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05.04.2018

Postado por Ana Clara Costa Amaral

Choque de realidade

Cruzeiro 0 x 0 Vasco – Fase de Grupos da Copa Libertadores da América 2018

O tratamento de choque de realidade na torcida cruzeirense continua a plenos vapores. Empatar com o Vasco em casa em um jogo estratégico para nossas pretensões no Grupo 5 foi mais um lembrete do que já vínhamos dizendo: este time não tem obrigação de ganhar nada, apesar de ser bom. Os altos investimentos não são diretamente proporcionais à qualidade acrescida no elenco e a torcedora que não digerir isso será surpreendida rodada após rodada.

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Ainda assim, numa quarta-feira às 21:45 e seus busões da meia noite, antes do 5º dia útil do mês, com ingressos caros e há poucos dias da final contra o rival local, a Nação Celeste colocou “apenas” 38.019 torcedores no Mineirão, dos quais 35. 033 pagantes. Muito menos do que contra o Tupi de Juiz de Fora, na semifinal já encaminhada no Mineiro. Isso quer dizer que a) nossa torcida é gigante e apoia o manto azul estrelado sempre e b) nossa torcida tem um baixo poder aquisitivo.

Tem que juntar a + b pra acertar a mão e largar de fazer burrice, como foi a tentativa frustrada de mosaico em pleno estádio com 38.000 pessoas! Esta façanha só pode acontecer em Minas com quem joga no Gigante da Pampulha e resolve apostar no setor com ingressos a 160 reais. Triste descompasso com a realidade dos nossos 8 milhões.

Tudo isso é importante destacar, já que o Mineirão vibrante -in loco- e o tropeiro com gema mole dos barraqueiros foram o melhor da noite. Vivenciamos uma fase que, feitas todas as ponderações sobre os limites do elenco, não condiz com o futebol apresentado até mesmo no início do ano.

Seja por Rafinha, que conquistou a titularidade dando muita raça e chutando a gol, agora já sem o ímpeto ofensivo de antes e limitando-se a ajudar na marcação, seja por nossos volantes, que realmente andam precisando de Rafinha na marcação. O fato é que, novamente, o placar saiu barato e contamos com Fábio para seguir com chances bem razoáveis de classificação.

Além da passividade do nosso meio campo, especialmente nessa partida entramos sem qualquer atacante. Com Raniel e Fred lesionados e Sassá ainda sem condições de jogar 90 minutos, Thiago Neves jogou próximo a área, para ser municiado por Arrascaeta e Robinho. O time de Mano já tem alergia a gols e com essa formação o primeiro tempo foi direto para a lata de lixo. Inútil, bolas rifadas para ninguém e um chute a gol digno de nota.

O segundo tempo foi melhor, com a entrada de Sassá no lugar de Rafinha. Não que tenha entrado tão bem quanto entrou no último clássico, mas ter Thiago Neves na meia cancha é um divisor de águas. A melhora é visível até mesmo quando o dia está para desgraça relativa, nossa criação fica mais consciente e demos um mínimo de calor pra cima dos zagueiros adversários, graças ao vigor físico de Sassá. Já na hora de finalizar, a falta de ritmo do atacante era evidente e o chute vinha sempre uma passada atrasado.

O empate ficou de bom tamanho para a noite, sem exageros. O time pode e deve jogar mais, e para isso Mano terá que abrir mão de algumas certezas. Dedé virou obrigação após a lesão de Murilo, mas espero que as próximas mudanças necessárias não venham por força de lesão. É hora de coragem e encarar que a “fórmula 2017” caducou. Henrique e Ariel Cabral não podem jogar juntos contra times leves, nem o perfeito entrosamento fecha essa conta mais. Trata-se do nosso capitão e do volante que joga de terno, mas a insistência na dupla não surte efeito em jogos de alta competitividade – e nem tão alta assim, como no jogo de ontem.

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Seja quem for o sacado, é hora de Lucas Romero, Lucas Silva e até mesmo Bruno Silva ganharem uma chance séria no time. Não tenho esperança de ver tão cedo, mas gostaria de Lucas Romero e Mancuello juntos na volância. Com Ezequiel ou Edilson na direita e Dedé devidamente titular, ao menos metade do time tende a melhorar. Quanto à vagarosidade do nosso ataque, essa foi a opção na montagem do elenco e teremos que lidar, à espera de uma estreia messiânica de David. De qualquer forma, um maior controle e movimentação no meio tornam as chances de gol menos escassas e ganhamos o velho Rafinha “jogador de segundo tempo” de volta.

Enfim, seja como for, agora o choque de realidade tem que bater é nos jogadores. O elenco é sim qualificado, sofre com as lesões esperadas em um plantel repleto de atletas ‘experientes’ e passa por dificuldades, mas os objetivos na temporada continuam os mesmos. Só não será fácil como alguns incautos imaginariam e certamente não será com um futebol vistoso, mas em se tratando de conquistas, o Cruzeiro tem para todos os gostos. Com classe, com volume, com drible, na porrada, favorito, carniceiro, na bola parada, na retranca, no esculacho e de virada… resta escolher com consistência e virar a chave para 2018. Isso é obrigação!

Por parte das cruzeirenses, vocês já sabem: domingo tem 30.00, 35.000 gatos pingados. Normal. Nos vemos na Toca 3!

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Fotos de Araceli Souza

Em colaboração com o Coletivo Maria Tostão

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