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09.04.2018

Postado por Raisa Rocha

Oito anos

Brasil de Pelotas 0 x 3 Grêmio – Final do Campeonato Gaúcho 2018

018 Grêmio - Ducker13

Que o futebol imita a vida, já sabemos. Para o bem e para o mal, na solidariedade e na boçalidade. O que também é verdade é que para a torcedora e o torcedor fanáticos a vida mundana se confunde com o estado de saúde do nosso time. O sucesso pessoal no amor, na vida profissional, nas relações sociais e de família podem e são ofuscados se o nosso time não repete as mesmas vitórias. O contrário também vale; para aqueles períodos de longo inferno astral que todos encaramos, nada mais eficiente que o futebol para amenizar o amargo da vida.

E qual a relação disto com a conquista do Campeonato Gaúcho pelo Grêmio na tarde de ontem, 8 anos depois? Tem a ver que também há 8 anos eu saí do Rio Grande do Sul. Parti para explorar novos mundos, realizar sonhos e travar batalhas longe do colo da minha família, do meu céu azul, do meu sotaque, dos meus costumes e, uma das partes mais dolorosas, fui viver minha vida longe do meu Grêmio.

Não deixei de assistir a todos os jogos, mas a rotina de arquibancada foi reduzida. Troquei o conforto de jogar em casa por uma vida de visitante. Sol na cara, falta de banheiros, chuva sem um m² para se cobrir, viagens longas, altos custos, espera longa para sair do estádio, ameaças… Não é fácil ser torcedora visitante, mas tudo bem, tive minha recompensa em 2016 ao buscar a Copa do Brasil no Mineirão, por exemplo.

Bem, voltemos ao conto dos 8 anos…

Em 2010, no final de março eu me ia. No começo de maio, o Grêmio era campeão estadual num GREnal – o formato da competição daquele ano lembrava o do campeonato carioca, com a diferença de que os campeões dos turnos se encontravam em final definitiva. Numa típica ironia do destino, bem a calhar com nossa tradição e rivalidade histórica, o Grêmio levantou a Taça Fernando Carvalho, contra o Novo Hamburgo, enquanto o Inter fez as honras de erguer a Taça Fábio Koff, em decisão contra o Pelotas. No encontro derradeiro, vencemos no Beira-Rio por 0x2 e perdemos de 0x1 no Olímpico Monumental, onde Victor levantou aquela taça. Depois disso, entramos num “nunca mais”.

De 2010 a 2018 não fui só eu que me mudei, mas também o regime político do Brasil, atualmente em exceção, até a nossa casa. Nos despedimos do Olímpico e mudamos inclusive de bairro: o Grêmio agora mora numa Arena no Humaitá e, desde então, só uma coisa não mudou e não mudará: a minha promessa de que iria estar em todos os títulos que o Grêmio ganhasse a partir dali.

E assim se fez. Busquei a Copa do Brasil em Minas Gerais e em Porto Alegre, naquelas noites de lágrimas, alívio e êxtase, a quebra do vácuo que nos engoliu pela obra do retorno do Rei de Copas.

Cerca de um ano depois, lá estava eu e minha aposta sendo testadas: primeiro em Porto Alegre, atrás da goleira onde Cícero fez aquele gol libertador e depois em Lanús, pedindo pra que simplesmente “Vem Fernandinho, vem Fernandinho. Toca pro Luan, não toca, vai Fernandinho!”.

Na sequência, a reiteração do que todos já sabíamos e lá eu outra vez: em Porto Alegre se coroou o #DonoDaAmérica via Recopa e pelas mãos de Marcelo Grohe.

E neste domingo, outro momento com o Grêmio aonde o Grêmio estiver: em Pelotas, com a causa ganha, numa tarde de absoluta alegria e orgulho de ser do Grêmio quando praticamente nada estava em jogo nos 90 minutos em campo. E não estava mesmo. O Brasil de Pelotas pode ter sido bravo e merecedor de disputar a final, mas sem qualquer chance de vencer o Grêmio. Um tricolor seguro, absoluto, maduro, tranquilo e infinitamente superior administrou sem riscos e nos últimos 10 minutos meteu três gols. Placar final de 7×0!

018 Grêmio - Ducker10

Foi exatamente para isso que fomos em cerca de 700 gremistas à Pelotas e ao Bento Freitas: para rir, para ser feliz, para cantar até nos mandarem embora gozando da alegria que é viver pelas três cores. Foi este o espírito na viagem, na concentração, na uma hora de caminhada abaixo de muito sol até o estádio e nas arquibancadas móveis. Sorrisos, um transbordo de amor e orgulho. Levantamos mais uma, o Grêmio é o Rei de Copas do Brasil, o maior time da América inteira e o melhor do estado do Rio Grande do Sul.

Pra completar, o fico de Renato. Aos gremistas de pouca fé, um recado: eu avisei que ele não sairia, não agora.

018 Grêmio - Jefferson Botega Ag. RBS5a

Parabéns ao Grêmio e a sua gente. Até logo, hora de fechar todas e ser o Campeão Brasileiro de 2018. Enquanto isso, vou tratando de administrar minhas economias para os Emirados Árabes em dezembro. Aceito doações, algo me diz que quebrar promessas é coisa que não se faz.

 

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