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08.08.2017

Postado por Ana Clara Costa Amaral

Canelando em defesa de Mano

Mais um empate sem gols em casa. Se no jogo contra o Vitória muito se falou do departamento médico, o bode expiatório da vez é Mano Menezes, mas não há nada muito inédito nisso. Não vou me ater tanto a este jogo, porque precisamos falar sobre o que realmente vem mudando e passando despercebido.

Defender Mano hoje – dia em que conquistou o ~título~ de técnico mais longevo do Brasileirão – é difícil, o cruzeirense em geral apenas tolera, já se resignou com ele. Eu mesma já falei aqui da falta de humildade em mudar um esquema ou até mesmo os critérios da escalação, da dificuldade em lançar meninos da base ou de sua resistência em fazer o rodízio.

mano banco

Mas vou ter que concordar com a impaciência de Mano no pós-jogo, dessa vez ele não devia explicações. O time não joga horrores, mas está criando muitas chances e, nem sempre, nem toda santa vez, à base do chuveirinho. A gente acostuma com coisa boa fácil demais – nosso ótimo desempenho defensivo parece uma dádiva divina, mas foi uma conquista árdua desse time, que não, não é retranqueiro.

As linhas do Cruzeiro dificilmente ficam todas abaixo do meio de campo, o que é bem diferente da proposta de nossos recentes visitantes. O time não faz partidas em busca do “único lance”, apesar de todos os méritos da nossa melhor compactação.

Quanto ao ataque, cabe a auto crítica e semancol da qualidade do elenco. Quantos finalizadores temos? Não precisa ser atacante, mas repito: que jogador, de qualquer posição, tem no chute ou no cabeceio um de seus principais atributos? Eu me arrisco com Dedé, Lucas Silva, Robinho e Thiago Neves. Só.

lucas silva

O time ganhou um padrão, aos poucos com mais variações, tanto é que os desempenhos individuais começam finalmente a corresponder às expectativas do início do ano. Lucas Silva, até ele, acordou pra vida. Está jogando bem, com passes que já nos fazem lembrar 2014, apesar de ainda aéreo e lento na tomada de decisão. Sua melhora não tem mérito do treinador?

E não é que Mano vem dando chances a Murilo, Raniel e Nonoca também?

Nonoca não foi bem contra o Botafogo, mas era jogo pra ele. O alvinegro carioca buscou o ataque com algum perigo apenas três vezes ao longo de toda a partida, sendo apenas uma chance clara. Nosso jovem volantão já mostrou que tem talento e precisa de oportunidades, como as dadas a Lucas Silva, um belo desconhecido em 2013.

NONOCA

Precisamos adotar mais o rodízio, proteger nossos jogadores diferenciados? Mano largou mão de ser besta e assim tem feito.

E, o meu trunfo final, meu apelo último para que deixem o homem trabalhar: até o Bryan jogou bem contra o Vasco. Não é fácil manter motivado o cara que já é ruim de bola e ainda se depara com um Diogo Barbosa, jogando tudo e titular absoluto até que a venda nos separe.

Deixem a magia com os torcedores e com a camisa celeste, o que realmente espero de diferente para ano que vem não é o messias, mas um elenco equilibrado. Até que ponto essa montagem passou pelo técnico no desorganizado Cruzeiro eu não sei, mas nada que torne mais atraentes Zé Ricardo, Roger Machado e cia no momento. É o que temos pra janta e é bom olhar em volta antes de jogar fora!

 

Imagens de Whashington Alves/Cruzeiro

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*Ana Clara é membro do Coletivo RAP Feministas

A Bola que Pariu