Atlético Mineiro, Primeira Liga
02.02.2017
Postado por Patrícia Muniz
Cruzeiro 1×0 Atlético – R01 Primeira Liga 2017
Clássico estadual é um jogo que sempre mexe com qualquer torcedor. Mesmo os chamados torcedores não praticantes ficam nervosos diante dessas partidas; para aqueles que ficam de fora da festa no estádio, esse é sempre o dia de reunir a família e curtir todos os prazeres e descontrações que só um clássico pode propiciar. Que me perdoem os fãs da seleção canarinho, mas a adrenalina que corre em nossas veias para o clássico é maior que jogo de Copa do Mundo. Segundo jogo do ano, por uma competição que consegue criar menos empolgação no torcedor que o Campeonato Mineiro, mas clássico é clássico.
O tradicional Atlético e Cruzeiro que ocorreu ontem, válido pela Primeira Liga, teve um ingrediente a mais em relação aos últimos clássicos que ocorreram desde 2013: o jogo desta quarta-feira marcou a volta da divisão igualitária da carga de ingressos para as torcidas. O futebol e as rivalidades respiram novamente.
A festa atleticana começou cedo e, na famosa rua do Peixe, estávamos todos ansiosos para o retorno da deliciosa rivalidade que vivemos no Mineirão antes da reforma. Para ser melhor que isso, só mesmo se a esplanada abrisse mão dos restaurantes gourmets e abrigasse novamente os barraqueiros, mas a arenização atingiu até mesmo o Gigante da Pampulha.
Uma festa tão explosiva e empolgante que parecíamos voltar ao antigo Mineirão. No segundo tempo, mesmo perdendo de 1×0, a torcida alvinegra não reconhecia qualquer resultado: soltava o grito da garganta repetidamente empurrando o time – que não correspondeu, infelizmente. Quem se importa com o placar exibido no telão? Nós queríamos mesmo era bradar aos quatro cantos a grandiosidade da nossa paixão, desse Galo mais lindo do mundo e da torcida tão maravilhosa. Quando os braços pareciam não aguentar mais e a voz não sair da garganta, a bateria puxava mais uma música e seguíamos mostrando como se faz uma verdadeira festa nas arquibancadas.
Ganhamos na torcida, perdemos em campo, mas com certeza todo mundo saiu vitorioso com esse clássico meio a meio.
E se você, leitor, esperava longos parágrafos de crítica ao time atleticano pela derrota de ontem, eu lamento, mas não vai acontecer tão cedo este ano. É verdade que estamos todos ansiosos para ver o time do técnico Roger brilhar, mas nenhum trabalho consistente se constrói da noite para o dia. Nesses dois únicos jogos oficiais que assistimos, foi perceptível o esforço técnico para abandonar os vícios que mataram nossas possibilidades de levantar taças ano passado: quase proibido afastar a bola com chutão e a tentativa de impor um esquema tático organizado, variando entre o 4-4-2 defensivo e um 4-2-3-1 para atacar.
Falhamos categoricamente na ligação entre os volantes e os meias, que não tiveram liberdade para criação de jogadas. O meio campo foi dominado pelo time cruzeirense e, como o próprio Roger disse, era necessária uma ligação direta entre defesa e ataque, que desfavorecia o jogo pensado e organizado no meio como era idealizado pelo treinador. Esse quadro, porém, não desespera: ainda temos peças importantes para retornarem e um volante de qualidade como Elias chegando ao time. O time cruzeirense optou pela continuidade do trabalho feito ano passado e chegou mais preparado para este clássico, mas a diferença no placar ocorreu diante da falha do Felipe Santana, não por uma superioridade do outro time. Convenhamos, esse jogo poderia facilmente ter terminado em 0x0 com o desempenho mediano das duas equipes e uma festa maravilhosa das torcidas.
Vamos, Galo, o ano está apenas começando: quem aí lembra a última vez que perdemos um clássico, com torcidas divididas e mando de campo rival? Pois se o atleticano é conhecido pela mística, lembremo-nos do glorioso ano de 2013, em que perder o primeiro clássico, logo na abertura do Mineirão, não evitou o sucesso da nossa temporada.
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