20.02.2018
Postado por Raisa Rocha
@10doga, veja bem…
Douglas dos Santos, 36 anos, catarinense, jogador de futebol profissional há 16, meia armador e na sua 6ª temporada com a camisa do Grêmio. Com mais de 200 jogos no clube de Porto Alegre, é um dos jogadores mais presentes no imaginário do torcedor gremista atualmente.
Pedro H. Tesch/Ag. Eleven/Gazeta Press
Poderia ser por integrar o elenco que trouxe o Grêmio de volta às conquistas, passando por um 5×0 no rival e finalizando com o gol da vitória em GreNal no Beira-Rio e as posteriores gozações (de trator e tudo). Ou ainda por mandar pra rede no golaço coletivo contra o Atlético Mineiro, um dos mais belos do futebol em 2015. Ou por aquele contra o outro mineiro, o Cruzeiro, em plena semifinal de Copa do Brasil no Mineirão e com a perna direita, em 2016. Pode também ser por ter feito parte daquela virada histórica contra o Flamengo, no Olímpico, em 2011. Lembram? E os gols de falta? E o primeiro gol olímpico (de escanteio) da Arena? E aquela época em que era mago do Mestre Jonas e do André Lima?
Pode ser por tudo isso, mas arrisco e lamento dizer que não somente. Até porque, memória de torcedor é curta e já faz mais de ano que o Último 10 não entra em campo. Enquanto o joelho teima em não se recuperar, o Maestro empreendedor aproveita o tempo para enveredar por outros ramos, desde marca de cerveja até óleo e demais firulas para barba e cabelo, sem nunca deixar de lado as boas e velhas (!) redes sociais. E nelas ele é maestro, como em campo, e ultimamente vive a orquestrar cenas ricas em machismo, ampliando vínculos vitalícios com a parcela masculina de fãs enquanto destila aqui e acolá ofensas mais ou menos graves à figura feminina.
Reprodução
Mulher é coisa que o Maestro deixa bem evidente que gosta. E muito. Não é mesmo? Pegador nato, homão da porra, galanteador, da filha do treinador à bandeirinha, sem escapar torcedoras e demais sortudas que caem no crivo do mito. É o que dizem…
E o que tem nisso? A mulherada “se joga” nele mesmo, pede falta, faz cena, barganha nudes, implora por um like, uma resposta. Mas o que será que tem as afastado dos conversês virtuais das últimas respostas de Douglas aos seus seguidores? No começo eram respostas a torcedores corneteiros, desses que não conseguem suportar uma derrota, que dirá duas em sequência, e até aí, todo o apoio ao Pifador nas suas mitadas. Mas, de uns tempos pra cá, tudo virou repetição de uma fórmula batata para afirmar sua virilidade via relatos e exemplos de situações fictícias com mulheres constantemente sendo rebaixadas, quase que dia sim e outro também.
Em pauta sempre as vidas sexuais das mães, esposas, irmãs, primas e quem mais tiver pra rebater alguma crítica ou simplesmente para fazer graça com seus seguidores. E eles riem, brincam juntos, deixam a imaginação fluir aumentando o roteiro das histórias num belo aperto de mãos virtual, acompanhado daquele forte tapa nas costas (ou na barriga) de dar estalo, o sinal derradeiro da parceria masculina. Qualquer mulher, em qualquer faixa etária, que já tenha tido a experiência de estar em uma roda de homens quando o assunto é suas vitórias e conquistas sobre as mulheres sabe do que eu estou falando.
Maestro Pifador, você está fora do peso sim. Gordo. É um atleta e isso pesa muito na sua performance e recuperação, sem trocadilhos. Será cobrado interna e externamente e responder aos questionamentos sugerindo que tenha ficado pelado em frente a mãe de seu interlocutor beira o ridículo da infantilidade – como foi o último evento, que não é um caso isolado.
Mas Douglas não é só isso. É um grande jogador, de fato um tipo raro, antigo, clássico. Canhoto, de visão, aquele que coloca a bola aonde quer. Eu que sei, eu que lá nos idos de 2008-09 via ele no Corinthians e pensava que “ahh, como eu queria esse cara no Grêmio”. E ele veio. Além da habilidade com os pés, é um personagem em falta e por isso tão atraente porque provoca, brinca e foge do comum em um futebol cada vez mais difícil de amar. Zoa rival, toma cerveja de latão e até fuma, é gente da gente, responde aos fãs pessoalmente, é divertido para entrevistar, mas também pode dar um coice.
O perigo de tratar de uma figura pública como é Douglas é a dificuldade que sua idolatria traz à visão. E não são poucas as mulheres e gurias que ainda não perceberam o quão prejudiciais podem ser suas brincadeirinhas. Eu mesma, euzinha, já muito idolatrei o Maestro por seus atributos sociais e físicos, ainda antes de ele virar hypster, nos tempos que se enxergava sua cutis facial. Tenho dificuldades em contar nos dedos as amigas que não o percebem como um verdadeiro homão da porra. Mas isso nunca, em hipótese alguma lhe dá o direito de inspirar machismos. Ainda mais em um mundo onde este é o tempero, como o futebol.
E não, imprensa esportiva, isso não é diversão.
Reprodução
Sim, aqui estou falando da responsabilidade (social) que nos é tão difícil de cobrar de nossos ídolos e dos gestores dos nossos clubes do coração, que seguimos por uma vida inteira, em qualquer situação, por puro amor.
“Ah, mas parece até que ele é casado, é tudo brincadeira”. E aqui eu digo que ser mulher não é piada. Assim como não é (ou não deveria ser) motivo de chacota o fato de ser velho, deficiente, angolano, judeu, argentino, gordo, negro ou homem. É preciso desenhar a irresponsabilidade com a sua posição pública quando repete em invocar figuras femininas buscando graça barata? É desrespeito com todas as mulheres, independente se elas sabem ou não que você existe para correr atrás de uma bola com mais 20 machos (vocês gostam disso?!).
Doga, você tem sido insensato e altamente desrespeitoso com as mulheres todas e suas lutas, suas dores. Acredito mesmo que você tem capacidade intelectual para mais, sem que isso afete seu sucesso. Você, o futebol e todos os seus torcedores merecem uma despedida mais honrosa de sua bela carreira. Não estrague tudo, não desrespeite as mulheres, não seja um cuzão. Aliás, são meninas as suas filhas, não é? O que será que você pensaria se mudassem os personagens das histórias por ti relatadas em tom de riso? Tenha mais zelo por todo o tempo e carinho que seus fãs dedicam a ti, independente de gênero.
#RespeitaAsMina
