31.10.2017
Postado por Ana Clara Costa Amaral
Palmeiras 2 x 2 Cruzeiro – R31 Campeonato Brasileiro 2017
Ontem, Cruzeiro e Palmeiras fecharam a 31ª rodada em um dos melhores jogos do campeonato. Uma surpresa para todo o país, acostumado com jogos cada vez mais sonolentos e que, a bem da verdade, já dava a rodada por encerrada.
Do lado de cá da cancha, sentimentos variados. Era pra ser a gente! O Cruzeiro liderava o returno na 28ª rodada, com 47 pontos e na quarta posição, mesmo após a conquista da Copa do Brasil. Andávamos conspirando pelo bi-penta, um pouco constrangidos. Olhando para trás, o sonho era bem menos delirante do que parecia. Nem nas minhas contas conspiratórias o desempenho de Corinthians e Santos caía tanto!
Mas vieram os jogos contra o Coritiba e o clássico, duas derrotas seguidas que interromperam a invencibilidade de oito jogos e adiaram definitivamente o sonho celeste. O jeito era jogar pela honra à camisa e pela água no chope do Brasileirão.
Em campo, a mesma sina de sempre. Um time bem postado, osso duro de roer e sem atacante (que preste). Em relação à escalação do último jogo, Lucas Romero no lugar de Hudson não comprometeu e Rafael Marques no lugar de Alisson foi muito útil para nossa zaga. Tirava todas pelo alto.
É por isso que defendi que adiantemos um meia e tentemos nossa sorte assim até o fim do campeonato, a despeito de sofrermos com a falta de referência. Afinal, a falta de atacante é inevitável, mas jogar com um a menos é opcional.
O chute a gol do Cruzeiro no primeiro tempo foi o único possível e abriu o placar: de Juninho, de bico, de primeira, contra! O restante foi puro sofrimento, com jogadas arriscadas da zaga e muito passe errado.
O empate veio, apesar de mais uma ótima defesa de Fábio. Borja só aproveitou o rebote. O Cruzeiro bem que tentou entregar a paçoca algumas vezes, com falhas de Murilo e Manoel, mas Keno e Dudu desperdiçaram. O primeiro tempo terminou com oito finalizações do Palmeiras e uma do Cruzeiro, se contabilizarmos o nobre Juninho. Mais alguns minutos de primeiro tempo e a virada era certeira…
No segundo tempo, holofotes para Mano Menezes e a alegria e dor de tê-lo como técnico.
O time voltou do vestiário com outra postura, chegando em peso ao ataque e marcando mais alto passou a revezar ataques perigosos com o Palmeiras, nenhum dos times satisfeitos com o empate.
O Cruzeiro já era mais objetivo quando Robinho entrou no lugar de Rafael Marques e desequilibrou o jogo. Com apenas um minuto em campo, após roubada de bola de Thiago Neves e lindo passe de Arrascaeta, deu seu tradicional “totozinho” para encobrir Prass e passar à frente no marcador novamente.
A Raposa era superior, criava chances para ampliar mesmo privilegiando o meio de campo, tabelava com rara felicidade pela direita, exaustivamente com TN30, Arrasca, Robinho e Henrique, mantinha uma posse de bola perigosa e buscava o gol, nem parecia o Cruzeiro…
E então Mano colocou Lucas Silva no lugar de Arrascaeta, nossa última alteração, aos 25 minutos do segundo tempo e no auge da apresentação. A partir de então estávamos com três volantes e três meias 30+, que teriam que agouentar até o fim da partida.
Robinho passou a ser nosso jogador mais avançado e o resto – laterais recuados, meias e volantes formavam um bololô de linhas comprimidas no último ¼ do campo (tive que adaptar a expressão) e um deus olímpio no gol. Nada garante que venceríamos o jogo, mas não precisávamos da deselegância dos últimos 20 minutos.
Quem esteve em campo teve brio e nossa zaga jogou como se disputássemos o título, ao Palmeiras restava o abafa que, entre defesas difíceis e milagrosas, surtiu efeito. Em cobrança rápida de lateral, o time alviverde pegou a defesa desatenta e achou Borja dentro da área de novo. Um belo gol de centroavante – saudades.
Nada mal para quem vinha de ressaca e já não tem pretensões no campeonato, mas fica o gostinho de quero mais FUTEBOL. Hoje Mano tem a justificativa do condicionamento físico de Arrascaeta, da incógnita de Messidoro e nossa ausência de atacantes, mas é difícil engolir um jogo em pleno campeonato por pontos corridos na retranca e sem nenhum jogador de velocidade. Mesmo que o jogador veloz no banco seja Élber. E quanto mais quando a opção “marcadora” é Lucas Silva, que nem marcar marca! Como se levar um gol fosse Série B já! Parece gosto pela feiura.
Hoje nosso amor acordou balançado, Mano. Por mais ousadia e alegria, ou sete longas e gélidas rodadas nos aguardam.
Leia a versão palmeirense do jogo.
Texto em colaboração com o coletivo RAP Feministas
Fotos de Marcello Zambrana / Light Press / Cruzeiro
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