Grêmio, Libertadores da América
03.10.2018
Postado por Raisa Rocha
Estavam com saudades? Eu também. Nestas longas semanas vivi com calma, observando, consciente de que há muitos que não sabem o que dizem. E ele, ahh ele… Ele ama uma Copa Libertadores, ama um mata-mata, ama ainda mais um estádio lotado, ama o Grêmio e ama você, torcedor incrédulo. Perdoai-vos, Rei da América, perdoai-vos, Luan!
Há mais ou menos 10 dias, no 23 de setembro, na Arena contra o organizado e bravo Ceará o camisa 7 do Grêmio retomou o protagonismo no time tricolor. Coisa que, a bem da verdade, nunca deixou de ter. Naquela tarde de domingo foi vaiado, ouviu pergunta maliciosa, respondeu ao entrevistador com firmeza e cabeça ereta, respondeu com golaço de falta que selou a vitória numa tarde de virada eletrizante.
E ontem, na Libertadores, firmado na nova velha posição de falso 9 e com parceiros à altura, Luan jogou solto, em todas, e voltou a ser o dono do Grêmio.
O que quero debater aqui é que não era só o guri, o tricolor também precisava se desvencilhar de si mesmo, se libertar de velhos vícios para voltar a ser o time letal e decisivo que nasceu para ser. Pelas mãos do destino e de Renato, a hora e a vez das mudanças táticas e técnicas urgentes chegou após a eliminação da Copa do Brasil e derrota no GREnal. Escolhi os seguintes pontos fundamentais desta guinada:
– A “má fase” de Luan foi diretamente proporcional à presença insistente de André no time titular. O jogador vindo do Sport não consegue se desfincar da área e nem por reza encaixa no esquema tricolor. Praticamente estático em campo e de raros acertos, prende o jogo do craque gremista proibindo suas flutuação na última faixa de campo. O camisa 90 era como que um a menos em campo, esperando uma grande enfiada sem conseguir se incluir nas trocas rápidas de bola e direção de jogo que o tricolor gosta de imprimir.
– Com a saída de André, Jael não desperdiçou e Luan já dava novos sinais. Ao contrário do concorrente, a sintonia e sincronia do Cruel com a equipe é espetacular. O matador entende toda a mecânica do time e passa, dribla, faz pivô, dá assistências, marca, briga, se desloca, abre espaços para Luan ocupar e faz crescer a dinâmica do setor. Porém, uma lesão no joelho o deixaria algumas rodadas fora de combate.
– Paralelamente, enquanto em 2018 a esquerda vai bem e obrigada pela genialidade de Everton, a direita tricolor penou. Tem sido gritante a dificuldade de Ramiro em progredir em campo e auxiliar nas variações de ritmo e posição da equipe. Com o setor congelado e sem criatividade para surpreender os adversários sempre fechados, Luan seguia buscando a bola lá atrás e tentando pensar o jogo com as possibilidades reduzidas da equipe.
– Ainda falando em lado direito, a saída de Edílson levou meses para ser finalmente sublimada pela dupla de Leonardos (oras o Moura, oras o Gomes), sem mais para Madson. Porém, foi dessa perda que ganhamos o grande presente do ano: Alisson. Esperto, jovem, como se fosse gremista desde pequenino, a solução técnica e tática do lado direito e por todo o ataque. Com gols decisivos e intensa participação em triunfos desde o início da temporada, o amuleto tricolor voltou de lesão voando e sobra na dupla com Luan, colocando a joia Pepê no banco de espera.
Com as taças do Brasileiro e da América começando a reluzir no horizonte futuro, o Grêmio se reinventa e chega no ápice da temporada na sua melhor versão do ano. E ainda podendo optar entre esquemas graças ao elenco forte e de reposições de qualidade. E olha que as primeiras funções do meio de campo ainda precisam se definir entre Maicon, Cícero, Ramiro, Kaio, Thaciano, Matheus Henrique e, em breve, também Michel…
Foto de capa: Eitan Abramovich/AFP
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