08.06.2010
Postado por Raisa Rocha
A Espanha chegava sendo campeã da difícil Euro Copa de 2008 (viria ainda a conquistar a edição de 2012) e com uma responsabilidade ainda maior por representar o vitorioso e surpreendente futebol espanhol da época, o do inovador Barcelona de Guardiola que encantava o mundo. Esta seria a 14ª participação da Fúria, que nunca havia passado da etapa de quartas-de-final.
Sagrou-se campeã com apenas 1 derrota, modestos 8 gols marcados e somente 2 gols sofridos. Avançou na etapa eliminatória da competição e chegou ao título vencendo os quatro últimos jogos sempre pelo placar de 1×0.
A Espanha de 2010 foi definitivamente a equipe do conjunto. Eram 11 jogadores marcando e defendendo desde a saída do goleiro adversário e 11 jogadores tocando bola e atacando a todo o tempo. Não raramente se via Piqué ou Sergio Ramos dentro da área concluindo em gol.
No inicio da competição a equipe sofria com alguns contra ataques. A imposição de seu jogo de domínio de bola era tão maçante que uma escapada adversária causava temor, isso porque lá na frente havia uma imensidão de jogadas criadas e desperdiçadas. Logo na estréia foi castigada, 1×0 para a Suíça em raro ataque adversário.
A vitória da Espanha foi uma vitória do esquema. Foi a convicção num estilo de jogo que não permitia o desespero, o chuveirinho, mas sim um conjunto. Um jogo que presenteava o espectador com um bem jogar. Um jogo dependente tanto da confiança de cada um no companheiro quanto da frieza de seus jogadores, de continuar tocando a bola e costurando chances até a rede balançar.
Seus 11 habilidosos eram beneficiados por um esquema tático de pressão no ataque, toques rápidos, movimentação e posse de bola. Mesmo assim, a campanha na primeira fase não apontava a Fúria como favorita. Alguns jogos se tornaram complicados pelas chances perdidas que magicamente se descomplicavam pela inspiração de David Villa e Andrés Iniesta.
David Villa, que naquela época havia sido há pouco vendido do Valencia ao Barcelona, com sua habilidade, inspiração e confiança fez a diferença no ataque da Fúria, sendo um dos artilheiros da Copa com 5 gols. Ao final da fase de grupos, dos 4 gols da Fúria ele anotara 3. E na difícil batalha ibérica das oitavas contra Portugal, ele que marcou o tento da vitória. Até o início da copa de 2014, o camisa 9 é o maior artilheiro da Espanha, com 60 gols em 96 jogos.
Em jogo frenético e dramático, até aquele momento o mais emocionante da competição, contra o aguerrido Paraguai a Fúria começou a pensar que poderia fazer história. Foi neste jogo, sem dúvida alguma, que a famosa Sorte de Campeão escolheu as suas cores. O time sul americano jogou como a Roja Espanhola, fechando os espaços e atacando com perigo. Num jogo de dois pênaltis, Casillas (que seria escolhido como o Luva de Ouro) defendeu o cobrado por Cardozo. Mas Villar, o camisa 1 paraguaio também queria seu lugar ao sol e, após cobrança anulada do pênalti convertido por Xabi Alonso, o jogador do Real Madrid foi para a segunda tentativa parando nas mãos do goleiro. Foi só, com o iluminado Villa, em jogada de duas bolas na trave e gol chorado, que a Espanha abrindo mão da tática e indo pra cima conseguiu abrir o placar. Até o fim do jogo, suspense a cada novo gol evitado pelos grandes goleiros em campo. A Fúria estava cada vez mais perto de escrever seu nome na história dos campeões mundiais.
Na semifinal quem esperava um grande jogo pode-se dizer que ficou frustrado. A tradicionalíssima e tri campeã Alemanha dificultou a vida dos espanhóis, num jogo de poucas chances (principalmente se comparado à media de tiros ao gol da Fúria). Finalmente a tão ensaiada jogada aérea surtiu seu efeito, Piqué e Puyol brigaram pela bola no ar, quase se cabeceando mutuamente nesta que seria a bola do jogo. Puyol marca e a Espanha chega pela primeira vez a uma final de copa do mundo.
Como era de se esperar, a final contra a Holanda foi um jogo difícil e bastante violento, principalmente pelo lado laranja. Mesmo assim, a Espanha repetiu a dose de toda a Copa errando alguns gols. O mesmo para Arjen Robben, o maior perdedor de gols em 2010. Com o placar fechado nos 90 minutos a partida se decidiu na prorrogação. Aos 15 minutos finais a Holanda que estava com 10 em campo, John Heitinga havia tomado o vermelho, desejava os pênaltis enquanto a Espanha usava o que restava de seu fôlego para buscar o gol que saiu dos pés de Iniesta. Em jogada polêmica que os laranjas reclamaram impedimento, a bola sobrou para o camisa 6 que encheu o pé na entrada da pequena área para o gol mais importante da história dos espanhóis.