08.11.2017
Postado por Jaqueliny Botelho
Quem acompanha o futebol brasileiro certamente conhece o Eurico Miranda, figura que divide opiniões de vascaínos e ídolos do clube. Sempre com seu charuto em mãos, o dirigente esportivo é personagem de grandes polêmicas no mundo futebolístico e é a representação mais clássica dos cartolas.
São inúmeras as polêmicas envolvendo o nome do dirigente. Neste ano, ainda que pouco divulgadas na grande imprensa, chamaram a atenção as denúncias de agressões por parte de seguranças do clube a torcedores que protestavam em São Januário contra o então presidente. Em um depoimento para o Esporte Interativo um torcedor relatou:
“O Vasco estava perdendo de 4 a 2, eu e meus amigos estávamos em São Januário e a gente começou a xingar o presidente do Vasco, o Eurico. Aí começou a formar um aglomerado de seguranças, falando que era proibido xingar o presidente e que [isso] estava no estatuto. Eu fui contra eles e falei que era sócio, que pagava e que tinha direito a liberdade de expressão. Eu poderia xingar quem eu quisesse. Foi quando eles começaram a me insultar, me empurrar e me expulsaram de São Januário. Eu levei um soco na costela e eu fui expulso com meus amigos. Quando a gente chegou na porta de fora, do lado do estádio, continuamos xingando o Eurico, veio um segurança e deu um soco na cara de um dos amigos meus que estavam xingando o presidente”.
Esse foi um relato da partida entre Vasco e Corinthians, em junho. Ao longo desse ano, outros relatos surgiram nas redes sociais denunciando novas agressões contra opositores do cartola. Na partida contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, após o clima de guerra, o Ministério Público chegou a pedir que Eurico fosse destituído do cargo, acusando o mesmo de contratar integrantes da Torcida Jovem do Vasco para realizar a segurança dos jogos, pois a organizada está suspensa dos estádios em todo o território nacional.
Ainda sobre o Clássico dos Milhões, disputado em julho, a confusão se iniciou ainda no pré-jogo. Era nítido que o clássico deveria ter sido disputado no Maracanã e o principal motivo era a questão da segurança. Eurico bateu o pé, recusou, disse que seria em São Januário e não recuou. Isso resultou em um clima de guerra ao fim da partida, com a torcida rubro-negra recuada e com os jogadores sem condições de deixar o campo por receio das bombas que estavam sendo arremessadas e também apreensivos com a possibilidade de invasão da torcida vascaína.
Eurico exala a tensão, o clima não amistoso não fica apenas em São Januário está em todo o futebol. Recentemente o ex-jogador e ídolo da torcida vascaína, Edmundo, falou sobre o medo de frequentar São Januário: “Eu confesso que eu tenho medo, de verdade. Tem um staff que vai agredir, que vai xingar e que vai expurgar as pessoas que querem um processo transparente dentro do clube”.
Na tarde do último dia 07, Eurico Miranda venceu mais uma eleição para a presidência do Vasco. Só que, claro, teve polêmica e ela girou em torno de uma urna suspeita que será analisada pela justiça. Segundo a oposição, novos sócios torcedores foram incluídos irregularmente como votantes no último mês. Nessa urna suspeita Eurico teve ampla vantagem e, sem os votos da urna, a oposição venceria.
É a velha cartolagem comandando o futebol e engana-se quem pensa que o período de Eurico está cada vez mais curto no esporte. Mesmo que a oposição consiga judicialmente comprovar a vitória, o velho cartola fez escola. Possivelmente, o Vasco e o futebol ainda escutarão falar sobre outro Miranda. Tal pai, tal filho, o mais jovem Euriquinho Miranda já segue o mesmo caminho.
Por Jaqueliny Botelho