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02.04.2018

Postado por Colaboradoras

Uma nuvem negra no céu do paraíso

Corinthians 0 x 1 Palmeiras – Final do Campeonato Paulista 2018

Fernando Dantas Gazeta Press

Um shorts confortável ou uma calça jeans? Encarei essa dúvida terrível enquanto decidia qual peça de roupa combinaria melhor com o manto negro novo e invicto naquele dia especial. Nessas horas valem todas as superstições, é melhor não arriscar! Tênis comum ou cano alto? Quem sabe um chinelo de dedo mesmo! Era o primeiro jogo da final do Paulistão contra meu arquirrival, após um confronto histórico e inesquecível ocorrido há 19 anos. A indecisão no que vestir era apenas o reflexo de uma ansiedade incontrolável que me fez sair de casa ainda por volta do meio dia.

A caminhada de 200 metros que divide o estacionamento até o bar onde encontro os amigos antes dos jogos, na Artur Alvin, fez com que eu me arrependesse amargamente da escolha que fiz: fazia um calor escaldante e eu havia optado por ela, a bendita calça jeans!

“E aí, Corinthians!” sou cumprimentada ao chegar no bar! Essa é a nossa forma de perguntarmos uns aos outros “E aí, como você está?”. É como se o Corinthians definisse nosso estado de espírito, sabe? E ele define! Como bem afirmou nosso eterno Dr. Sócrates.

Uma caipirinha pra acalmar (e refrescar). Duas. Pode ser três, se não for pedir demais! Os amigos começam a chegar: de Sorocaba, do Paraná, de Brasília. Teve até gente que veio dos EUA apenas para assistir ao jogo, com passagens de volta compradas para logo após o término da partida. O Corinthians é foda!

Olho o celular e o relógio aponta 15:45, é hora de levantar da mesa e se dirigir até a Arena, numa agradável caminhada de aproximadamente um quilômetro e meio com a companhia de irmãos, todos juntos pelo Corinthians!

Já no meio do percurso e com o relógio marcando 16:00, olhar para o céu era como prever o que estava prestes a acontecer: aquele sol escaldante do meio dia havia dado lugar a nuvens negras que cobriram rapidamente o céu de Itaquera.

Fernando Dantas Gazeta Press1

SEIS MINUTOS foi o tempo necessário de bola rolando para que o time verde abrisse o placar após distração incomum de nossos marcadores. Faz tempo, muito tempo, que sofremos com escanteios, faltas na esquina do campo e cruzamentos eventuais desde a linha de fundo.

Na frente do placar logo no início do jogo, ficou mais fácil para o adversário impor sua estratégia de anular o que, por hora, temos de melhor: a capacidade de criação e finalização de Rodriguinho, assim como a velocidade de Clayson para abrir espaço nas defesas adversárias.

Bem marcado, Rodriguinho não conseguiu se infiltrar entre as duas linhas de marcação e, por vezes, chegou a ser cercado por três jogadores adversários.

Clayson, que vem sendo nosso desafogo desde o fim da temporada passada, além de ter sido insistentemente desarmado por Marcos Rocha, perdeu o maior duelo da partida quando caiu na pilha de Felipe Melo e levou cartão vermelho, assim como o palmeirense.

Com 1×0 a seu favor, o adversário nos entregou a bola e levou vantagem com nossa falta de intensidade, tão presente nos últimos jogos. Não parecia, mas eles estavam no controle! Com a bola nos pés e sem criatividade no meio, não temos sequer a opção de alçar bolas na área, pois não temos ninguém que possa representar algum perigo em bolas aéreas.

Bastou o apito final para que aquelas nuvens negras que cobriram nosso céu liberassem um verdadeiro temporal. Nem mesmo a derrota inesperada foi suficiente para impedir uma festa na arquibancada, tampouco que, ainda que de baixo de chuva (e de calça jeans molhada), fizéssemos o percurso de volta cantando músicas de amor ao Corinthians!

Nada está perdido! E uma boa vitória na outra ponta da linha vermelha do metrô será absolutamente natural. Afinal, até uma nuvem negra no céu do paraíso pode ser perfeita e ter seu sucesso no caos!

 

Fotos de Fernando Dantas/Gazeta Press

Por Tatiane Araújo

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