09.11.2017
Postado por Ana Clara Costa Amaral
Flamengo 2 x 0 Cruzeiro – R33 Campeonato Brasileiro 2017
O reencontro entre Cruzeiro e Flamengo foi irreconhecível. Da duplinha que há pouco mais de mês atraía a inveja de todo o Brasil, apenas o Urubu compareceu para um voo solo.
Do lado do Cruzeiro, já esperávamos uma partida abaixo da última apresentação, contra o Atlético-PR, devido às ausências certas de Arrascaeta e Rafinha, fundamentais para a transição do time.
Além disso, tinha Rafa Marques, escalado como titular no nosso “ataque”, contrariando todas as nossas preces. A expectativa, rebaixada um pouco mais, era por um Cruzeiro reativo, briguento e feio, jogando com 10.
Doce ilusão torcedora. A vida é muito pior! No Luso-Brasileiro, jogamos com dois: Fábio e Murilo. Lampejos de Diogo Barbosa e Thiago Neves, se chamarmos por lampejos passes de dois metros e o único chute a gol celeste da partida vir do meio da praça e cuja bola moribunda quase não teve forças para aterrissar tranquilamente nos braços de Diego Alves, no meio do gol.
O time começou acuado, pressionado por um Flamengo que tinha toda a posse da bola. Quando recuperava a bola, a zaga invariavelmente bicudava pra frente. Aliás, Murilo bicudava pra frente. Manoel parecia disposto a manter a bola perto do gol cruzeirense, de preferência nos pés de Fábio.
Henrique caminhava em campo e errava tudo o que não fosse um passe de lado. Seu parceiro na volância, Lucas Romero, era mais inteiro na marcação, mas também errava passes com uma facilidade incrível. Thiago Neves e Robinho nulos, batendo cabeça com os laterais. Diogo Barbosa fez a pior partida do ano.
Ezequiel esteve como de costume, o que não altera o cenário desanimador.
No ataque, Alisson e Rafa Marques incomunicáveis. O centroavante não encostou na bola, enquanto que Alisson, um dos mais participativos, só conseguia se isolar com a bola no canto esquerdo, inofensivo, à espera do desarme. As tomadas de decisão pareciam alheias ao jogo.
O primeiro tempo acabou 1 a 0 para os cariocas e saiu barato, apesar de não terem criado tantas chances claras, o Flamengo teve o mérito de uma marcação alta e coesa, facilitada pela nossa inoperância e qualidade dos passes.
No segundo tempo, Mano voltou com Rafael Sóbis (Rafa Marques) e explicou para os repórteres da TV que a entrada do jogador, que vinha sendo vaiado e retirado das convocações para não comprometer sua imagem, era pra ver se o time jogava uma vírgula.
Precisa dizer mais alguma coisa?
E o pior é que de fato entrou melhor e conseguiu segurar mais a bola, o que torna a opção por Rafa Marques mais incompreensível. Entraram ainda Élber e Jonata, que pouco participaram. Messidoro acompanhou tudo do banco de reservas.
Nos finalmentes, o Flamengo ampliou em contra-ataque estrelado por Henrique e Manoel; o primeiro marcava com os olhos e o segundo “tirou” a bola da área com assistência para Vinícius Júnior.
Foi tão individualmente bizarro que não dá pra levar a sério. Por tudo o que já demonstraram nosso meio de campo, zaga e Diogo Barbosa, convém “desver” a partida, que devia estar mais chata pra eles do que pra nós. A angústia com o futebol apresentado, e não foi pouca, durou 90 minutos. Com o apito final vamos supor que acabou a colônia de férias.
O que fica de lição de um dia completamente atípico, é só o que já martelávamos: Rafael Marques não dá. Já não dava antes, agora não deve restar margem para dúvidas. Não terá terra arrasada e nem cobrança pelo placar, até porque devemos celebrar mais um ano vitorioso na história do Cruzeiro. Mas a escalação do atacante é um acinte, um crime de honra.
Em respeito às torcedoras que vão subir a ladeira no domingo, no Mineirão, por aquele amor maluco e desinteressado que só o futebol proporciona, esperamos não ter que lidar com essa.
Leia a versão flamenguista da partida
Texto com colaboração do coletivo RAP Feministas
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