. Por isso, toda a nossa solidariedade ao trabalho que essas atletas estão fazendo e todo o nosso respeito por essa luta que é delas, mas também é dos amantes do futebol, das feministas e de toda a sociedade que quer um mundo mais justo.

 

Por Kyane Sutelo

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