15.11.2017
Postado por Colaboradoras
Oeste 0 x 0 Internacional – R36 Campeonato Brasileiro Série B 2017
Em frente aos portões do inferno, Dante e Virgílio são recebidos com uma mensagem não muito animadora: “Deixai toda a esperança, ó vós que entrais”. Acho que essa deveria ser a mensagem na porta do vestiário do Inter após empatar com o Fluminense por 1 X 1 naquele fatídico domingo de 2016 e adentrar ao Inferno da Série B pela primeira vez em sua história.
Como torcedora apaixonada e inveterada, imaginei que passaria rápido, que seria um breve pesadelo e que com certa antecedência estaríamos de volta ao purgatório da Série A. Mas tratando-se de Sport Clube Internacional o obvio ululante nunca é válido, afinal o que esperar de um time que já ganhou do Barcelona com gol do Guabiru e perdeu para o Mazambe com direito à dancinha vexatória do goleiro adversário? O Colorado foi seguindo entre tropeços e alguns raros momentos de tranquilidade o enfadonho círculo das trevas para o grupo de acesso à elite do futebol nacional.
Cometendo todos os erros da malícia, da incontinência e da bestialidade, o Inter apresentou a soberba de um time que chega a ter sete vezes o valor de investimento dos demais times da segunda divisão e mostrou um futebol melancólico nesses 338 dias de calvário futebolístico. Foram três treinadores do apocalipse nessa temporada: Zago, Guto Ferreira e o interino – que profeticamente crava em seu nome o significado bretão de homem do inferno – Odair Hellmann. Um total de 44 jogadores dispensados e mais de 15 contratados para a façanha de voltar a disputar o nacional. E assim, o torcedor colorado mergulhou tal qual um Dante em uma selva de lama e lágrimas à procura de sua Beatriz: o G4 da Série B.
Para chegar ao número cabalístico de 65 pontos foram necessárias 18 vitórias, 11 empates e 7 derrotas. O acesso para a A fez jus à campanha colorada: um lazarento 0 x 0 contra o Oeste em um estádio jogado às moscas em Barueri. Não nos foi oferecido um duelo de gladiadores, uma gota de sangue, uma agônica batalha de homens aflitos para os torcedores que fizeram jus à sua sina, apoiando o time sempre que solicitados. Não, não houve um mísero derramamento de sangue, suor e lágrimas, tudo seguiu apático tal qual a campanha de 2017. Nenhum corpo caiu exaurido no chão após o apito final, nenhuma crise astênica, caibras, espasmos, nada. O Colorado jogou pelo empate. E maldito seja o time que joga pelo empate!
A temporada de 2017 demorou uma eternidade para acabar, ainda restam dois jogos para o Campeão de Tudo tentar sair com o título e não uma mísera colocação entre os quatro primeiros no grupo de acesso. O Colorado retorna para a primeira divisão com aquela reles esperança, pois o que seria dos torcedores se não fosse a esperança, de que essa tenha sido apenas uma fase ruim, uma estrada errada em mais de cem anos de história, o desejo que seja um Adeus Final e jamais um até breve. O Inter é grande, é gigante, voltes para onde nunca deverias ter saído.
Por Josie Rodrigues
Fotos de Ricardo Duarte
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