13.12.2017
Postado por Raisa Rocha
Grêmio 1 x 0 Pachuca – Semifinal da Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2017
Foi difícil. Foi desesperador. Foi na prorrogação. Foi semifinal de Mundial de Clubes (FIFA). Foi Grêmio!
Arthur é a personificação da posse de bola e do estilo de jogo do Grêmio em 1,70m de altura e sua falta no meio de campo é imensurável. Michel não conseguiu nem de longe dar ao time o ritmo ou a contenção de bola de que precisa e está acostumado, empacou um meio afastado das linhas de ataque e atrasado na marcação. O Grêmio do primeiro tempo esteve irreconhecível no que diz respeito à compactação habitual e foi preciso que Renato deslocasse Ramiro pra que o TRIcampeão da Libertadores passasse a ter alguma vantagem. Sem o time conseguir se posicionar pra saída de jogo, Luan foi quem mais sentiu esta mudança, tendo que ir na faixa central buscar aquela bola que o Arthur amaciava.
A bola queimou por boa parte da primeira etapa e só aos 5′ o Grêmio ensaiou trocar passes, sem êxito. Aos 16′, Edílson em cobrança de falta mandou um aviso pro goleiro, mas foi só, quem tinha e manteve a bola e a meia cancha foi o Pachuca. O tempo se arrastava, o juiz em postura disciplinadora parava a partida, com alguns lances ríspidos. O Grêmio não dava indícios de seu jogo e terminamos os primeiros 45 minutos com um herói em campo.
Cortez, o lateral que diziam não saber marcar, foi um monstro. Que homem! Travou duas conclusões na hora da verdade, evitou uma tragédia mexicana e guardou novos milagres de Grohe para outra oportunidade…
Ramiro foi gigante mais uma vez, correu, mordeu, marcou e apareceu na área pra concluir. Na experiência dos seus 24 anos e quasse 200 jogos com a camisa tricolor, trouxe o sangue e a catimba latinos pra Al Ain.
Geromel e Kannemann são a maior dupla de zaga da história do Grêmio, tiraram todas. Cristiano Ronaldo, Benzema, Bale e quem mais vier irão sofrer os percalços da ousadia de tentar ultrapassá-los.
Segundo tempo em semifinal com zero a zero é tudo ou nada! Era preciso ao Grêmio empurrar, chutar a bola no gol e naquele goleiro atrapalhado, de baixa estatura, alto peso, idade avançada e braços curtos. Ramiro encorpou a linha de volantes, garantindo mais presença no setor e buscando retomar a superioridade e a pressão na saída de bola, aquela que nos levou ao lugar mais alto da América e ao Mundial. Luan estava mais solto e chamando o jogo, no seu melhor estilo. Não eram ainda 10′ de jogo e Renato começou a bruxaria.
Jael mais uma vez entrou na vontade e passamos a ter 11 em campo. Barrios vem fazendo partidas de utilidade tática e pouca presença ofensiva, além de que não tem recebido as bolas que precisa (ou não tem conseguido se posicionar para tal).
Ainda assim, acho mesmo que os torcedores do Grêmio deveriam ter um pouco mais de gratidão e memória antes de continuarem esculachando o centroavante contento y matador. Recordam-se das quartas-de-final da Libertadores, contra o Botafogo? Claro que sim, foi há pouco tempo, num mero 20 de setembro. Pois bem, tenham respeito pelas três cores e não sejam esse torcedor ingrato em pleno auge das nossas vidas. Sobre a minha opinião, não sou favorável à permanência do jogador pelo alto salário que recebe e também porque passou boa parte da temporada no departamento médico, praticamente sem nunca ter completado uma partida inteira sem substituição. Em segundo, Lucas é um tipo de jogador andarilho, com 13 clubes em 14 anos de carreira.
De volta ao jogo, Renato não poupa mística e na sequência ousou: tirou Michel e mandou Everton, o Cebolinha, o guri copeiro e que gosta do gol, aquele que decide vagas. Ele abriu pela esquerda, Fernandinho foi pra direita e Ramiro recuou. Luan apanhava sem parar e o Grêmio ia tomando conta do jogo, ainda sem chances de gol.
Tivemos uma falta do Edílson que passou raspando a trave e balançou a rede por fora enquanto o goleiro olhava, estático (o que vem jogando o nosso lateral direito é uma barbaridade, quanta segurança!). Tivemos Luan sem reação ao receber uma bola inesperada na pequena área em um escanteio. E nada parecia poder evitar a prorrogação que nos aguardava.
Pra lutar na meia hora final do dia mais importante das nossas vidas (até sábado), Renato chutou o balde e mandou o Léo Moura pro jogo na do Edílson; pra avançar e dar velocidade junto ao Fernandinho na direita.
O que estava faltando até ali? Chutar a por** da bola no gol. O que Everton faz quando entra no meio do jogo? Decide. O que Everton é? Predestinado. O que Pedro Rocha, de torcedor no estádio, deve ter pensado da performance do guri por aquela ponta que tanto eles revesaram?
Um golaço! Balançou pra cima do marcador e bateu com força, na raiva, na rede. Faltavam então 25 minutos. O coração batia aliviado, o temor dos penais ia embora. O Grêmio dominava o Pachuca, abalado e esgotado em campo (a vitória sobre o Wydad Casablanca havia sido também em prorrogação). Com a bola no pé e no campo de ataque, no fôlego dos jogadores que entraram e na habilidade de Luan passamos. Mazembe só tem um, Grêmio só tem um, respeitem esse time! A semi já era, agora o que vier é lucro. E que venha o Real Madrid.
PS.: Confesso que entrei pro jogo embalada no clima do “esse Pachuca é uma porcaria e nós vamos ganhar esse jogo no primeiro tempo”. Que hábito feio de minha parte, mas que culpa tenho eu se este Grêmio é um espetáculo?
PS.: Que público ridículo! A cantoria foi bonita e o time se sentiu em casa, mas nem 7 mil pessoas pra um jogo dessa grandiosidade é um sinal de alerta para as escolhas da Dona Fifa, todas em prol do capital. E pudera, em tempos de crise a elite também se ressente de investir mais de 10 mil golpes num jogo de futebol…