01.12.2016
Postado por Arquivo
O dia 27/11/16 nunca mais será esquecido por nenhum palmeirense. E comigo, não seria diferente!
Acordei inexplicavelmente às 5h da manhã e não consegui mais dormir! Haja ansiedade! O “É” já estava pulando da boca.
O jogo da “final”: PALMEIRAS X CHAPECOENSE.
Por mais que só imaginasse cenas lindas e de comemoração na minha cabeça, não foi isso o que vi.
Estava na Caraíbas já às 9h ajudando a abrir a Porcqueria. Os bares abertos já tinham seus clientes quando a polícia começou a montar as grades segregadoras, já montada nos últimos dois últimos jogos. Só passaria ali quem tivesse ingresso para os setores com entradas pelo portão situado na rua Palestra. Achei que quem estivesse dentro não sairia do cerquinho policial, mas estava errada.
Nunca vi uma cena tão perturbadora. As pessoas foram “convidadas a se retirar” dos estabelecimentos, de dentro da Mancha Verde e etc. Eu não me retirei, pois falei que estava trabalhando no local, que vergonha, eu MENTI. Me prendam…
Me senti enjoada, pois era pra ser um dia de festa, só de festa, quando os vejo descendo a rua e disfarçadamente filmo e penso: que porra eh essa? A rua é direito nosso, está na constituição! E o presidente do clube apoia e fala em todas as suas entrevistas isso, justificando com falsas questões de segurança as medidas tomadas pelo midiático e perseguidor de torcidas, promotor Castilho.
E vi que tinham policiais que infelizmente só estavam fazendo seu serviço, cumprindo ordens, enquanto outros não, curtem o momento e acham legal dizer “você não vai entrar porque eu não quero”.
Vejam o vídeo.
A Caraíbas estava vazia pra mim. Não tinha quase nenhum amigo pra dividir esse momento tão esperado há 22 anos.
Estava na hora de me animar, né? Eu tinha que ir buscar meu sobrinho, o Theo, de 10 anos e passar com ele a emoção dessa “final”. “É CAM” estava começando a subir! Nenhum momento antes desse dia eu disse que éramos campeões, pois o jogo só acaba quando termina ou por lembranças de 2009.
Fui e voltei, passei pelo cercadinho, pois sou sócia do clube e então minha entrada estava permitida. A rua estava festiva novamente, mas eu não encontrei muitos amigos. O que se via era um mar de gente verde após o cerco na Caraíbas.
Eu estava de rosto pintado e com purpurina, cantamos, gritamos e pulamos juntos com os palmeirenses puxados pela Mancha e já era hora de entrar!
Entramos sem filas ou problemas no setor predileto do Theo, o Gol Norte. Tentei comprar o copo comemorativo, mas vimos o último ser vendido. A moça disse que um cara levou 33! Deveria ser 2 no máximo por pessoa, né?
Fomos procurar aonde ver o jogo, lugar que uma amiga, a Bibi sempre fica. Subimos e quando olho, lado errado! Estava tão nervosa que nem sabia pra que lado estava indo mais.
Fui pra última entrada do lado oposto, subimos lá pro alto, iríamos ficar perto da grade aonde a visão fica comprometida ou na escada, quando chamam “moça moça, tem dois lugares aqui. Pode sentar com o seu filho”. Mal a frase terminou e o Theo já estava lá! A gentileza das pessoas ocorre cada vez menos, mas quando ocorre me dá forças pra continuar.
O jogo ia começar ou começou, não lembro direito, pois me abaixei com vergonha, chorando, como estou agora, escrevendo. Estava acontecendo. Eu não estava aguentando a emoção. Eu estava lá, consegui levar o Theo pra viver isso, É CAMPE… Calma!
Cantei muito, vi o jogo o tempo todo, mas ele foi o plano de fundo para o ápice de uma celebração que começou muito antes! GOOOOOOOLLLL, Fabiano, após cobrança de falta em uma jogada ensaiada!
Eu queria gritar, mas alguma superstição não deixava.
Segundo tempo começou, cantávamos e o relógio andou, andou, quase 40′, blin blin (som de quando vão dar alguma info no estádio) e o coração saiu pela boca: “Palmeiras informa – Flamengo 2×0 Santos”. Não teve mais jeito, É CAMPEÃO! É CAMPEÃO.
SOMOS ENEA!!!!!! É CAMPEÃO!
Mas sai Jailson e entra Prass?? Que cena linda o estádio gritando “Jailson, Jaílson” como ele merece! Todos os jogadores vão a sua direção abraçá-lo.
Prass entrou e foi ovacionado!
Foi o jogo de despedida do nossa ex-joinha, o menino Jesus.
A Chapecoense foi brava e não entregou o jogo não!
Enfim, o juiz apita!
Chorei novamente igual a um bebê! Chacoalhei o Theo, saudei com abraços todos a minha volta que, iguais a mim, choravam esse título Brasileiro que representa muito mais do que 22 anos de jejum.
Ele veio para resgatar de vez o que fora perdido a partir de 2002, a confiança! Tenho muito orgulho em ser palmeirense e precisávamos de jogadores que honrassem a nossa camisa e a nossa história. Passamos por anos sombrios, que espero que nunca mais ocorram!
Aprendemos a jogar como um time, a ser uma equipe. Nesse ano de 2016 temos vários jogadores símbolos de uma campanha vitoriosa, não citarei nomes, além de Cuca e do polêmico PN. Gostaria de deixar o agradecimento à comissão técnica, roupeiros, equipe de seguranças, motoristas do busão do verdão e a todos que direita e indiretamente fizeram parte dessa conquista. Obrigada a todos.
A cidade estava verde, de seus monumentos e viadutos à comemoração na Av. Paulista.
Foi o jogo que nos consagrou campeão, ele não fez gol, mas nos ajudou muito com a artilharia e infelizmente fez sua despedida. Nosso menino Gabriel Jejus fez sua despedida muito emocionado após a entrega do troféu, fiquei sem palavras.
Nota de pesar
Infelizmente o mundo nos prega peças. Acontecem coisas que eu e nem ninguém conseguem justificar. Fomos campeões em cima do time da vez, a Chapecoense, que estava indo pra sua primeira final internacional. Um time jovem, destemido. Eles estavam tão felizes. Na terça não tive vontade de fazer nada. Não quis usar meu manto como previsto, pois não era dia de comemorar.
Minha cabeça não estava conseguindo realizar que domingo eles estavam aqui, palpáveis, e depois não. O mix de sentimentos foi horrível. Eu, na verdade, só tenho que agradecer ao time de Caio Jr., que me proporcionou uma das maiores felicidades da minha vida! E não foi fácil não, o time de Chapecó é e sempre foi guerreiro!
Aos jornalistas, repórteres e cinegrafistas que se foram, obrigada pelo trabalho. Descansem em paz todos que perderam a vida nesse vôo. Uma coisa positiva vi, rivais históricos ignoraram rixas e se uniram mostrando que isso aqui é muito mais do que 22 correndo atrás da bola.
#ForçaChapeco
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