30.06.2017
Postado por Letícia Carolinne
Palmeiras 3 x 3 Cruzeiro – Quartas de final da Copa do Brasil
O jogo prestes a começar e a tensão era nítida. O time confirmado era o mesmo do fim de semana, contra o Coxa. Como seriam os primeiros 15 minutos? Seguraríamos a pressão de um Palmeiras que é veloz e de nomes fortes no ataque?
Antes mesmo de conseguir assimilar o que o jogo seria, eis que vem o primeiro gol, já no primeiro ataque. O impacto positivo só multiplicou e veio o segundo gol. Quase inacreditavelmente, na terceira investida do Cruzeiro: 3×0, com menos de 30 minutos de jogo! O Palmeiras abatido, o Cruzeiro perfeito. Do meio pra frente impecável.
Fim do primeiro tempo e estamos todas abismadas. Desconfiadas, olhamos pra Mano no banco, pra Cuca no outro, o que tá acontecendo… Na eminência de uma goleada histórica em pleno Allianz Parque, havia um incômodo no ar, uma tensão nos corpos cruzeirenses alheia à realidade objetiva do primeiro tempo. 3 x 0 fora o chocolate, a súbita Disneylândia incomodava e no grupo do Coletivo rolava uma unanimidade estranha: “me dá um trem quando é assim…”.
Iniciando o segundo tempo, indícios de que não nos ensinávamos. O time voltou sem Lucas Romero, substituido por Hudson, a mesma troca que já havia jogado o time numa espiral dos infernos contra o Coritiba. Mas releva-se, o volante estava amarelado e o Palmeiras sem dúvida partiria pra cima.
Mas o fato é que se a maioria dos jogadores está reencontrando seu futebol, Hudson não tem nem notícia dele. Infelizmente entrou muito mal, novamente.
O time da casa, como sabemos, tem um dos melhores elencos do país, mas com placares desta magnitude todo time adota a tática do bumba meu boi. Mal sabiam eles que é justamente a tática mais adequada para enfrentar o Cruzeiro a qualquer tempo: levante a bola na área. Vá na fé.
Com um time atordoado, um meio de campo sem transição e também frouxo na marcação, o Palmeiras amassou na base da vontade e se instalou um clima de horror a cada lance, inclusive no árbitro. A torcida e os jogadores daquele palestra pressionavam a arbitragem que aceitou passivamente a situação; Dudu, mais particularmente, falava o que quisesse (e fazia também…).
Aos 6’ sai o gol de Dudu. Rápido demais. Mas o placar ainda era fantástico. Aos 14’ Mano Menezes, possuído pelo demônio ou algo assim, promove a seguinte alteração: sai ROBINHO, um dos melhores em campo, e entra ÁBILA. Ninguém entende mais nada. O Palmeiras era só pressão, o Cruzeiro tinha dificuldade em recuperar a bola, e Mano tira um jogador que vinha ajudando na marcação, o cara da transição no primeiro tempo ao lado de Romero, criando as melhores oportunidades para colocar um centroavante pesado… num jogo em que só nos restava o contra-ataque.
Dali pra frente foi ladeira abaixo. Ábila, como qualquer um poderia prever, não encostou na bola e Hudson era um a menos. Era um jogo de ataque contra defesa e nós estávamos como que com nove jogadores.
Leo e Caicedo protagonizaram seu show a parte, desta vez Leo comprometendo menos que Caicedo. Não mais satisfeita em bater cabeça entre si, agora a zaga resolveu bater em Fábio também. Caicedo derrubou o goleiro duas vezes, simplesmente bizarro.
Aos 19’ levávamos o empate, o terceiro gol em lances de sobra do bumba meu boi, com nossos marcadores sempre distantes.
O que é o que é? O time tá ganhando com placar elástico, coloca um atacante; o time leva o empate, faz troca de volante? La mano que no és de Dios…
Aos 25′, o meio de campo de sucesso do primeiro tempo acabava de ser desmontado: sai Ariel Cabral, entra Henrique. Não que o camisa 8 tenha jogado mal, fez bem o que se espera dele. Mas Ariel tampouco vinha mal, e assim ficou decretado desde então que absolutamente nada mudaria. Pelo menos não pra melhor. Três substituições que não montaram uma retranca, apenas destruíram nosso ataque.
E então, até o último apito, foi doloroso. Palmeiras insistindo em forçar o Caicedo, que errava deliberadamente e era salvo por vacilos do ataque ou alguma cobertura desesperada da defesa. Ainda tivemos um último ataque, em relampejo do Thiago Neves que chutou no meio da área e Ábila não conseguiu encostar. O último apito foi acompanhado de suspiro dos cruzeirenses; a imagem que ficou foi de abatimento.
Ninguém acreditou no que aconteceu em 90 minutos. E mesmo que o resultado tenha sido relativamente bom, o que dói foi ver uma postura que mudou tão repentinamente.
Passados o susto e o frio na espinha, recuperemos também a noção de que quem conquistou alguma vantagem fomos nós. O gosto do empate está mais doce na boca deles do que na nossa, mas para isso temos o tempo a nosso favor. Quase 30 dias até o jogo de volta é o suficiente para que o aspecto emocional se arrefeça, e o fato de que apresentamos mais futebol e conquistamos um bom resultado prevaleça para o time e torcida. Dá até tempo pra sonhar com o retorno de Dedé e Manoel, mas seja como for, com o ataque produzindo assim, a ilusão é garantida.
O retorno no Mineirão será épico, como costumam ser os duelos entre os palestras pela Copa do Brasil. Que seja como no primeiro tempo, e que venha a classificação.
Colaborou Ana Clara Costa, Cris Guimarães e Maria Tostão Salomé, do Coletivo RAP Feministas