13.05.2018
Postado por Raisa Rocha
Grêmio 0 x 0 Internacional – R05 Campeonato Brasileiro 2018
Na tarde em que nos despedimos oficialmente do eterno e infinito Fábio Koff, não saiu do zero o clássico. Empate intragável de tão amargo.
Frustrante e até revoltante pros gremistas. Já pros colorados, de alívio e também contentamento. Pode isso? Pode, cada um com seus problemas e suas possibilidades. Mas, se eu fosse colorada, o que graças às Deusas e à minha mãe não sou, estaria morta de ódio e de vergonha por ver meu time jogando como tem feito atualmente – como um time de segunda divisão, como bem disse Renato.
Jogou pouco, jogou muito pouco o Internacional, assistiu o Grêmio ter 77% de posse de bola e durante o segundo tempo não conseguiu passar da linha do meio de campo. O Grêmio trocou 363 passes (348 certos e 15 errados) contra míseros 92 passes do Inter (69 certos e 23 errados) que, pra completar, ainda teve a arbitragem ao seu lado, privando os gremistas de dois pênaltis claros, além de um terceiro lance bastante duvidoso.
Nos faltou efetividade e criação, o colorado conseguiu marcar, fechar e impedir o último toque de qualidade. Com o lado direito desfigurado sem Ramiro e sem Léo Moura, sentimos falta de mais apuro técnico e também tático para as triangulações, visto que tanto Alisson quanto Madson são jogadores mais explosivos e que vão para cima, sem tanto o cacoete de parar o jogo e rodar a bola. Porém, pasmem, foi a falta de Jael a que eu mais senti.
Jael entende muito melhor o time e não tem o egoísmo de ser o único a marcar, joga pelo coletivo e não à toa é um dos líderes de assistências no ano. André tem muito mais mentalidade de “matador” e isso tem atrapalhado o time. Fincado como o último jogador e esperando a bola pra matar, deixou o Grêmio como que com um a menos porque não participa do pivô e da construção das jogadas. Para agravar, perdeu a grande chance do jogo e uma das únicas reais do Grêmio, quando dentro da pequena área recebeu passe pronto de Luan e bateu forte e por cima.
As polêmicas pós-jogo são muitas, como geralmente acontece. Vamos a elas.
Arbitragem
Wilton Pereira Sampaio, que pelo o que consta é árbitro FIFA, de Copa do Mundo e blá blá blá fez um estrago na tarde de ontem. Perdido, não soube se impor e deixou que os jogadores cuidassem da partida. Falhou miseravelmente no seu papel de intermediador e se mostrou confuso nas marcações. Sem critério, apontava falta pra um lado, mas não para o outro. Por medo, por mal posicionamento ou pelas duas coisas, negou ao Grêmio dois pênaltis claros. Cartões? Demorou e permitiu que a retranca colorada prevalecesse na base da força e da cera. Pra fechar, se isentou de dar nomes aos bois na súmula. Explico no próximo ponto.
D’Alessandro
Antes do jogo começar, sua coxa direita acusou o golpe ao pular da barca às pressas. Viu o duelo do banco de reservas, mas, como precisa chamar a atenção para si, no final da partida entrou em campo, se intrometeu e agrediu Luan com um soco. Um soco!
Nós já bem conhecemos a figura, que durante a semana foi chamado de “sujo” nos meios de comunicação do centro do país após ter feito o mesmo, ou seja, por também agredir jogador adversário – Lucas Paquetá, em jogo contra o Flamengo, pelo Brasileirão no domingo passado.
Descontrolado e desleal, o argentino extrapola. É reincidente em ato, mas não em sentença, visto que sua pequenez de espírito atua em momentos onde a arbitragem não capta os lances. Está na hora de uma medida ser tomada contra esse jogador.
Entrevista do Renato
Melhores do que as minhas palavras são as dele, portanto deixo o vídeo para quem quiser rever. Disse alguma mentira? Sabemos que não.
