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21.07.2017

Postado por Raisa Rocha

As Sereias da Vila são as melhores do Brasil!

Corinthians/Audax 0x1 Santos – Final do Campeonato Brasileiro Feminino A1 2017

Na minha posição nada neutra e de torcedora do futebol feminino, declaro que me sinto altamente contemplada pelo título das meninas do Santos no Campeonato Brasileiro Feminino de 2017.

Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Na impossibilidade das gurias do meu Grêmio conseguirem uma boa campanha neste primeiro ano da modalidade no clube, minha torcida se direcionou ao Hulk da Amazônia, o Iranduba, e ao Santos, carinhosamente tratado pelo clube como “Sereias da Vila”.

Nada contra o Corinthians, que vem há dois anos fincando raízes na competição e o qual tive o prazer de cobrir seu título na Copa do Brasil, no ano de 2016. Mas se tem um clube (grande) que verdadeiramente gosta e investe no futebol feminino, este é o Santos Futebol Clube.

Ah, e não mentirei que acompanhei a competição, porque não o fiz. Com pesar, mas querer não é poder quando se tem jogos sempre às 15:00 em dias de expediente…

Por não acompanhar, não terei o prazer de me dedicar às críticas. Em primeiro lugar, porque é minha função neste planeta criticar. Em segundo, porque o fato de que finalmente a CBF resolveu olhar para o futebol feminino não garante que as coisas tenham sido feitas sem ressalvas. Pularei por hoje maiores desdobramentos sobre a questão da obrigatoriedade imposta aos clubes de camisa em terem times femininos e me contentarei, somente, em citar a risível premiação de R$ 30.000,00 ao time campeão. Sim, trinta mil reais para tooooodo o departamento de futebol feminino do clube campeão…

Mas, como prometido, manterei o clima festivo, só por hoje. O momento é de título, de missão cumprida, de celebração por uma modalidade que, se por muitas vezes peca na técnica, sempre supera todas as expectativas no quesito da vontade em campo. É bonito ver a forma como as mulheres que jogam futebol se comportam – sem firulas, sem corpo mole, sem cera, somente vivendo o prazer de (poder) jogar.

E vamos ao que interessa!

Eram 16:00 da tarde quando saímos em caravana do pátio do Pacaembu para a Arena Barueri. O ônibus foi disponibilizado, sem custos para os fãs, pelo Museu do Futebol, grande parceiro na luta pela #VisibilidadeParaOFutebolFeminino.

Museu do Futebol

Museu do Futebol

Ah, prometi não criticar, mas manter na modalidade feminina a aberração da torcida única, grande ideia da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, é no mínimo falta de vontade em diferenciar o futebol feminino do masculino e tratar a modalidade com o respeito e a particularidade que merece. Bom, chegando ao local do jogo, enorme satisfação em ver a grande fila de torcedores prestes a prestigiarem o clássico.

Paula Spinelli

Paula Spinelli

E lá dentro, a torcida do Timão fez o seu papel, estando em grande número nas arquibancadas e cantando durante todo o jogo, mesmo que a situação da decisão fosse a mais adversa possível (no jogo de ida, na Vila Belmiro com quase 15 mil pessoas, deu 2×0 pro Santos).

Precisando correr atrás do prejuízo, o Corinthians foi pra cima. A bola não parava, o Timão tentava forçar, mas não conseguia chegar com perigo na meta de Dani Neuheus. O Santos se defendia muito bem, sem correr riscos e sem dar espaços pras mais habilidosas do time – Gabi Nunes e Byanca Brasil.

Talvez pela tensão da decisão, muitos erros de passes e de saída de jogo. E foi numa saída errada do time da casa que o Santos tramou jogada rápida que terminou na cabeça da atacante argentina Sole James, aos 16 de jogo. Gol da matadora e artilheira da competição, gol do Santos, cada vez mais perto da taça!

É certo que o jogo só acaba quando termina, mas àquela altura a torcida Fiel já sentia que a coisa estava complicada e aumentou o volume do seu canto. Em campo, o jogo ia no ritmo da pressa corinthiana em lances desprovidos de maior beleza.

Paula Spinelli

Paula Spinelli

Faltou jogo coletivo ao Corinthians, que não conseguia trabalhar a posse de bola, abusou de cruzamentos improdutivos e não soube tirar o melhor do seu time leve e jovem.

Já o Santos, mostrou a diferença que a continuidade traz a um time de futebol (coisa que, até hoje, os times de futebol masculino teimam em tentar cotrariar…). Muito bem organizadas em campo, com entrosamento e aproximação, as Sereias da Vila jogaram tranquilas e venceram o jogo a partir da grande atuação do meio de campo – seja na contenção e bloqueio do setor ao Corinthians, seja na aproximação e controle de bola, com destaque pra capitã Maurine, que orquestrou o time em campo. Isso sem falar no contra-ataque impiedoso do time do Caio Couto…

Foi o Corinthians quem mais teve a bola e mais ocupou seu campo de ataque. Mas era o Santos quem causava arrepios a cada vez que subia para o ataque. E aqui, um registro: impressionante a veia artilheira de Sole James. Sempre mordendo a saída de bola e apavorando zagueiras, goleiras e quem mais se atrever, sempre aguda e jogando com um único objetivo: marcar o gol. De qualquer lugar que pegue a bola, o intuito é unicamente limpar para bater, e sempre na direção da meta. Baita jogadora!

Marcelo Pereira/AllSports

Marcelo Pereira/AllSports

Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

E foi esta a grande diferença nesta final: a efetividade. Nos dois jogos o timão meramente ocupou seu campo ofensivo, o Santos balançou as redes.

Ganhou o time que não se apavorou, nem em casa nem fora. Resumida a partida, falarei novamente da torcida… ahh, a torcida! É emocionante ver o envolvimento! É bem verdade que minha paciênia foi testada em diversos momentos, quando os xingamentos sexistas se sobressaíam aos xingamentos normais de um jogo. Aliás, nada fácil ser mulher e bandeirinha pra um público majoritariamente masculino e que vigia seu trabalho tão de perto…

Mas, como eu disse, o foco aqui não são as críticas e eu deixo minhas saudações às torcidas de Santos e Corinthians, que representaram durante todo o campeonato e fizeram belo espetáculo nas duas finais. Certamente as Sereias da Vila serão recepcionadas como devem em Santos, já fica o registro em antecipação. Também a todos e todas manauaras que transformaram Manaus e a Arena Amazonas na capital do futebol feminino; a todos e todas que nesses 4 meses de campeonato marcaram presença nos estádios, nas transmissões, nas redes sociais, mostrando que o Brasil também pode ser o país do Futebol Feminino.

Marcelo Pereira/AllSports

Marcelo Pereira/AllSports

E que venha o segundo semestre, com campeonatos estaduais, Copa Libertadores da América e com agenda para a Seleção Feminina de Emily Lima:

Torneio das Nações
27/07 – 20:15 – Brasil x Japão
30/07 – 21:00 – Brasil x EUA
03/08 – 20:15 – Brasil x Austrália

Amistosos
16/09 – 02:00 – Brasil x Austrália
19/09 – 06:30 – Brasil x Austrália

 

Foto de capa de Marcelo Pereira/AllSports

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