24.04.2017
Postado por Ana Clara Costa Amaral
Cruzeiro 2 x 0 América – Campeonato Mineiro
Foi o jogo do Denner, mas também tivemos a vitória bem trabalhada em um clássico contra o América! Em mais um jogo decisivo e partindo pro meio da temporada, o Cruzeiro prova que os motores já estão aquecidos. O ano de 2017 começou estranhamente apelativo – seja pelo novo formato da Copa do Brasil, seja por não estarmos disputando a Libertadores e sua lenta fase de grupos, quando assustamos o Cruzeiro já havia passado por 5 disputas eliminatórias. Por enquanto não há sinais do estilo de jogo mais característico de nossa história – técnica, posse de bola, dribles…, Mas temos, de marcante, o fator copeiro aliado a um técnico e elenco que parecem levar muito a sério cada meta. Isso foi bastante claro no jogo contra o São Paulo, quando podíamos perder por um gol de diferença e exercemos nosso direito à exaustão.
Ontem, diante do América, o empate era o suficiente para a classificação à final e, por alguns minutos, o time pareceu disposto a exercer a cidadania “manomenezista”. Depois de anos vendo o futebol arte levar à frustração, sabemos que o futebol no final das contas se define é naquele “detalhe” do gol, e nisso estamos nos especializando. Quando não pelas mãos de Rafael, pelas mãos das deusas: a bola de Renan Oliveira, livre, aos 18min do primeiro tempo, explodiu na trave. Em outros anos ela bateria no calcanhar do goleiro e entraria. Em 2017 ela passou graciosamente por trás de Rafael e seguiu rente à linha até sair. O América ainda jogava melhor quando Sóbis, sempre bem pela esquerda, tocou para Diogo Barbosa cruzar rasteiro da linha de fundo. Ele sabia o que estava fazendo, mas houve uma pequena colaboração da zaga do Mequinha para que a bola chegasse até Arrascaeta. Ele só empurrou para as redes.
Depois dos primeiros 30 minutos de jogo, a aflição foi-se embora e avoou, pudemos acreditar que nem sempre, só quase sempre, os jogos serão sofridos. O América pouca chance teve – apenas um desvio de cabeça para mais uma defesa plástica de Rafael. No fim do segundo tempo, só para tirar o doce da boca dos corneteiros, o time ampliou após jogada de raça e habilidade de Hudson no ataque. Coube a Arrascaeta somente empurrar, de novo. 2 a 0.
E assim, nas “sortes” que levamos, sempre que alguém se lesiona tem surgido uma nova peça fundamental ao time. Machucou Fábio, surgiu um grande Rafael. Machucou Henrique, surgiu um incontestável Hudson. Aquele mesmo, que veio pra compor elenco, ser um segundo reserva ou algo assim. Machucou Robinho, Thiago Neves tornou-se o articulador. Foi diferente, mas lembrou um pouco o contexto da declaração de Rogério Ceni, após a derrota no Morumbi: o que o Cruzeiro fez para ganhar? Uai, que continuem sem entender até o fim do ano… e amém.
DENNER
Mas, vamos ao que interessa nessa partida: a paixão! Sim, o menino Denner esteve no Mineirão. Descoberto há alguns dias por um morador de Pitangui vestindo a camisa do Cruzeiro feita pelo próprio, o menino trouxe pra gente um sentimento que muitos têm esquecido nos últimos anos de gourmetização do futebol: a paixão e o improviso, marca do futebol brasileiro. O menino de 12 anos, de uma família de poucas possibilidades financeiras, desenhava a mão em camisas o manto do Cruzeiro. O talento e o amor pelo Cruzeiro aproximavam o garoto de qualquer uniforme que custa hoje não menos que 160 golpinhos. O morador mobilizou os cruzeirenses e torcida organizada da cidade que fizeram o sonho do menino acontecer. A canetinha dava a cor e esperança de que o futebol moderno não conseguiu matar, traz esperança de que ainda pode-se sobreviver à capitalização dos sentimentos! Menino Denner, obrigada por tudo!
Por Ana Clara Amaral e Cristina Guimarães, do Coletivo RAP Feministas
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