11.12.2017
Postado por Raisa Rocha
São Paulo, 11 de dezembro de 2017, 12 dias após a conquista da América
Estou em crise, psicológica e emocional. Passaram-se pouco mais de 10 dias da conquista da Libertadores e vocês devem ter percebido o meu silêncio. Peço desculpas aos que gostariam de me acompanhar e saber mais das loucuras de estar na Argentina, mas na realização do momento pelo qual esperei a vida inteira, não consegui me expressar. Nada do que cogitei seria compatível à grandiosidade do Grêmio e do TRI da América. Nada compatível à maneira como o time jogou ou como nossos jogadores viveram o título como verdadeiros gremistas. De repente, eu não tinha nada para falar perante o sonho que acontecia. Eu enlouqueci.
Nos minutos que antecederam o final da partida eu estava com a cabeça enfiada num buraco de grade de cancha argentina. Dali o Grohe se ajoelhou e chorou de frente para mim. Choramos. Ali começou o mundial.
Gremistas, temos um time de gremistas! Todos eles, que nos dias que se seguiram mandaram para os infernos todos os protocolos do profissionalismo e foram seres humanos bêbados, loucos, provocativos, descontrolados, rivais, eufóricos. Cada um deles, imortalizado, cada um deles como nós; TORCEDORES. O que mais podemos pedir? Eu quero morar neste Grêmio.
Chegou o nosso momento, nós, que temos o Mundial como caminho, cá estamos, com Renato outra vez. Eu acredito neste Grêmio do Romildo, do Renato, do Grohe, do Edílson, do Léo Moura, do Cortez, do Oliveira, do Geromel, do Kannemann, do Bressan, do Maicon, do Michel, do Arthur, do Jaílson, do Ramiro, do Luan, do Fernandinho, do Everton, do Jael, do Barrios!
Eu não quero acreditar neste Grêmio, quem inventou essa ponte aérea? Era melhor nem termos ido para os Emirados, lá dorme o monstro da semifinal. Que os deuses todos nos livrem dos perigos da semifinal! Não, com o Grêmio não!
Raisa, tu sabes que o Grêmio com a bola no pé pode, inclusive, te iludir a ganhar um hipotético jogo contra o Real Madrid, não sabe? Não temas! Nem a semifinal, nem o Pachuca. Esse é o melhor Grêmio de todos os tempos, que sobrou durante toda a Libertadores e dá aula para o Brasil inteiro desde 2015, não é?
E se há algo ou alguém mais louca que eu, esta é a Conmebol: que erro tremendo essa mudança no calendário! Já havia me desagradado à época em que foi anunciada e agora, vivendo esta nova realidade de modo tão intenso, reitero minha discordância. Que loucura colocar seus afiliados em situação tão vulnerável, sem tempo para digerir, sem permitir aos seus torcedores que acompanhem seu clube em massa… E digo mais, não se trata de Grêmio aqui, isto é ruim para toda a América do futebol. Se a Copa terminasse no meio do ano, como sempre foi, o Grêmio ganharia igual pois também atingimos ali um nível de atuação altíssimo.
Como é que os caras vão ter cérebro pra jogar um troço desses já, assim, tão pouco tempo depois?
Não é mistério nenhum, para o país inteiro, que o Grêmio concentrou suas forças desde o início do ano na conquista da Copa Libertadores da América. Tudo foi em prol do 29 de novembro. E agora, como colocar novamente os jogadores em ponto de bala, naquela competitividade que amassou o Lanús?
Eles ficaram quase três dias comemorando, imagina a ressaca! Mal deu tempo de qualquer coisa e já estavam novamente no aeroporto, pra uma viagem de 30 horas. Como que essas criaturas vão conseguir conquistar o planeta assim?
Acalma, o time inteiro vem falando sobre isso nas entrevistas. Renato e Geromel responderam a essa pergunta hoje. Se eles falam, tu deveria acreditar.
Logo penso em nós, meros mortais em situações de stresse e na maneira como nosso corpo e mente reagem: mulheres em longos trabalhos de parto, situações de perigo ou saúde conosco ou algum ente, grandes projetos (um casamento, uma viagem, a compra de um imóvel, uma conquista profissional), situações diversas que nos obrigam a manter o estado de alerta e a superação dos limites. Até o momento em que a coisa acontece e PÁ: a reação automática deste corpo humano (e não máquina) e desse cérebro é a de relaxamento, desmaio, apagão e demais sinônimos que quiserem.
Te liga, eles fazem somente isso da vida, treinam corpo e mente, tem os melhores profissionais pra tratar cada unha, cada neura, cada coisa. Olha o Renato, olha o que ele já mostrou ser capaz de fazer. Eles vão parar e descansar até cansar depois, lá pelo dia 20 de dezembro. Eles estão focados!
Não tenho medo do Pachuca, sinceramente, tenho medo da proximidade das duas competições e de como o Grêmio irá reagir. Tenho medo de acreditar. Eu, justamente, aquela do tipo incondicional acima de todas as circunstâncias, desta vez estou receosa. E isso não tem nada a ver com Renato não ser técnico ou com a ausência do Arthur. Aliás, se o Grêmio conseguir entrar e jogar o que sabe, passa do Pachuca no primeiro tempo e aí, amigos, tudo é possível. Tudo é possível!
Olha que infelicidade que é o destino. Nosso maior adversário é justamente ela, a taça. A última das três. Ela enfeitiçou os jogadores, tá brilhando, reluzindo, ofuscando a atenção da gurizada. Eles não param de tirar foto, de beijar, de grudar nela, como que eles irão querer outra logo, já?
Esse Grêmio já nos mostrou que pode coisas além daquilo o que poderíamos imaginar em pedir. Chegou a nossa hora, vamos para a semifinal, vamos acabar com esses caras! Dentro de campo temos toda a capacidade de vencer esse jogo e outros mais. Eu sempre confiei, todos nós confiamos em coisas muito mais impossíveis. Nada é fácil e nada é impossível para o Grêmio.
NÓS VAMO ACABAR COM O PLANETAAAAAAAAA!!!!!!!!!
Metade de mim não dorme e sente medo. A outra metade tá pronta para o que der e vier e quer acabar com o planeta!
Foto de capa de Lucas Uebel/Grêmio FBPA