08.02.2017
Postado por Renata Figueira de Mello
Há uma semana já treinando no time de futebol Paris Saint Germain, na França, Formiga tenta se adaptar ao clima, ao esquema tático do técnico Patrice Lair, ao francês falado por toda parte e talvez por isso ainda não tenha arranjado muito tempo para dar notícias às amigas e principalmente à imprensa. Seu grande amparo no time é a atacante Cristiane Rozeira, colega de seleção brasileira e grande destaque do PSG. Ela já está no time desde 2015 e tem colhido grandes resultados. Na temporada passada, Cristiane marcou 23 gols em 31 jogos pelo Campeonato Francês, Copa da França e na Liga dos Campeões. Nada como ter uma amiga dessas por perto, falando a mesma língua e passando os macetes do esquema de jogo adotado por lá.
Formiga está muito impressionada com a estrutura do clube, acomodações e tudo o mais, mas sobretudo com a superioridade do time nos jogos que já assistiu do banco. Assim que chegou, já teve a boa notícia de que a equipe tinha acabado de se classificar para as oitavas de final da Copa da França, com uma goleada de 5 a zero sobre o Arras, pela terceira e última fase classificatória. O PSG também é o líder isolado do Campeonato Francês, com 36 pontos (12 vitórias e uma derrota), 3 à frente do grande rival Lyon, que tem um jogo a menos e portanto também está quase lá.
Foi exatamente para quebrar a invencibilidade do Lyon no francês – há 10 anos consecutivos campeão nacional – que Formiga foi chamada pelo Diretor Esportivo do Clube, Olivier Letang. Ele acredita que o PSG está com um elenco capaz de alcançar este feito em 2017 e conta agora com a experiência da volante para coordenar as jogadoras mais jovens e trazer um maior equilíbrio ao grupo. Letang sempre lembra à imprensa francesa que “os títulos internacionais de Formiga falam por si”.
O currículo realmente impressiona: Aos 38 anos, Formiga é reverenciada como ídolo de muitas atletas, a eterna camisa 8 do Brasil lidera nos números e determinação. É a única jogadora a ter participado de todas as competições de futebol feminino nas Olimpíadas (Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016). São 21 anos de atuação na Seleção (sua estreia foi em 1995), pela qual foi tricampeã do Pan-Americano (2003, 2007 e 2015), campeã Sul-Americana em 2010 e 2014 e também conquistou duas medalhas de prata nas Olimpíadas de 2004 e 2008, além do vice-campeonato Mundial em 2007. Além de ser tricampeã da Copa Libertadores (2011, 2013 e 2014).
Claro que tudo isso não vem escrito no passaporte, mas o que a França não sabia, Letang fez questão de informar. E assim, apesar de ser uma “formiguinha” na multidão parisiense, a nossa super Formiga já se sente bem recebida e reconhecida pelo o que já conquistou. Afinal, a aposentadoria da Seleção, numa despedida que causou muito choro no Torneio de Manaus, onde ela brilhou mais uma vez, abre novas possibilidades para ela dividir o muito que sabe mundo afora e viver talvez o que tenha aberto mão de arriscar enquanto se dedicava 100% ao futebol do país.
As poucas amigas do Brasil com quem ela tem trocado poucas mensagens desde que chegou me disseram que ela está feliz e bem impressionada. Assistiu Cristiane arrebentar no ataque nas partidas contra o Saint-Etienne (6X0, com dois gols da Cris, no dia 1º, quarta-feira passada) e contra o Rodez (3X0, o último gol marcado por Cristiane, dia 05/02, domingo) – os dois jogos pelo Campeonato Francês, fora de casa. Pegar um time assim, no embalo, é motivador, mas por outro lado exige um ritmo que ela ainda não estava preparada para retomar tão cedo. Os treinos continuam e a próxima partida pelo Francês é em casa, neste próximo domingo, 12, contra o Saint-Etienne. Talvez ela seja ainda poupada e estreie na partida contra o Tours, pelas oitavas de final da Copa da França, dia 19/02 no Stade de la Vallée du Cher. Em março já começam os jogos da Liga de Campeões da UEFA, em quartas-de-final.
O contrato inicial de Formiga vai até 30/06 e dependendo dos resultados obtidos, pode ser ou não ser renovado. Daqui fica a nossa torcida pela veterana e que sua estada em Paris seja vitoriosa como tem sido toda a sua carreira até aqui. Jogar com uma camisa de dois dígitos (24) vai ser novidade pra ela, mas a “Fú”, como as amigas a chamam, não se intimida e parte pra cima, com a mesma responsabilidade de sempre.
Por Renata Figueira de Mello