15.04.2018
Postado por Ana Clara Costa Amaral
Cruzeiro 0 x 1 Grêmio – R01 Campeonato Brasileiro 2018
Pareceu uma eternidade, mas o Brasileirão voltou. E o primeiro passo na busca pelo pentacampeonato foi já um Cruzeiro x Grêmio encarado por muitos como uma final antecipada, não sem alguma razão. É o encontro dos dois clubes mais copeiros do Brasil, porém em território mais hostil aos gremistas – Mineirão e pontos corridos.
Contudo, sem Luan e Geromel pelo lado tricolor, a partida estava longe de ter um caráter de tira-teima e cabia ao Cruzeiro a responsabilidade da vitória. Com uma semana de descanso, o time seria o mesmo da bela festa do último fim de semana e o único objetivo eram os três pontos.
Se de fato descansaram, não sei; mas o Mineirão foi da festa à siesta. Um time lento, que marca à distância até a linha da sua grande área e que não conseguia trocar quatro passes. Durante o primeiro tempo, a posse de bola do Grêmio foi tanta, com tantos passes de lado, e a conformidade dos marcadores celestes tão patente que até as arquibancadas tiravam um cochilo.
A disposição do time na finalíssima da semana passada pode ter nos iludido, mas os jogos da semifinal e ida da final do Mineiro, e contra o Vasco pela Libertadores, são lembranças muito recentes do coma de feijão que pode acometer este time. A mesma formação pode jogar mais, como vimos. Mas por enquanto, a exceção foi a atuação contra o Atlético-MG, e não o contrário.
Não adianta chover no molhado quanto a Henrique e Ariel Cabral, a cabeça de Mano opera de formas misteriosas. Ou nem tanto, pois de fato foram um pilar importante ano passado e são mesmo bons jogadores, individualmente. Cabral por exemplo é o craque da pelada, aquela visão de jogo gostosa, execução perfeita e serenidade no olhar de quem não está numa partida de futebol profissional, e esse é o problema. Como se Mano já não gostasse, todos são obrigados a recuar e dar uma mãozinha no tranquilo pastoreio do meio campo.
Após um primeiro tempo morno, assistido de camarote por Fábio e Grohe, voltamos com Sassá no lugar de Rafael Sóbis. Mesmo que rechonchudo, deu mais calor na saída de bola gremista, mas nada que estivesse articulado com o restante do time.
Aos 7’ da etapa final, em um lance estranho de Egídio, Ramiro aplicou um drible de pelada cruzou para a área enquanto Henrique desistia de acompanhar Everton. Ele raspou de cabeça e a bola sobrou para André Bebezão marcar o único gol da partida.
A partir daí, e mesmo com a expulsão de Kannemann, o Cruzeiro teve dificuldades de manter a possa da bola e cavava escanteios e cruzamentos, sem perigo. Mancuello entrou no lugar de Cabral em busca da dinâmica perdida, mas apesar de mais leve e mais rápido, não conseguiu agregar a um time desarticulado. Rafael Marques no lugar de Robinho, como podem imaginar, não ajudou em nada e talvez tenha até piorado, mas era um risco que valia a pena ser tomado. Mais valia um grandalhão na área e torcer pelo melhor, já que as demais peças ofensivas estão fora de combate.
Uma canelada aqui, muita cera acolá, a melhor chance de gol foi ainda do Grêmio, em grande jogada de Everton e defesa de Fábio. Ficou de ótimo tamanho para a tarde de soneca, que teve por alento apenas Dedé (que homem!) e a certeza de que mais do que a boa vontade do suposto time titular, esperamos também o retorno de opções no elenco para o jogo cascudíssimo que nos espera na quinta-feira.
Ao fim da partida, cruzeirenses sendo cruzeirenses: se honra a camisa, o time sai aplaudido mesmo se derrotado. Jogando dessa forma, sairia vaiado mesmo se uma vitória injusta caísse dos céus. O bom dos pontos corridos é que a justiça vem a galope, resta menos espaço para chororô de arbitragem e cabe cobrar apenas do próprio clube. Ainda bem que eu sou Cruzeirão cabuloso!
Fotos de Alexandre Guzanshe/EM/DA press
Em colaboração com o Coletivo Maria Tostão
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