28.03.2018
Postado por Roberta Pereira da Silva
Palmeiras 1(5) X2(3) Santos – Semifinal do Campeonato Paulista 2018
Recuso veementemente em me referir ao “futebol” em letra maiúscula. Atribuir ao esporte dos pés místicas exageradas, poderes mágicos ou características que o afaste do humano. O futebol em minúsculo é realizado por mulheres e homens vivos e ativos, capazes de lhe imputar características genuinamente humanas. E ontem, na partida pelas semifinais do paulisteco entre Palmeiras x Santos, a atividade esportiva dos 90 minutos nos exemplificou mais uma vez como as características não de Deuses, mas contraditoriamente humanas estavam postas.
O Santos completamente desacreditado, por toda mídia esportiva, enquanto o time da Turiassú apenas cumpriria tabela. O dia percorreu ao som de uma retórica lógica baseada em retrospectos, recursos investidos, estatísticas quanto à habilidade dos jogadores além, é claro, dos piadistas travestidos de jornalistas com seus sensacionalismos baratos.
Perdemos o primeiro jogo por 1×0, fato. Contudo, quem acompanha o futebol está cansada(o) de saber que a reversão de um 1×0 é totalmente possível. Mas tal fato foi ignorado pelos espertos. A história do Santos ignorada, o tamanho da equipe e a qualidade dos jogadores em campo desconsideradas e, o mais importante, se o dinheiro e as análises fossem capazes de ganhar todos os jogos, talvez não estaria aqui escrevendo sobre esta partida.
O improvável é um dos motores do futebol e nos dias tão bárbaros em que a vida vale nada e que o humano é desprezado, acreditar no improvável é fundamental. Sair das retóricas cotidianas de que nada vai dar certo, que tudo está dado e é pra já. O movimento muda a vida, a força muda a vida, o coração muda a vida, a luta muda a vida e a mantém. Alias, é preciso documentar que no dia de ontem, em um lugar bem pertinho do Pacaembu chamado “Casa do Povo”, um time de mais de 100 mil jogadoras(es) que perdia de 28 x 0 para um imperador nanico conseguiu reverter a partida. O que estava em jogo: DIREITOS! Neste caso, foi muita alegria na vitória.
O Santos abriu o placar aos 13 minutos do primeiro tempo e a euforia tomou conta dos corações aflitos. Aliás, cada órgão impulsionador dos jogadores santistas estavam amplificados. Eles acreditaram. Mas eis que vem o gol adversário. E a euforia se torna aflição. Porém, aos 39 ainda do primeiro tempo, Rodrygo converte e para quem ainda tem dúvidas, afirmo: o menino é muito, mas muito bom! Precisávamos apenas de mais um gol para passar direto às finais. A equipe se fechou e acreditou até o apito, aos 47 minutos. Pênaltis, eu particularmente tenho dificuldade em assistir pênaltis, mesmo que não sejam do meu time, mas estava ali a chance da virada.
Importaria aqui descrevê-los? Não! Ao final das cobranças, uma alegria tomava conta dos corações das torcedoras (es). Uma sensação de alívio, de fortalecimento, uma sensação que daqui pra frente tudo é possível, que estamos vivas (os) para enfrentar o Brasil e a América. A cabeça erguida e o peito estufado tomou conta das Santistas. Estávamos satisfeitas (os). Não, minhas caras (os) leitoras (es), o Santos não se classificou, mas o futebol ainda em minúsculo é capaz de propiciar alegrias, mesmo nas derrotas.
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