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02.11.2017

Postado por Raisa Rocha

Dormiu e acordou na final

Grêmio 0 x 1 Barcelona – Semifinal da Copa Libertadores da América 2017

O Grêmio está na final da Copa Libertadores da América. O Grêmio está na final da Copa. O Grêmio tá na final! Não jogou grandes coisas na partida de ontem. E quem em sã consciência se importa? Uma década depois das lágrimas de Riquelme, voltamos. E se naquele 2007 todos sabiam ser o Boca Juniors o melhor time e que foi pela camiseta e pela imortalidade que chegamos tão longe… Neste 2017 quem embala o sonho são os passos cadenciados de Arthur e Luan; a antecipação certeira seguida de bote fatal de Geromel e Kennemann; a força bruta e inteligente de Edílson; a fé inabalável de um homem gremista de nome Marcelo Grohe; a insistência e a entrega do gigante Ramiro; a mística (da 7) que acompanha Renato, o Portaluppi, e a loucura sem cura e sem fim de toda uma nação gremista, que não conseguirá dormir durante todo o mês de novembro. Sabem por quê? Porque nós vamo acabá com o planeta, porra!

AFP/Jefferson Bernardes

AFP/Jefferson Bernardes

O dia começou melhor impossível. Faltava pouco pra carimbar a vaga e o coração batia ainda mais feliz com a tão esperada renovação de Luan. Até 2020, ainda sem maiores esclarecimentos dos termos finais. Mas, outra vez, quem se importa?

Não mentirei, eu não estava especialmente ansiosa pro jogo de ontem. Tentei, mas depois dos 0x3 no Equador, o que tem me preocupado é a logística financeira, pessoal e profissional para poder estar com o Grêmio aonde o Grêmio estiver – primeiro na Arena e depois em Buenos Aires, para trazer a Copa.

Por outro lado, a virada do Lanús na noite anterior deixara uma luz piscando em nossas imagens mentais. Afinal, se tem uma coisa que nós sabemos é que tudo é possível e que nada é impossível no futebol. Mas não seria dessa vez, não contra o melhor Grêmio que tu viu jogar, não contra este time que exala mística, não, não e não, Barcelona!

Jefferson Bernardes

Jefferson Bernardes

Aos 10 de jogo estava ainda mais claro que o time equatoriano não tinha forças pra virar. O Grêmio começou bem, no embalo de um Luan bem louco, flanando por todos os lugares do campo e destilando habilidade. Jaílson em estado de graça no meio de campo ao lado do menino Arthur, na elegância de sempre. As laterais protegidas por altas doses de experiência nas costas de Edílson e Cortez. A área inatingível pelas barreiras humanas de Pedro Geromel e Walter Kannemann. A meta oculta pelo gigantismo de Marcelo Grohe. No lugar de Barrios a novidade Cícero, que pode ser volante, pode ser meia armador e pode jogar mais avançado, como fez ontem. Fato é que teve a bola do jogo duas vezes, desperdiçadas em conclusões de quem ainda precisa de muito feijão pra encaixar nessa máquina tricolor.

gremio x barcelona - ducker2

Pra fechar o esquadrão, Fernandinho e Ramiro. O pequeno gigante é intocável e incriticável, merece cada uma das páginas que registra na história do tricolor. O canhoto se esforçou, como sempre, mas segue em vias de perder a vaga e, na minha opinião, o correto seria para o Everton (coragem Renato, bota o guri que ele decide!).

Aos 15′, conclusão de Arthur que passou perto. Aos 19′ Luan pega de fora da área e o goleiro Banguera, traumatizado com o guri, joga pra escanteio. O Grêmio tocava a bola no campo deles, era dono da meia cancha. Parecia que viriam mais 3 e nada do Barcelona. Uma bolinha aqui, uma tentativa frustrada de entrar pelo meio acolá, um escanteio, um chute rebatido, uma defesa de segurança do Grohe… se via a vaga já sem precisar forçar a visão.

Antes dos 30′ o jogo se transformara naquilo o que era, ao fim e ao cabo: um amistoso. E juro que não há arrogância de minha parte neste comentário. O Grêmio relaxou e tirou o pé, literalmente – não foram poucas as divididas onde era visível o cuidado dos jogadores. De qualquer forma, desde o início da partida se via uma preguiça em sair tocando a bola, um exagero de chutões e espanadas que causariam irritação, não fosse o fato de que a final estava há poucos minutos de distância.

O Barcelona seguia sem grandes momentos de ímpeto, mas aos 32′ de jogo a relaxada tricolor trouxe mais emoção ao confronto. Em jogada pela esquerda conseguiram furar o bloqueio, mesmo que o Grêmio tivesse com 7 jogadores no lance, 5 deles dentro da pequena área, que não conseguiram evitar mais um gol de Jonatan Álvez em um time brasileiro…

Se o Grêmio quisesse e forçasse um pouco já teria aberto o placar. Era preciso acordar, lembrar que o que estava em disputa era uma final. Não estava nem um pouco difícil sair do primeiro tempo vencendo. Aliás, logo a seguir, aos 35 minutos, Cícero teve uma chance ímpar, sozinho pra cabecear na cara do goleiro. E ele mandou pra fora!

Terminamos o primeiro tempo com essa preguiça de feriado, de amistoso… Mesmo quando recuperávamos a bola as linhas não se montavam de volta. Como em lance onde Fernandinho brigou sozinho contra dois, quase na marca do escanteio, sem nenhum gremista por perto. Renato precisava dar uma puteada no time, o Grêmio é copeiro. E viemos pro segundo tempo colocando a bola no chão, tocando, construindo os espaços e avançando nas linhas deles.

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Aos 10′, Renato chama o Everton e na sequência a trave de Grohe é tocada por um chute de Esterilla. Minhas deusas! O que poderia acontecer se eles fizessem um segundo gol…? Imagina se em uma cagada qualquer sai o terceiro? A única coisa que não se pode pedir desse Grêmio é disputa por pênaltis! Mas, nada disso aconteceu… o jogo seguiu no seu ritmo, ainda lento, com um Grêmio dominando as ações e tocando a bola, mas pecando em individualismos e no último toque.

A entrada do Cebolinha melhorou o jogo, mas foi outro o cara que “mudou” o Grêmio. Acreditem, estou falando de Jael. Depois de perder mais um gol, dessa vez de perna direita, Cícero saiu aos 24′ pra entrada do Cruel. Faz pouco tempo que ele começou a jogar e não teve muitas oportunidades com o time de verdade, o titular. Mas já venho dizendo nas rodas de conversa que o guri não é essa draga toda. Entende do ofício, tem força física, faz a parede, dá profundidade ao time, já compreendeu a dinâmica de jogo e as movimentações necessárias, apesar de não ser tão alto tem muito boa impulsão… Muito preconceito ronda a estadia do guri com as três cores, que cabeceou uma na trave deles. Mas, se me permitem, sugiro que tenham um pouco mais de frieza nas observações à respeito dele. Ou vocês preferiam um Miralles da vida com a nossa 9? Não é porque no habla que não presta…

gremio x barcelona - ducker1

Fato é que o relógio corria e nada poderia mudar os rumos do destino. Os gremistas mais criativos e os secadores até cogitavam tragédias, mas nada nos abalou. A ficha podia cair, finalmente, a final estava ali. Os gritos, as lágrimas, as orações, tudo estava liberado!

A América cada vez mais próxima. Estamos vivendo a história, a cidade de Lanús será pequena, Porto Alegre não dormirá, a América será do Grêmio e, por fim, NÓS VAMO ACABÁ COM O PLANETA!

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Lucas Uebel/Grêmio FBPA

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