Corinthians, Campeonato Paulista
09.04.2018
Postado por Marcela Ferroni
Palmeiras 0 (3) X 1 (4) Corinthians – Final Campeonato Paulista 2018
Desde a classificação contra o São Paulo aprendi a confiar nesse time até o fim, ainda mais depois do apoio histórico de mais de 37 mil loucos do bando na Arena Corinthians, na sexta-feira, para um treino recreativo. Como sair ileso do que foi aquele momento mágico? Os jogadores no meio do corredor de torcedores, alucinados para apoiar o time no momento possível, um vez que a papagaiada da torcida única impediu nosso acesso à partida final; as arquibancadas em festa, exalando seu “Não” ao futebol moderno com sinalizadores, bandeiras com mastros, instrumentos musicais… Aquilo foi o ápice do que representa a paixão pelo futebol e a reafirmação do ópio e do que ele significa em nossas vidas, haja vista a semana dura que tivemos: julgamentos injustos, ameaças à democracia, nomeações duvidosas à CBF e por aí vai…
Confiei nesse time assim como toda a nação corintiana e nem precisamos de muito tempo para comprovar que não seria em vão, antes mesmo dos dois minutos de partida fomos agraciados pelo gol de empate no placar agregado! Pronto, dali em diante estava tudo igual novamente, tudo podia mudar a qualquer momento para ambas as equipes, mas mostramos que nosso time apesar de modesto pode ser bastante aguerrido e que em clássico tudo é possível.
O jogo foi bom, principalmente o primeiro tempo, tendo sido bastante disputado, sobretudo na bola, como deve ser uma partida de futebol. Com o gol logo no início, o Corinthians pôde jogar a seu “estilo”: consistência defensiva e aposta nos contra-ataques, o que obrigou o Palmeiras a tomar a iniciativa das principais jogadas ofensivas, até porque estava em seus domínios e com toda arquibancada a seu favor.
Com o time praticamente todo atrás, ligar os contra-ataques foi uma dificuldade, não havia com quem sair jogando quando a bola estava nos pés alvinegros. E é bem verdade, o Timão muitas vezes, para não dizer a maioria das vezes, rifou a bola da defesa ao ataque e enervou o técnico, que pedia mais posse de bola. Já pelos lados verdes, a aposta foi no lado direito com Dudu na construção das jogadas, o que tornou o time um tanto quanto previsível e apesar do elenco pomposo e inumerável, a versatilidade não foi o forte.
O segundo tempo transcorreu também nessa “pegada”, Corinthians marcando forte e Palmeiras apertando, tentado furar o bloqueio. Há que se ressaltar que nosso time não tem repertório para variar esquemas, não temos sequer um centroavante, os reservas não tem qualidade técnica à altura dos titulares e Jadson retornava ao plantel sem as plenas condições físicas, questões analisadas apesar de nossa fé e confiança no time que viria se sagrar campeão estadual pela 29ª vez.
Talvez o fato mais marcante da partida tenha sido o pênalti marcado e bem anulado pela equipe de arbitragem (segundo nesse mesmo local entre esses times no ano). Não vou dedicar muitas linhas a isso, mas o que é preciso ser dito é que o árbitro auxiliar está ali para isso, “auxiliar” o primeiro árbitro e fez seu papel, outra questão é que os mandantes favoráveis ao árbitro de vídeo teriam o penal também anulado pelas imagens, que foram claras ao mostrar o toque de Ralf na bola antes do toque em Dudu, então o que nos resta? Para mim, reclamações sem fundamentos e desprezo ao título pelo simples fato de o ter perdido.
Mas voltando ao que foi o jogo, no término tínhamos igualdade no placar agregado e a necessidade dos penais para decidir o campeonato, como foi nas semifinais entre Palmeiras e Santos e Corinthians e São Paulo.
Novamente todas aquelas sensações, aquele suor frio, aquela tensão, aquele pulsar incessante do coração na garganta, aquele receio de toda confiança se esvair em um piscar de olhos… Mas não, dessa vez não, nossa confiança e a de nossos atletas de que poderíamos sair campeões apesar de todas adversidades prevaleceu. Cássio foi o herói das penalidades e defendeu dois pênaltis colocados. Perdemos um com Fagner, é verdade, mas os outros batedores não desapontaram e toda a ansiedade rompeu-se em alegria, em êxtase, em gritos e ecos de Campeão, aliás Bicampeão.
Teve um gosto especial, ninguém vai se furtar a admitir, a conquista como foi: sem nossa torcida nas arquibancadas, na Arena verde tomada pelo maior público já registrado em seus domínios, numa reedição de outra final estadual ocorrida há 19 anos atrás, com um time sem grandes estrelas… Por essas e outras não vamos desmerecer o título estadual, afinal só quem é “Corinthians” de verdade sabe que até treino recreativo vale a torcida e como vale…
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