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01.11.2016

Postado por Renata Figueira de Mello

O sufoco de 1986. Uma Copa que nos engasgou.

Muitos dos leitores provavelmente nem tinham nascido pra assistir a Copa de 86 no México, afinal, trinta anos exatos se passaram. Mas eu tinha 25 anos e não só assisti, como trabalhei como repórter in loco e sofri como qualquer torcedor brasileiro. E se me perguntarem momentos que me marcaram…? Vários… A seleção brasileira que chegou lá como uma incógnita, depois de muitas confusões na fase preparatória no Brasil, era repleta de craques (Zico, Sócrates, Falcão, Junior, Casa Grande, Careca, Julio Cesar, Müller, entre outros), mas não se acertava e não chegou a encantar, como em 82, apesar de ter, de novo, Telê Santana no comando.

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Getty Images

Mas dentre os momentos que marcaram… Este aqui, que assisti sentada na tribuna da imprensa do estádio Jalisco, ao lado de um jornalista francês… foi de arrebentar o coração. O jogo era decisão das quartas-de-final. A partida terminou empatada porque durante o tempo regulamentar Zico perdeu um pênalti em favor do Brasil… A prorrogação não mudou nada e acabamos indo para a decisão nas cobranças de pênaltis… A primeira foi do Dr. Sócrates…. e foi pra fora…. A França estava em vantagem… E quando chegou a vez do ídolo francês Platini, ele só precisava marcar um!… mas…

Foi nosso último fôlego. Por um instante acreditamos que podíamos ganhar. Pedi um Gitanes (cigarro de marca francesa) para o meu colega ao lado, porque estava tão nervosa quanto ele… Mas de novo um erro, de Júlio Cesar, e a conversão de Fernandez na última cobrança que deu a vaga à França… O colega saía eufórico para colher depoimentos dos torcedores franceses e eu… tão frustada quanto a nossa torcida, entrei ao vivo tristonha, colecionando lágrimas dos torcedores brasileiros para o pool SBT/Record.

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Arquivo CNT

Sim. Foi muito triste. Os torcedores saíram cabisbaixos. Minha missão –  que era registrar grupos de brasileiros comemorando pelas ruas – terminou ali. A seleção dava adeus à Copa invicta nos jogos anteriores. A maior parte da nossa equipe voltou ao Brasil com o time e eu e Flávio Prado permanecemos, para cobrir as semifinais e a decisão do título entre Alemanha e Argentina. Nem a honra de entrevistar Maradona, o grande personagem dessa Copa, e o técnico Carlos Bilardo deram consolo a esta repórter, que também era torcedora, em sua primeira cobertura internacional.

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AP/Arquivo

Dois anos depois, minha experiência pelos gramados me rendeu a apresentação (pioneira para uma mulher, na época) de programas esportivos como o Jornal do Esporte e a TV Mix em dupla com Cleber Machado e a ancoragem do tradicional Hora de Esporte, na TV Cultura. Pois é… o futebol marcou a minha vida e acho que por conta disso e das histórias que vivi, graças a ele, é que fui convidada pelas meninas para compor este time de cronistas esportivas do blog.

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Arquivo pessoal

Pretendo relembrar aqui com vocês fatos marcantes da história do futebol, mas também emoções e bastidores que envolvem esse mundo da bola, que rola a caminho do gol e mexe com o coração de milhares de torcedores! Curiosidades e detalhes que estão por trás do mero registro de títulos e fracassos… como esse nosso, da Copa de 86.

Bem-vindos a bordo desta viagem no tempo!

 

 

A Bola que Pariu