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18.09.2017

Postado por Mariana Moretti

Aqui é trabalho

Vitória 1 x 2 São Paulo – R24 Campeonato Brasileiro 2017

“Aqui é trabalho”, já dizia Muricy Ramalho! E por falar nele, como estamos precisando de seu auxílio no Tricolor, ainda que informal, ainda que no momento que eu gostaria de denominar como a zona da “quase degola”. “Quase degola” porque o São Paulo vai precisar prontamente de um patrocínio de plano médico que a torcida possa usufruir, com amplo atendimento nos domingos pós-jogo, curando gastrites nervosas, crises de ansiedade, tremedeiras e palpitações. Poderia chamar de “Sócio Sofredor”.

Chegando no hospital filiado ao clube, nos perguntariam: “O que você tem?” e nós responderíamos: “sinto queimação no estômago a cada passe do Petros”. Ou ainda, o médico, após a consulta, nos recomendaria: “a cada jogo fora de casa, procure se hidratar de forma adequada, no mínimo um litrão de cerveja (pode ser da genérica mais barata), dividido com sabedoria entre o primeiro e segundo tempo”.  Melhor ainda, haveria uma medicação específica apenas para os minutos finais de cada jogo, quando o São Paulo fica mais vulnerável a levar gols, como provam as estatísticas. Na despedida da consulta, ele nos diria: “parabéns, seu coração é forte!”. E voltaríamos para casa renovados até o próximo jogo. Mas só até o próximo.

Brincadeiras à parte, a zona da “quase degola” tem causado danos à saúde da torcida porque nunca sabemos se o Tricolor vai ou não vai sair desse limbo, contribuindo para aumentar nossa ansiedade a cada rodada. Isso porque, quando parece que a coisa engrena, aí vem um banho de água fria que nos faz escorregar nos pontos e blasfemar contra a maior vilã desse campeonato – a matemática. Por esse motivo, eu vou segurar esse grito engasgado de “agora vai!” e esperar mais alguns jogos, em especial o nosso próximo. Mas seguir acreditando, desistir jamais. Aliás, o dia que o São Paulo desistir, eu não quero sorrir nunca mais.

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Pratto e Cueva, provavelmente o melhor em campo, foram decisivos na vitória do São Paulo, parecendo mais inspirados a cada lance e participando de jogadas importantes que resultaram nos dois gols do Tricolor. Hernanes realizou passes certeiros e enfiadas de bola que impulsionaram o time adiante, mais precisamente para dentro da grande área. Novamente, como em outros textos, ressalto a importância do Profeta em sua volta ao São Paulo. É nítido como sua liderança dentro de campo traz criatividade ao jogo deixando-o mais dinâmico e bonito aos olhos da torcida. Devo confessar, nesses tempos sombrios do Soberano, agora denominado Clube da Fé, cada passe certo é digno de comemoração. Éder Militão fez seu primeiro gol e esperamos que outros jogadores também se sintam inspirados a fazer o mesmo, diminuindo essa dependência que temos de Cueva. Também agradecemos a ajuda de Fillipe Souto, aos 36’ do segundo tempo, ao desviar a cobrança de escanteio do peruano. Na situação que estamos, toda ajuda é bem vinda.

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Rodrigo Caio também buscou fazer o seu, lembrando a época áurea do Tricolor, em que zagueiro alto na área era sinônimo de gol. Uma pena que não balançou as redes do Barradão com a boa cabeceada, que é sua marca registrada no ataque. Sidão fez uma grande partida, com defesas seguras: espalmadas, socos e telepatia também tiveram seu valor. Das duas, uma: ou a mandinga da camisa 1 expirou ou finalmente o grito dos milhares de são-paulinos quando a bola chega na grande área (sai, zica!) esteja surtindo efeito! O gol do Vitória no final do segundo tempo foi para consolidar que, esse ano, não tem jogo fácil e que o Sócio Sofredor tem que ser o novo empreendimento do time do Morumbi.

Respiro é a palavra que tem definido as vitórias do São Paulo. Contudo, respiro só se for para os outros. Nós seguimos na apreensão, segurando a respiração a cada passe, cada virada de bola, cada escanteio cobrado. Olhos atentos, coração palpitante. E assim será até o final do campeonato. Porque aqui, meus filhos, não tem esse negócio de sorte. Aqui é trabalho, já dizia o filósofo.

 

Fotos de Rubens Chiri/SPFC

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