05.03.2018
Postado por Raisa Rocha
Vitória para amenizar (alguns) problemas
Juventude 0 x 2 Grêmio – R10 Campeonato Gaúcho 2018
Quem diria, o confronto quase centenário e de tanta história desde 1920 foi ontem sobre rebaixamento. As duas equipes entraram em campo ameaçadas e na estreia do treinador Julinho Camargo, os donos da casa se postaram no Jaconi atrás da linha da bola e dependendo de algum milagre vindo dos céus (literalmente, via bola aérea) para, quem sabe, somar pontos contra o atual campeão da América.
Pelo lado do Grêmio, a noite foi para redimir Jael e principalmente Madson, já a realidade do Juventude foi outra. O goleiro Matheus Cavichioli entregou bola pra atacante, pegou com a mão fora da área e no seu atrapalhamento foi o retrato atual do alviverde. Amedrontado, o time de Caxias jogou bem pouco e facilitou a missão do Grêmio, que ainda busca seus ajustes nesse 2018.
Luan sequer viajou após preocupar já no primeiro tempo de terça, no Uruguai, gerando expectativas pela escalação, divulgada somente 45 minutos antes da partida, como manda o regulamento. As opções de Renato não eram muitas: Alisson pela esquerda, empurrando Everton pra função de 9 e recuando o camisa 10 Cícero; quem sabe Thonny Anderson no meio e mantendo Cícero como o mais avançado, o que seria pular etapas com o jovem talento mineiro ou, finalmente, posicionar Cícero no meio de campo e promover a entrada de um 9 de verdade – Jael ou Brocador.
Renato largou a teimosia e escolheu a última opção citada, com o Cruel como titular.
Fato é que sem Arthur e sem Luan o que também não entra em campo é o tal do “estilo de jogo” do Grêmio, consolidado nos últimos anos. Com Maicon ainda recuperando seu melhor ritmo e Ramiro se desdobrando no meio, por boa parte do primeiro tempo o tricolor abusou de bolas longas. O que não funcionou tanto assim, além de irritar.
Demorou até que o time conseguisse tocar a bola minimamente. Resultado disso foi um primeiro tempo inócuo com uma única chance aos 40 minutos de jogo, numa das repetidas chegadas de Madson pela direita, colocando uma bola na área que sobrou para Everton chutar muito acima do gol.
O lateral fez seu melhor jogo até então, com diversas vitórias na velocidade aproveitando bolas enfiadas. Além disso, marcou o gol que deu alívio ao time na partida. Neste lance, o lateral entrou pelo meio para concluir pras redes um cruzamento de Ramiro, que emendou bola espetada por Maicon como se fosse lateral, rente à area. E não foi um lance casual, além dessa troca de posições os dois fizeram diversas triangulações ao longo da partida. Nada que ainda nos faça ter motivos para iludir, a marcação do time caxiense foi muito fraca, mas são sinais de evolução que merecem ser saudados.
Pelo lado esquerdo, tarde sem grandes êxitos. Cortez continua sem conseguir dominar as bolas e protagonizou junto a Everton vários momentos de trapalhadas. O Cebolinha vai aproveitando como consegue a chance recebida neste início de ano – busca o jogo na meia cancha e volta para cumprir a tal função tática, também aparece jogando mais por dentro, deixando o corredor para o lateral esquerdo. O que pesa negativamente é que ao passo que vem jogando mais minutos, rarearam seus gols.
Cícero transitou da volância para a armação com momentos enfiado entre os zagueiros. Deve ser essa a tal polivalência supracitada por REInato, mas a meus olhos está confuso e confunde o time. Muito antes de dizer que tenha ajudado, digo que atrapalhou menos. Para mim, pareceu que ainda antes do intervalo já sentia cansaço e na segunda etapa praticamente sumiu. Falta um tanto ainda para que justifique a insistência do nosso treinador em sua presença. Porém, quem sou eu para duvidar?
Jael teve nova chance tão desejada de iniciar a partida e parecia mesmo que iria pagar pelo desajuste do meio de campo. Mas aqui é Grêmio e ele é cruel! O goleiro do Ju, melhor da posição no Gauchão do ano passado e retornando de lesão, foi saqueado pelo nosso 9 dentro da área, quando tentava driblar o homem da camisa 9 e de Jesus Cristo. Dale Jael, merecido o gol!
Entretanto, diria até que a vitória temporária trouxe ainda maior tensão ao duelo. Permanecia a posse de bola sem conseguir praticar um futebol de real superioridade e chances de gol. Para tentar garantir o placar, aos 23′ Hernane entrou para sua estreia, mas foi Madson, dois minutos depois, quem decretou a vitória tricolor.
Fim da rodada e também de alguns problemas. A tabela diz o contrário, mas parece mesmo que não será dessa vez (nem nunca) que o Grêmio irá desapontar ao ponto de cair no Gauchão. Não mesmo. Ainda restam duas partidas e o objetivo agora é a melhor posição possível para, ao menos na teoria, ter confrontos menos duros a partir das quartas-de-final.
Os problemas nas laterais continuam e enquanto Arthur não volta o meio de campo padece. O ataque, que sofre as consequências dos desajustes citados, começa a dar resultados com Jael e ao menos em quantidade de jogadores parece ser coisa mais resolvida. Falta uma semana para o GREnal e o que se tem é que talvez Luan não jogue. Enquanto a ausência de uns é problema grande, Renato precisa ser mais racional com relação a Cícero e qual função, afinal, irá desempenhar neste time.
Mas antes, na quarta-feira, tem jogo contra o lanterna de Rio Grande, o São Paulo, na Arena do Grêmio. Noite pra firmar o pé na classificação.
Fotos de Rodrigo Rodriguues/Grêmio FBPA
