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27.01.2018

Postado por Mariana Moretti

O santo oco

Corinthians 2 x 1 São Paulo – R04 Campeonato Paulista 2018

E mais um Majestoso acaba reforçando as temerosas estatísticas que nos assombram: mais uma vez o São Paulo sucumbe diante do Corinthians. Além disso, elas não apenas confirmam quantos intentos fracassados já tivemos contra o time paulista nos últimos anos, mas também colocam em evidência algo que todos nós já sentíamos no fundo dos nossos corações, um sentimento chamado de “e lá vem tudo de novo”. O ano muda, as dificuldades permanecem.

O ano está só começando e não é cedo para questionamentos. Os precoces desafios de 2018 são velhos conhecidos da torcida são paulina, benvindos à bola de neve que aumenta a cada partida e que a alta cúpula faz vista grossa até sermos esmagados por ela; esse ano não temos Hernanes nem Pratto e, ao que tudo indica, a cuevadependência (termo de minha colega Jéssica Gomes) está em vias de expirar. Ainda bem que nos resta a torcida apaixonada.

Marcello Zambrana/AGIF

Marcello Zambrana/AGIF

O clássico de hoje no Pacaembu não deixou dúvidas em relação a algumas constatações. Logo ao primeiro minuto de partida, Jadson abriu o placar aproveitando o erro crasso da defesa tricolor composta por Didi, Dedé e Mussum. Os trapalhões da zaga abriram a partida antecipando a defesa tragicômica que perdurou por todo o jogo. Um time que já teve Fabão, Lugano e Edcarlos merecia mais que uma linha pouco entrosada e facilmente penetrável. Só nos resta, além de levar as mãos à cabeça e reclamar, torcer pela recuperação de Arboleda pra ver se pelo menos a sua volta é capaz de resgatar a tradicional raça que nosso time um dia teve.

A falta de uma figura de liderança nos gramados é evidente. Petros não tem perfil de líder e isso ficou claro durante todo o jogo, no qual recebeu a braçadeira de capitão. A equipe clama por uma figura que represente as três cores, alguém que seja um porto seguro e possa liderar à vitória, tendo em vista que logo nos primeiros minutos nosso psicológico já foi testado. É preciso manter-se são e, para isso, uma imagem forte é essencial, sobretudo para os garotos da base, que já estão sendo extremamente cobrados nesse complicado cenário.

Reforcei minha confiança em Brenner e Shaylon em textos anteriores, e hoje, ambos não deixaram dúvidas quanto ao potencial que têm. Shaylon, em uma ótima batida, carimbou a trave de Cássio mostrando que o São Paulo tem, sim, uma molecada talentosa. Brenner aproveitou bem o cruzamento de Militão aos 25′ e meteu pro fundo da rede, fazendo o gol de honra. Uma pena que a nossa alta cúpula, em questão de um piscar de olhos, vai colocar os dois rumo ao Velho Continente e ficaremos nós aqui, a ver navios, como de praxe. Hoje, não tenho motivos para falso otimismo, a realidade é nua e crua, e, quando a defesa deixa a desejar dessa maneira, vale o ditado sobre a importância do ataque. Falo do ataque da molecada “made in Cotia” porque Diego Souza parece que esteve no Pacaembu, mas ninguém sabe dizer onde, nem quando.

Não costumo compartilhar uma visão amarga sobre meu Tricolor, mas me parece mais honesto prestarmos atenção aos fatos que nos perseguem. Os jogadores desentrosados, a falta de líderes e ídolos, um técnico pouco ousado não são o real problema, mas a ponta do iceberg. O São Paulo, hoje, é um santo oco, uma imagem barganhada entre comerciantes, e, caso quebre, podemos ver o quanto de dinheiro é escondido dentro. Somos torcedores e não clientes de uma empresa. Acorda, Tricolor! Raí não é o novo Ceni, chega de usurparem nossos ídolos como testa de ferro. A torcida está farta de trapalhadas. E o bicho vai pegar!

 Leia a versão corintiana da partida

 

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