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19.03.2018

Postado por Raisa Rocha

Nunca foi tão fácil!

Grêmio 3 x 0 Internacional – Quartas-de-final Campeonato Gaúcho 2018

Pedro H. Tesch/Ag. Eleven/Gazeta Press

Pedro H. Tesch/Ag. Eleven/Gazeta Press

Houve um tempo em que era difícil como um parto o Grêmio ganhar um Grenal. Títulos então, nem se fala. Mas esse tempo passou e como diz meu amigo Lúcio Flávio, nunca a disparidade entre os dois times foi tão grande. Desde que os ventos do sul viraram, no mar vermelho a ressaca não tem fim e as ondas azuis são espetáculo de perfeição.

A Arena do Grêmio viveu na tarde de ontem a terceira goleada do tricolor mais copeiro contra o seu rival (ainda temos rival?). Pudera, já faz algum tempo que o Grêmio vem plantando e colhendo os frutos da continuidade, segredo raro e infalível no futebol. Começou com Roger Machado, chegou Renato, saiu um Giuliano aqui, um Walace acolá, surgiu um tal de Arthur, se foi Edílson na direita, outro Barrios na frente… e o ajuste se refina a cada ano! Contra isso, cabe a resignação do Inter, de seu treinador, seu capitão, seus homens de terno e seus torcedores, que podem mesmo é transpirar muito esforço na tentativa de derrotas pelo menor número de gols quanto for possível.

Vinicius Costa/Futura Press

Vinicius Costa/Futura Press

O país inteiro sabe da força da trinca Marcelo Grohe, Pedro Geromel e Walter Kannemann. O capitão Maicon há algum tempo vem dizendo que “pelo chão a gente não toma gol”. É a pura verdade, foi por cima que o Inter fez o seu mínimo (ou máximo, a variar pelo ponto de vista), consagrando o já eterno Marcelo Grohe. A muralha tricolor salvou ao espalmar cabeçada de Patrick e também segurou dois tiros na pequena área à queima-roupa de Rodrigo Dourado; um deles no primeiro tempo, logo aos dois minutos, e mais outro no final da partida, já com 3×0 no placar, lembrando o milagre de Guayaquil. E só.

GRE - Ducker6

Pelo chão ninguém entra na nossa defesa, ninguém corta as nossas linhas da maneira como fizemos no gol do Everton, que abriu o placar na finaleira do primeiro tempo em jogada de puro sangue frio do qualificado e entrosado coletivo tricolor (que bola do Ramiro!).

Em resenha do clássico passado, apontava que na bravura e no jogo feio o Inter tentou igualar e empurrar o Grêmio aos solavancos na busca do empate. Pois dessa vez, nem isso. Sob muito calor, no primeiro tempo o colorado buscou anular o tricolor e até conseguiu, em partes, sob o custo de praticamente não criar. Mas jogar somente na defesa contra esse Grêmio é postergar e o castigo veio antes do apito para o intervalo. Na segunda etapa só o Grêmio tocou na bola e teve todos os rebotes até sair o segundo gol, aos 17 minutos, numa histórica cobrança de falta de Jael.

Cruel, homem cruel com os incrédulos! A superação que esse jogador do Grêmio e de Jesus Cristo vem nos mostrando é um capítulo à parte que, quem sabe, tratarei em outra oportunidade. Resumindo, tem calado todas as críticas com muita entrega e mais ainda, gols e assistências. Ainda há muitos que se referem ao atacante como um jogador de pouca técnica. Perdoai-vos, eles são os mesmos que compararam o Inter ao Grêmio e que cravaram que era o time do Beira-Rio que tinha mais possibilidades de vencer as quartas… Eles não sabem o que dizem!

GRE - Ducker3

“É difícil jogar contra o Grêmio, o Grêmio é muito inteligente pra controlar a partida”, falou Renato na entrevista pós jogo. Eu complemento dizendo mais uma vez que “como é difícil ser colorado nos dias de hoje”.

RAPIDINHAS

Arthur voltou, fez gol e mostrou que não esqueceu em nada de como se joga bola. O Grêmio obviamente subiu e sobe de patamar com o guri em campo e mostra que fez a maior venda do milênio por garantir a permanência do craque por ainda mais um ano com as três cores.

Os clássicos em sequência mostram que o Grêmio está pronto, muito pronto, para o que der e vier. E que será neste ano ainda mais forte do que terminou o 2017, quando foi o melhor time e campeão do continente.

Quanto ao Inter, fica a dica, se não mudar MUITO, a Série B está logo ali mais uma vez. Serenidade e humildade são as receitas para o clube, que parece até estar no caminho visto a entrevista cabisbaixa de D’Alessandro, quando admitiu a superioridade atual do time e do clube tricolor e que na quarta-feira a classificação está em segundo plano, sendo uma vitória o máximo que poderia dar à maltratada torcida vermelha, e que a reestruturação em processo ainda levará bom tempo para se firmar.

Registro e satisfação em ver nas cadeiras superiores, setor ocupado por grupo de torcedores com ideais contra o fascismo nosso de cada dia, faixa lembrando do difícil caso contra o Estado de direito ocorrido na última semana com a execução da vereadora Marielle Franco. Mulher, mulher negra, mulher negra lésbica, mulher negra lésbica socióloga, mulher negra lésbica socióloga militante, mulher negra lésbica socióloga militante em prol dos direitos humanos. Ah, bom destacar que sabe-se lá por qual razão, a faixa foi retirada por membros da segurança privada da Arena… Tentarão sempre nos calar e acreditar que no futebol tudo pode, menos o povo se manifestar politicamente. Não passarão. #MariellePresente

faixa tribuna

Em tempo, minha singela e indispensável homenagem a Fernandão, que na data de ontem completaria 40 anos.

Gigante, digno, trouxe grandeza ao Inter e alegria ao povo colorado. Como torcedor do Internacional que também era, o ídolo por certo não deixa de acompanhar seu time de onde estiver e também, com certeza, sente a tristeza que acompanha os seguidores do vermelho e branco de Porto Alegre. Mas é também na sua figura que o colorado hoje se apoia sabendo que dias melhores hão de vir, como sempre é na vida e no futebol. Um grande atleta, um grande homem que engrandeceu o futebol, sempre respeitou o Grêmio e recíproca e merecidamente tem todo o respeito e reconhecimento da massa gremista.

Mauro Vieira/Ag. RBS - Fernandão estreiou em GreNal e marcou o gol de número 1000 do confronto

Mauro Vieira/Ag. RBS – Fernandão estreou em GreNal e marcou o gol de número 1000 do confronto

 

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