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15.10.2017

Postado por Mariana Moretti

Decifra-me ou devoro-te

São Paulo 2 x 1 Atlético PR – R28 Campeonato Brasileiro 2017

Em pleno dia dos professores, lembro-me de uma situação em sala de aula que cabe perfeitamente ao momento vivido pelo Tricolor.

– Alunos e alunas! – dizia a professora de álgebra em um tom desafiador – encontrem o “X”.

Se antes eu me perdia nas inúmeras contas, fórmulas e desesperos matemáticos em geral, hoje saberia a resposta de cor e salteado: “achei, professora! Está bem no aqui, na 13ª posição da tabela do Brasileiro!”. Eis que o X, hoje, é o nosso Tricolor Paulista. E a torcida são paulina sabe matemática melhor que ninguém.

Se tem uma palavra capaz de definir o desempenho do atual Clube da Fé é incógnita. O São Paulo tem sido, desde a saída de Ceni, passando pela contratação de Hernanes e Marcos Guilherme, até o espetáculo diante do Botafogo e o apagão a seguir, um grande e tenebroso enigma. Não que há tempos o clube já não caminhasse rumo a essa definição, mas hoje sentimos na pele o que não conseguimos consertar antes de chegar ao ponto que chegamos.

Fernando Dantas - Gazeta Press

Fernando Dantas – Gazeta Press

O volátil Tricolor, de personalidade variável, humor inconstante! Podia ser descrição de personagem de Machado de Assis, mas é apenas o time de Dorival, o esperançoso Soberano do Morumbi, tropeçando e caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento, sem cair jamais. Quando a coisa parece que engrena vem outro jogo e desafia nossa razão.

Sobre o jogo no Pacaembu, muitas chances desperdiçadas. No momento do empate, o São Paulo tinha 20 finalizações enquanto o Atlético apenas 5, considerando que o placar denunciava apenas um gol pra cada lado. Sem contar que a posse de bola foi inegavelmente são paulina, e, apesar da pressão, pouco foi criado durante a partida. Passamos pelo famoso sufoco e tivemos o cretino “respiro” novamente, virando o jogo com dois sofridos gols. E o pior de tudo, sabemos que o elenco não é ruim e pode fazer muito mais do que tem apresentado. Tivemos um Cueva inspiradíssimo pós-atuação na seleção do Peru, Petros superando a dor da lesão contra o Atlético Mineiro, um raçudo Arboleda, e FINALMENTE nossas preces em espanhol foram atendidas!

Ricardo Moreira / Fotoarena / Lancepress

Ricardo Moreira / Fotoarena / Lancepress

Foi ele, Lucas Pratto. Ah, Luquinhas! De herói já tem o nome! Depois de certeiro passe de Cueva, quase sem ângulo meteu pra dentro do gol (num belíssimo gol, diga-se de passagem) e desfez um jejum que com toda certeza o assombrava a cada jogo. Novamente, queria apostar todas minhas fichas nele porque quando ele sofre sem fazer gol, eu sofro junto! E botando pra escanteio essa zica do pântano que assola o elenco, nosso Hermano vai brilhar. Empatou a partida para delírio da torcida, reacendendo a chama de esperança que não nos abandona!

Fonte: UOL Esporte

Fonte: UOL Esporte

A entrada de Maicosuel, no lugar de Lucas Fernandes, imprimiu velocidade ao jogo, e, com assistência de Cueva novamente, carimbou a vitória tricolor e a passagem para o 11º lugar na tabela. Maicosuel mandou às favas os bons costumes e tirou logo a camisa, porque sendo o primeiro gol dele e ainda dando a vitória de virada, merece mais é ser comemorado. Ganhou amarelo, mas o jogo ainda teve a expulsão de Nikão, porque lugar de Furacão, ontem, foi no chuveiro do vestiário. Outras mudanças podiam ter sido feitas por Dorival, talvez pudessem dar mais criatividade ao jogo, e aproveitar a pressão são paulina. Contudo, nosso técnico deixou a ousadia de lado, mais uma vez.

“Decifra-me ou devoro-te”, foi a célebre frase da Esfinge a Édipo. Ela daria um enigma que caso Édipo fosse capaz de resolver, se tornaria o Rei de Tebas. Caso não resolvesse, seria devorado pela temida figura que assombrava a todos da cidade. O enigma do Tricolor não é diferente. Ou adivinhamos a resposta e damos fim a esse enigma, ou seremos devorados pela impiedosa matemática do Brasileiro.

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