Resposta do Inter
Aqui o Inter foi grande. Não comprou briga, assumiu a sua condição e foi sereno para tratar das declarações que o atingem diretamente. Tentando reagir, tanto o treinador quanto dirigente lembraram que em outros momentos Renato usou da mesma estratégia para montar seus times. E é verdade. Aqui mesmo, no Grêmio, em 2013, quando jogava com três volantes em campo e por uma bola. A diferença é que nós ficamos em segundo lugar, atrás do campeão Cruzeiro, e o Inter joga com as calças na mão para não cair.
Sinalizador
Nos instantes finais, um torcedor gremista lançou ao campo um sinalizador aceso. O artefato não atingiu nenhum atleta e foi citado na súmula. Prontamente o cidadão foi identificado e agredido por torcedores gremistas, sabendo que o ato colocaria e colocará novamente o Grêmio em julgamento, o que possivelmente recairá sobre nova punição para a torcida.
Identificado, foi retirado de campo pelos seguranças que o protegeram de mais socos e logo encaminhado ao Jecrim, de onde saiu punido com 15 jogos de suspensão. O que eu acho? Que não devemos comemorar imagens como a que segue.
Já bem acostumados às constantes punições ao Grêmio e às suas torcidas, é compreensível a atitude repressora (tanto a que desferiu socos quanto à das redes sociais), mas devemos lembrar que nosso inimigo é outro: as constantes campanhas endossadas por parte da mídia e dos clubes que criminalizam o torcedor de futebol.
A mesma sociedade que devaneia com porte de armas, intervenção militar e pena de morte é aquela garante que todo o torcedor (organizado) é bandido e que devem ser limpados dos estádios. É hora de ligar os pontos e entender que os problemas éticos e de percepção que tem arrasado o país também estão dentro dos estádios.
Sim, foi uma atitude no mínimo imatura. Ele errou e poderia ter ferido algum jogador. Sim, sabemos que qualquer ação vinda das arquibancadas pune o clube. Mas é bom lembrar que estamos perdendo essa luta e precisamos nos unir em prol da volta do direito de torcer. Medidas educativas dos clubes e da mídia, por exemplo, garantiriam a permanência da festa e sem riscos. Quando estes episódios são resolvidos dessa maneira, só fazem encravar no inconsciente coletivo que a culpa é mesmo do torcedor e que lugar de marginal é na cadeia. Queremos liberdade para torcer ou não?
Segue o jogo, nada abalou as estruturas tricolores e ainda estamos mais fortes. O que posso garantir é que mais vezes acontecerá de jogarmos muito e apenas empatar. Acontecia em 2015 com Roger, aconteceu em 2016, aconteceu em 2017, já mais de uma vez em 2018 e irá suceder mais vezes. É no Brasileiro que podemos deixar pontos pelo caminho, é no Brasileiro que o adversário pode vir totalmente para não jogar e não perder e sair feliz com um ponto. Em nada muda o plano traçado, inclusive já poupamos em plena Copa do Brasil!
Terça-feira tem Libertadores, contra o Monagas, na Venezuela. Temos apenas 5 titulares no grupo que já viajou: Grohe, Geromel, Kannemann, Cortez e Ramiro, acompanhados de Alisson, Bressan, Bruno Grassi, Cícero, Jaílson, Leonardo Gomes, Lima, Madson, Maicosuel, Marcelo Oliveira, Michel, Paulo Victor, Thaciano, Thonny Anderson.
Me agrada saber que no setor defensivo estaremos resguardados, visto que do meio pra frente muitas mudanças virão. A vitória é muito possível.
Depois, de volta ao Brasileirão, domingo enfrentaremos o Paraná, na casa deles. Lanterna da competição, provavelmente teremos os titulares da defesa preservados, com o equilíbrio de retornos no meio e no ataque. Veremos, uma coisa de cada vez, está tudo sob controle.
Leia a versão colorada da partida
Foto de capa de Lucas Uebel/Grêmio FBPA
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