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05.02.2018

Postado por Ana Clara Costa Amaral

Puskás e retranca

Cruzeiro 1 x 0 América – R05 Campeonato Mineiro 2018

Em mais um dia sério de pré-temporada, enfrentamos pela primeira vez no ano um adversário da elite do futebol brasileiro. Claro que não é parâmetro para os maiores desafios da temporada, mas também não é pouca coisa como querem fazer entender. Pelo que temos visto do América e nos demais estaduais, dessa vez o time do Horto não vai para Série A desempenhar o tradicional papel de saco de pancadas.

mineirao

Foi também a primeira oportunidade para a equipe titular, ausente apenas TN30, encarar uma retranca bem treinada em um Mineirão lotado, com 50. 794 torcedores presentes.

O encaixe do time, que já surpreendia na primeira rodada do campeonato, mostrou-se novamente presente; a disposição, volume de jogo e tabelas encheram nossos olhos novamente, mas desta vez com uma necessária pitada de realidade. O time de 2018 vai criar muito, não tem como duvidar disso, mas a finalização das jogadas não está ainda toda essa Brastemp.

Nem sempre a bola vai entrar tão fácil, nem sempre Rafinha estará com o diabo no corpo, como de fato não esteve neste clássico. O camisa 18 (ainda não me conformo!) esteve abaixo das últimas ótimas partidas, aliado a um Fred que, se ainda não chegou a fazer uma ótima partida, vinha sendo mais participativo e eficiente nos passes. Dessa vez, o centroavante passou despercebido no primeiro tempo e com direito a lances pitorescos no segundo.

Mesmo sem TN30 e feitas as ressalvas individuais, o time encarnava aquele futebol totalmente estranho ao Mano Menezes, com total domínio do jogo e proposta ofensiva. Arrascaeta e Rafinha se engalfinhando pela esquerda, Robinho um pouco recuado distribuía com qualidade, mas não se destacou mais que Ariel Cabral, que ontem até se arriscou a conduzir mais a bola com a elegância que lhe é peculiar.

ariel

Nas laterais, Egídio e Edilson seguem sendo as mais gratas surpresas da temporada, viram a bola com precisão, abrem o time adversário e apresentam-se sempre ao ataque com vigor para voltar… ou seja, ainda precisamos de uma dose maior de realidade para saber o tamanho do rombo nestes corredores. Nossa zaga e volantes não são exatamente velozes para cobrir essas subidas intermináveis. Mas que seja bom enquanto dure, até porque o verdadeiro desafio do Cruzeiro manolístico a gente sabe que é meter gol.

Ou melhor, o gol até costuma acontecer, o que se sucede é que é o problema. Vinha sendo diferente, mas bastou um jogo contra o América-MG para nos lembrarmos de nossa sina, após massacrar o time americano durante toda a partida com belo futebol, apenas não convertendo em gols por detalhes, fomos “castigados” com o golaço fenomenal de Arrascaeta. Aos 25’ da segunda etapa, completou de voleio cruzamento de Edilson, um tirambaço indefensável.

arrasca e edilson

O gol de manual encerrou a apresentação do time, que a partir daí só se livrava da bola e esperava o fim do jogo. Um sufoco desnecessário, com a irritante sensação de que Fred fazia hora extra em campo. O problema de camisa 9 clássico e caro é esse. Parece que só pode sair da partida se fizer gol, e como não tem sido o caso, temos que assistir ao melancólico desempenho do centroavante nos últimos 20 minutos de jogo. Ou será que Bruno Silva, volante por enquanto muito pesado, contratação mais cara aos cofres do clube, é que mata esta substituição no ataque?

Repito, Fred já demonstrou sua qualidade e pode ser o titular ideal mesmo quando não faz gol, mas se continuar com o mantra de jogar 90 minutos fica difícil defendê-lo. Não vai fazer mal dar chance a Raniel e Judivan, que precisam recuperar o ritmo de jogo se quisermos ter alternativas sérias a Fred – Sóbis tem se especializado em toques de calcanhar na faixa intermediária do campo; Rafael Marques nem é gente.

Espero que o peso do nosso elenco jogue a nosso favor e não contra, para isto contamos mais do que nunca com a carranca de Mano.

Sigam os testes, agora em Valadares, contra o Democrata, representante do querido Vale do Rio Doce este ano. Tava aí uma boa oportunidade pro nosso departamento de marketing mostrar que falava sério quando dizia que o Cruzeiro tem que cumprir uma função social. No clássico deste domingo, o time utilizou meias amarelas em alusão à “luta” contra a febre amarela e distribuiu repelentes. Que tal então relembrar, em Valadares, mais de dois anos de impunidade à Samarco e suas controladoras Vale e BHP pelo crime de Mariana? Afinal, a degradação ambiental é apontada como a principal causa da “urbanização” da doença.

Verdades e Raniel no ataque, é pedir demais? Viva o Campeonato Mineiro!

 

Texto com colaboração do Coletivo Maria Tostão.

Fotos de  Washington Alves/Cruzeiro

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