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27.03.2018

Postado por Colaboradoras

“Acredite em milagres, mas não dependa deles”

São Paulo 1 x 0 Corinthians – Semifinal do Campeonato Paulista 2018

Djalma Vassão/Gazeta Press

Mandantes na arquibancada azul: Entrada pela ladeira do Einstein. Visitantes na vermelha: Entrada pela ladeira da Giovanni Gronchi.

Quando a bola rola, uma torcida sobe o som de um lado do estádio e a outra, ainda que perdendo, responde só para não ficar pra trás. “Ai ai ai ai ai, tá chegando a hora” canta a torcida do time vencedor quando os 90 minutos finais se aproximam. Favela pra cá, pó de arroz e chiqueiro pra lá… Essa é a alma do futebol! Ou melhor, esse era o Morumbi com 50 mil pessoas, sendo 25 mil de cada em dia de Majestoso, em dia de derby, em dia de clássico!

Março de 2018 e o retrocesso social, político e constitucional protagonizam mais um clássico paulista com torcida única, impossibilitando a torcida visitante de acompanhar e incentivar seu time do coração e matando nosso futebol pouco a pouco.

Falar da saudade dos clássicos paulistas com estádio dividido é fácil, difícil é escrever sobre a derrota em um Majestoso! Principalmente quando já nem nos lembrávamos mais do sabor amargo de uma derrota dessas, embora por um placar absolutamente reversível.

Mais difícil que clássico de torcida única com derrota, somente me conformar com as ausências de Renê Júnior, Jadson, Rodriguinho e Clayson, machucados. E ter de engolir novamente os desfalques de Fagner, Balbuena e Romero, que tiveram mais uma vez de deixar o Corinthians em uma fase decisiva de campeonato para esquentar o banco da seleção brasileira em jogo amistoso ou servir a uma seleção que sequer estará na próxima Copa do Mundo.

Em campo, antes de Raphael Claus apitar o ínicio da partida, a escalação com três volantes de ambas as equipes (para desespero do Casagrande, que se contorcia de indignação nas cabinas da Rede Globo) já nos dava ideia de como seriam os 90 minutos, muito embora isso seja discutível, visto que a posição de origem de um jogador nem sempre condiz com sua função exercida dentro de campo. E nesse caso me refiro a Maycon, volante de origem, mas que por ser ofensivamente mais perigoso que seus companheiros de posição, cedeu seu lugar ao lado de Ralf para Gabriel e ocupou o lugar deixado por Clayson, machucado, no meio de campo.

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Quando a bola rolou, foi possível ver em campo um Corinthians debilitado pela ausência de sua espinha dorsal e cada vez mais convicto de que sua força concentra-se apenas em seus 11 titulares. Sem um meio de campo criativo, nem arriscamos chutar a gol. O maior perigo foi numa chegada do Sidcley, que foi bem ofensivamente, mas na lateral deixava uma avenida.

Emerson Sheik pouco conseguiu produzir. Junior Dutra… Ah, Junior Dutra! Devo falar alguma coisa a respeito? Não consegue puxar a marcação, não se posiciona minimanente para levar perigo ao gol adversário, não consegue sequer fazer um pivô e chega a ser capaz de me fazer ter saudades do Kazim e de suas 987 faltas por minuto.

Nos acréscimos da primeira etapa, como quem aperta o replay no lance patético do Alessandro na Libertadores de 2012 contra o Vasco, assistimos o garoto Mantuan cometer o mesmo erro que nosso ex lateral-direito, mas infelizmente, dessa vez Diego Souza estava no banco de reservas e foi Trellez quem puxou o contra-ataque, deixou para trás a marcação de Gabriel e chutou de pé esquerdo. Cássio ainda conseguiu defender, mas como de costume, deu rebote e Nenê mandou para o fundo das redes.

Faltaram algumas peças fundamentais na equipe, é verdade, mas também faltou a catimba de Sheik, a agressividade de Ralf, a habilidade de Jr. Dutra (qual?) e, como sempre, faltou Cássio segurar a desgraça da bola!

Seria muita audácia da minha parte sugerir que a omissa diretoria corinthiana batesse o pé para a volta do Balbuena? Ou tentasse trazer Fagner num vôo depois de esquentar o banco da seleção?

Que quarta-feira, mesmo com todos os desfalques já confirmados, a postura seja outra para que a história seja diferente. E que o presente de Aguirre prometido por Carille seja uma reviravolta de placar e uma classificação do Corinthians, para que o uruguaio saiba quem manda nesse clássico por aqui!

 

O título desta crônica é uma citação do filósofo Immanuel Kant

Fotos de Djalma Vassão/Gazeta Press

Por Tatiane Araújo

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