22.11.2016
Postado por Renata Figueira de Mello
Ninguém me contou ou li a respeito. Eu estive lá e me lembro bem do que vi. Era 1999, final do campeonato estadual entre os dois maiores rivais do futebol paulista. Era um 20 de junho. Estava frio, mas não chovia.
Todo repórter tem time, mas quando cobre um jogo tem que esquecer do seu lado torcedor e ser fiel aos fatos. Ser justo com o que assiste, ouve e precisa relatar depois. O meu Santos estava fora da parada, então era bem mais fácil ser totalmente imparcial. Palmeiras e Corinthians se enfrentavam pela segunda partida válida para a decisão.
Morumbi lotado e muita apreensão. O Palmeiras precisava vencer o jogo por uma vantagem de 3 gols, porque o Corinthians havia vencido a primeira partida por 3 a 0. Os dois times estavam em grande fase. A verdade é que o Timão só venceu com facilidade o Palmeiras no primeiro jogo porque o Felipão (Luiz Felipe Scolari), então técnico do Verdão, optou por usar um time reserva e poupar os titulares para a decisão da Libertadores da América daquele ano, contra o Deportivo Cali, da Colômbia (título que o Palmeiras conquistou pela primeira vez).
Detalhe: O Corinthians, que também participou da Libertadores em 99, teve o melhor ataque e o artilheiro da competição (Fernando Baiano) mas tinha sido eliminado da competição, nas quartas-de-final (numa decisão por pênaltis) por quem? Sim. Exatamente o Palmeiras de Scolari. Então imagine só o clima, no Morumbi. Era um clássico que prometia…
Marcelinho Carioca abriu o placar para o Corínthians e levou a galera à loucura… O verdão teria que marcar pelo menos 4 para levar a decisão aos pênaltis. Já com os titulares em campo, o Palmeiras correu atrás… Evair deu alguma esperança, marcando dois gols e levando o placar para 2 a 1… Até que… Apareceu Edilson, o craque, iluminado na partida, marcando sem ângulo, num chute cruzado, o segundo do Corínthians, aos 28 minutos do segundo tempo.
Com o placar em 2 a 2, era claro para ambas as torcidas que o Palmeiras não teria fôlego, em 17 minutos para marcar mais três. E o grito: É CAMPEÃO! ecoava no Morumbi… Foi quando Edilson, feliz da vida, resolveu comemorar fazendo malabarismos com a bola no meio de campo, irritando o lateral Junior e o atacante Paulo Nunes, que se sentiram “provocados”… Veja no que deu:
Pois é… Você viu aí o meu colega narrador dizendo que Edilson agiu mal, dominando a bola, dando uma embaixada e dizendo com o pé a que veio… Eu, que estava bem no centro do gramado achei lindo. A imprensa em geral, condenou. Eu condeno é a violência, promovida por Junior e Paulo Nunes, que transformou o jogo numa verdadeira “tourada”, onde Edilson virou o touro. Até hoje há quem diga que Edilson foi provocador e desrespeitoso… Hãnnn? Jogando bola, fazendo gol e depois dando show de domínio de bola? Discordo. Mas quem sou eu pra sentenciar…
Jogo encerrado aos 30 minutos, porque o árbitro entendeu (com razão) que a pancadaria não ia parar e nem o placar teria chance de favorecer o Palmeiras à esta altura do jogo. Fim do capítulo que entrou pra história.
E você o que acha dele?